Política
TROCARAM DE LADO
Sessão da Câmara é marcada por críticas aos vereadores Valdivia e Renato
Os dois parlamentares que eram oposição ferrenha a Prefeitura aderiram a base do prefeito, Padre Walmir
João Paulo - 10/08/2018
Foto/ Luciana Santos/ Montagem Portal O Povo
Parlamentares rebateram as várias críticas que receberam durante a reunião semanal

Não deu outra. Como era de se esperar, a primeira sessão ordinária da Câmara de vereadores de Picos após a debandada dos parlamentares oposicionistas, Valdívia Santos (PRP) e Renato (PRP) para a base do prefeito, Padre José Walmir de Lima (PT), foi marcada por críticas por parte da bancada da oposição. Na reunião semanal, realizada nesta última quinta-feira (09), os agora situacionistas tiveram de ouvir vários desabafos, alguns leves e outros mais pesados, dos ex-colegas de oposição.

Embora tenham dito que ficaram bastante surpresos com a idade de Valdivia e Renato para a situação, os vereadores Afonsinho Guimarães (Progressista) e Maté (PSL), parabenizaram e desejaram boa sorte aos ex-colegas de bancada. “Foi com muita tristeza que perdemos dois colegas de bancada, que muito nos ajudaram até o momento, mas infelizmente cada um tem suas decisões e sabemos que quem tem de julgar é o povo e não nós vereadores ou ninguém da Casa”, pontuou Afonsinho. “Na política tudo pode acontecer e eu respeito à posição, mas eu não esperava que fosse assim da maneira que foi, mas desejo uma boa sorte para eles”, colocou Maté.

Mas outros vereadores oposicionistas foram menos políticos e criticaram duramente a debandada da dupla do PRP. A vereadora Dalva Mocó (PTB), por exemplo, voltou sua crítica principalmente para Valdivia Santos. Dalva lembrou que foi Valdivia a principal articuladora da união do PTB com a oposição na eleição antecipada da presidência da Mesa Diretora da Câmara, para o biênio 2019/2020, que elegeu José Luís presidente da Casa, e que culminou nas perdas, por parte do PTB e do PSL, das secretarias municipais de Agricultura, Cultura, Saúde e Serviços Públicos.

Em seu discurso, Dalva Mocó usou o relato de uma ex-liderança do grupo político de Valdivia, o professor, Victor Leal, para alfinetar a colega de plenário. De acordo com Dalva, ele pediu que ela dissesse na Tribuna da Câmara que o mesmo não apoiou à adesão a administração municipal, como havia sido dito pela vereadora do PRP em entrevista a uma rádio local. A mesma também recordou que Victor Leal, quando da saída de Valdivia da administração municipal em abril de 2016, defendeu a vereadora de uma série de críticas feita pelo prefeito, Padre Walmir, recusou continuar na Prefeitura, apesar dos convites, e mais ainda: não aceitou a oferta do Palácio Coelho de assumir uma secretaria e ser candidato a vereador pela base, o que poderia prejudicar Valdivia, tendo em vista que os dois são da mesma região, o Povoado Fátima do Piauí.

“E ele foi muito descente nisso e não aceitou e continuou o seu trabalho em Fátima do Piauí, assim como na cidade de Picos, sempre defendendo o nome da vereadora. Então o professor Victor tem o nosso respeito, tem a nossa admiração. E quero dizer a população picoense, que conhece o trabalho do professor, que o professor pediu que nessa Casa fosse dito, palavras deles, que não comunga com os ideais da vereadora Valdivia em acompanhar a atual gestão, a gestão do prefeito Padre Walmir”, falou Dalva Mocó.

Toinho de Chicá (Progressista), foi bem mais duro e afirmou que atitudes como essa de Valdivia Santos e Renato mancham a imagem e desvalorizam a importância da classe vereador. O parlamentar também frisou que a palavra dos dois vereadores não é de confiança. Toinho ainda classificou como uma rasteira no PTB e na oposição, a ida de Valdivia e Renato para a base de apoio ao prefeito, Padre Wamir.

“Fomos traídos sim vereadora Valdívia. Era para vocês terem mais um pouco de respeito com os vereadores da oposição e pela admiração que a sociedade de Picos tinha de vocês. Não podia deixar de falar nessa Tribuna, porque nós sim fomos prejudicados para livrar a pele de vocês. Cumprir com a palavra é tão bom, é muito gratificante a gente deitar e dormir com a consciência limpa, com a consciência tranquila, sem dar rasteira em ninguém. O PTB foi prejudicado e acho assim que foi uma coisa premeditada pensando em prejudicar. O PTB tinha quatro secretarias boas e com isso foi traído pelos dos vereadores Renato e Valdívia. Eu fiquei muito triste e estou muito desmotivado com a política por essas coisas”, desabafou Toinho de Chicá.

