Saúde
SAÚDE
Instabilidade emocional pode ser a causa de adesão ao jogo “Baleia Azul”
Em Picos dois casos suspeitos foram registrados, adolescentes de 13 e 15 anos teriam tentado suicídio
Daniela Meneses - 10/05/2017
Imagem Ilustrativa
Jogo tem atraído grande número de pessoas em vários países

Baleia Azul, o jogo acontece no mundo online. Em um simples aparelho de celular, dentro de casa, jovens podem estar sendo aterrorizados. O game começou na Rússia, onde mais de cem pessoas faleceram. No entanto, ele já está no Brasil e teria feito vítimas.

Na região de Picos um caso chamou a atenção pela gravidade. Uma jovem de Campo Grande do Piauí, de apenas 14 anos, compartilhou fotos de partes do seu corpo mutilado. A equipe do Jornal o Povo entrou em contato com a mãe da adolescente, mas ela preferiu não gravar entrevista, argumentando que sua filha já estaria bastante fragilizada pela repercussão do caso. Ela se restringiu a dizer apenas que a jovem está recebendo atendimento psicológico e está bem.

De acordo com o presidente do Conselho Tutelar de Picos, Raimundo Nonato, há dois casos suspeitos no município, com adolescentes de 13 e 15 anos que teriam tentado suicídio. Entretanto, o órgão não registrou como um caso de “Baleia Azul”, por não ter ocorrido reincidências e outras ações ligadas ao jogo.

Para a psicóloga Graça Moura as redes sociais têm apresentado grande influência, principalmente, na vida de crianças e adolescentes. Ela afirma que é necessário uma grande atenção dos pais aos seus filhos.

(Graça Moura é referência em psicologia na região de Picos)

“Antes a gente tinha medo dos filhos estarem na rua, hoje os pais têm medo dos filhos ficarem no quarto, porque eles estão tendo acesso a todas as redes, a tudo que há de ruim. Eu não quero aqui demonizar as redes sociais, mas não tenho nenhuma dúvida que a internet tem muita coisa boa, mas tem muita coisa ruim também. Então os pais precisam fiscalizar um pouco mais, chegar junto dos filhos. É necessário estabelecer relações mais francas, mais abertas e mais saudáveis”, orienta.

A psicóloga alerta que o problema não é o jogo, especificamente, afirmando que mesmo que acabe a “Baleia Azul” podem surgir novos desafios que vão envolver pessoas vulneráveis. Ela fala que o distanciamento por parte dos pais, pode fragilizar emocionalmente os filhos.  

“Eu acredito que a educação está muito ligada à família. As primeiras e mais importantes lições que uma criança, adolescente aprende, é com os pais. É na família que as crianças aprendem sobre lei, sobre normas, regras, sobre coisas que estão ficando esquecidos, que é o limite.  As crianças precisam de limites. Tudo tem limite, tudo tem regras e a criança vai aprendendo com os pais [...]A vulnerabilidade existe, ela é real e não sei se a palavra seria pré-disposição, mas a certeza que eu tenho hoje, é que a criança, o adolescente ou adulto com o mínimo de equilíbrio, que sabe administrar essas circunstancias, quer viver e não morrer”.

Graça Moura coloca também que quando um pai está atento e mais próximo dos filhos, ele pode detectar possíveis sinais de que algo está errado.  A profissional de saúde mental fala que as pessoas que cometem suicídio sempre apresentam sinais, e alerta que qualquer indício de mudança de comportamento sem motivo aparente não deve ser ignorado.

 “Eu não posso simplificar, mas nós somos seres afetivos por natureza, todos nós gostamos de gostar, nós aprendemos a amar com os nossos pais desde muito cedo. As minhas palavras são de ânimo, eu não me sinto desolada diante de tudo que eu tenho assistido [...] Torço muito para que os pais acertem essa caminhada com os filhos. Eles precisam de nós e nós precisamos deles. Quando essa relação é forte, é bem estabelecida, dificilmente um traficante entra nela, dificilmente uma rede social toma o espaço deles.  Pais precisam ensinar sobre coerência aos filhos desde muito cedo, os seres humanos são incoerentes, eles falam de coisas que eles não fazem e isso é ruim. Que a gente tenha cuidado com as palavras e estabeleça a proximidade e não o distanciamento, porque os nossos filhos precisam de nós”, orienta Graça Moura.

ATENDIMENTO

No Brasil, existe um serviço que ajuda as pessoas que tem pensamentos tristes. Através do 'Centro de Valorização da Vida' (CVV), elas podem ter um auxílio contra também o 'Baleia Azul'. Para entrar em contato com a entidade basta ligar gratuitamente para o 141. As ligações podem ser feitas de qualquer lugar do país.    

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