Nacionais
VIOLÊNCIA DOMESTICA
Mais de 50% dos homens brasileiros assumem já ter agredido companheira
Dar um tapa e xingar muitas vezes não é considerado violência. Por isso, o combate à violência contra a mulher no Brasil é complexo
Jornal Hoje - 04/12/2013

Pesquisa do Instituto Avon sobre violência doméstica mostra que 56% dos homens já tiveram alguma atitude violenta contra a companheira ou ex-companheira. Entre os entrevistados, 41% disseram que conhecem alguém que já foi violento.

O combate à violência contra a mulher no Brasil é complexo e depende, ainda, de um pré-requisito: o homem precisa entender que muito do que ele faz e acha normal, corriqueiro, é violência, sim.

Depois de dez anos de casamento, o mecânico, que não quer se identificar, brigou com a mulher. Ele desconfiou que o enteado estava usando drogas. Ela quis defender o filho. “A mãe achou que eu estava totalmente errado e veio para cima de mim. Inclusive ali, nós três terminamos se batendo, cara a cara”, relata.

Ele também ameaçou a mulher de morte e ela procurou a polícia. Agora, o marido está respondendo a processo e participando de terapias de grupo. “Pra mim foi uma ajuda. Tem que pensar duas vezes na hora de falar uma palavra e na hora de saber tratar a companheira dentro de casa. O casamento entrou nos eixos. Está tudo correto. Não tem nem algo errado”, afirma.

No estudo, feito com homens em todas as regiões do Brasil, 16% responderam que já foram violentos com a companheira ou ex-companheira. Porém, quando os pesquisadores listaram algumas atitudes, 56% disseram que sim, já fizeram isso com alguma companheira: xingaram, empurraram, ameaçaram, deram tapa, soco, impediram de sair de casa ou arremessaram algum objeto durante uma briga.

A grande maioria desses homens diz que já cometeu alguma dessas agressões mais de uma vez. Sessenta e nove por cento dos homens entrevistados não concordam que a mulher saia sozinha pra encontrar os amigos e 46% acham inaceitável que ela use roupas justas e decotadas.

O professor Sérgio Barbosa, coordenador do Coletivo Feminista, ONG contra a violência doméstica, diz que muitos homens ainda acham que os papéis da mulher são cuidar da casa e servir o marido e não aceitam ser contrariados. "Questionar esses valores machistas deflagra no homem um sentimento de frustação. Ele não percebe que aquela atitude de ameaça, de coibição, é uma atitude de violência", explica.

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