O vereador, José Luís (PTB), foi outro que teceu críticas. Em aparte, ele falou que o PTB já esperava uma retaliação por não votar na reeleição de Hugo Victor (MDB), o candidato a presidente da Câmara apoiado pelo Palácio Coelho Rodrigues. Contudo, o petebista enfatizou que não esperava que fosse traído por alguém do grupo que se uniu para elegê-lo presidente da Câmara.

“O que nós não imaginávamos era que em meio a esse trabalho que estava sendo feito para esta candidatura a presidente é que por trás estava sendo feito um trabalho de adquirir espaço no Governo municipal. Mas nós estamos tranquilos vereador Toinho. As secretaria são do prefeito e ele concede a quem ele quiser, ao vereador e o partido que ele quiser. São dele as secretarias, não tenho nenhuma dúvida. O que eu pergunto e as vezes fico indagando era porque certos colegas diziam que não se aproximava da ‘besta do apocalipse’. E agora eu pergunto: Será se a ‘besta’ se converteu? Será o que aconteceu para a ‘besta do apocalipse’ se converter? Aceitaram a Cristo? Isso é que eu indago. Mas eu parabenizo os colegas porque conseguiram articular bem e conseguiram chegar novamente a Prefeitura a qual saíram há dois anos. Nós temos que parabenizar”, ironizou José Luís, acrescentando que caberá a sociedade julgar a adesão dos dois oposicionista a situação.

Dedé Monteiro (PPS), foi outro que criticou a saída de Valdivia e Renato. Em tom de desabafo, o parlamentar lamentou profundamente o fato de entre os nove vereadores, que se uniram para eleger José Luís presidente da Câmara, o nome dele ter sido colocado como o que poderia trair o grupo. Ele disse que se sentiu um "bode expiatório".

"Por isso muita gente as vezes quebra a cara com esse matuto. Porque uma coisa que o meu pai e a minha mãe me ensinaram foi honrar com a palavra. Nessa Casa tenho respeito por todos, mas eu tenho mais respeito é pela palavra desse matuto aqui, o vereador Dedé Monteiro. Porque quando se dá a palavra tem de se cumprir. E nessas reuniões eu me senti ofendido por alguns da turma porque eu estava lá servindo de 'bode expiatório'. Diziam que eu era o que ia correr, que eu era o que ia quebrar os compromissos. Mas vou desejar aos colegas muita paz, muito sucesso na administração. E quem vai julgar é a população quando for escolher", ponderou Monteiro.

Outro lado:

Em discurso na Tribuna o vereador Rento rebateu as críticas da bancada da oposição. Ele disse estranhar esse debate em torno de sua saída e da vereadora, Valdivia, da base oposicionista. Ele ainda desafiou a qualquer um dos 15 vereadores da Câmara de Picos a provar que nunca mudou de grupo político pelo menos uma vez na vida.

"Eu nunca perdi tempo nessa Casa para falar mal de ninguém por conta disso. É uma coisa normal, natural e da política. Quero desafiar alguém dizer que eu fui para algum lugar levando vantagem pessoal. Nunca fui. Mas sim o povo levou muita vantagem. Consegui asfalto para os Torrões, consegui praça para os Torrões, consegui Posto de Saúde, calçamento, várias obras para o bairro São Sebastião, para Cohab, para o Pantanal. Em todas minha idas eu negocio obras não negocio dinheiro de forma alguma. Não tenho nada haver se alguém negocia, eu estou falando de mim. Mas falar porque alguém foi ou deixou de ir. Todo mundo já foi para algum lugar. Todos nós já saímos. Desde que isso não seja por interesse próprio não tem nada demais", argumentou Renato.

O agora vereador da bancada governista explicou que aderiu a administração municipal pelo fato do grupo político a qual pertence, do deputado Pablo Santos, ter feito essa opção. "No passado eu fui com o deputado Pablo para Gil perdendo secretaria, perdendo os empregos, perdendo os carros que tinha alugados na região para transportar alunos, por que ninguém disse nada? Por que agora todo mundo estranha e acha ruim? Jogam pedras sem saber os motivos. Minha família votava em dois candidatos e na última eleição minha família votou em quatro. Pablo Santos sem eu nunca ter votado nele me acolheu, me ajudou na minha campanha de todas as formas, me reelegeu me dando mais de 300 votos, dizendo onde eles sairiam. E graças a ele eu me reelegi sem nunca ter votado nele, sem nem conhece-lo. Por que agora que o Pablo está no comando da Fundação Hospitalar e teve a secretaria de Saúde oferecida pelo prefeito eu devo virar as costas para ele se ele me ajudou e me acolheu na hora que precisei?  Eu acho muita hipocrisia perder tempo falando de a ou de b", rebateu Renato.

Em meio a muitas críticas, em seu discurso Valdívia Santos falou que está de consciência tranquila e que só deve respeito aos seus eleitores. "Todos sabem que não tomei essa decisão isolada, foi tomada no grupo e sou grata a Pablo Santos pelo que ele fez por mim. Cada um fique a vontade para achar o que desejar, pois entrego tudo na mão de Deus”, desabafou.

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