A bem sucedida historiadora picoense Jane Bezerra de Sousa estará defendendo em dezembro na Universidade de Federal de Uberlândia sua tese
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<p>A bem sucedida historiadora picoense Jane Bezerra de Sousa estará defendendo em dezembro na Universidade Federal de Uberlândia sua tese de doutorado em mais uma etapa da sua vida profissional.</p>
<p>Esta tese é um estudo em História da Educação cujo objetivo é investigar o ser e o fazer-se professor no Piauí no século XX, tendo como ponto de partida a história de vida da professora normalista Nevinha Santos, que escreveu suas memórias em caderno de anotações e as publicou em forma de artigos no Jornal Meio Norte, de Teresina-PI.</p>
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<p>São quinze textos que abordam temas ligados à educação, à política e à escrita de si mesmo. Outras fontes foram utilizadas e cruzadas com as memórias de Nevinha, como entrevistas de ex-alunos, familiares e contemporâneos, bem como mensagens governamentais e discursos da imprensa, com o intuito de conhecer as possibilidades históricas, sociais e culturais que permitiram compreender o sentido da função de ser professor no Piauí do século XX.</p>
<p>A partir da história de vida da professora Nevinha Santos, foi definido o recorte cronológico e a estrutura da tese, que se constitui em três fases, partindo das seguintes questões: Por que valorizava ser professora primária? Por que, ao final de sua vida, se surpreendia com a maneira de o Estado em tratar os professores? Por que se indignava ao ler notícias de jornais sobre professores com salários atrasados e na luta por melhorá-los? Diante dos questionamentos foram definidos os seguintes momentos: o primeiro, de 1922 a 1928, é o período em que a professora estudou e se formou na Escola Normal de Teresina; o segundo, de 1929 a 1957, diz respeito a sua experiência no magistério como professora e diretora do Grupo Escolar Coelho Rodrigues, bem como a sua atuação como primeira dama da cidade de Picos, PI durante o Estado Novo; o terceiro, de 1957 a 1997, é a época final de sua carreira e de dedicação à escrita das memórias.</p>
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<p>A análise desses períodos possibilitou a compreensão de que, no primeiro momento, ser professor tinha significado associado a missão, vocação, sacerdócio, tendo-se a normalista como símbolo de um profissional competente cuja tarefa primordial era salvar os indivíduos do analfabetismo. No segundo momento, o professor é concebido como representante da disciplina, civismo e amor à pátria, tornando-se disseminador das ideias do Estado novo, período de um governo que se apega às ideias de abnegação e amor à profissão para manter professores em salas de aulas com condições péssimas de trabalho.</p>
<p>Na terceira fase, a proletarização da profissão impulsionou a formação dos sindicatos e a luta pela profissionalização, que garantiria um estatuto respeitoso, melhores rendimentos e autonomia profissional. A análise da pesquisa tem principalmente como referencial teórico-metodológico a Nova História, por esta possibilitar o conhecimento do cotidiano e dos microtemas, concentrando atenção nas percepções de história de vida, história oral e memória, tendo como teóricos Halbwachs, Le Goff, Certeau, Perrot, Mignot, Goodson, Nóvoa, Ricoeur, Ansart, Josso, Meihy, dentre outros, possibilitando múltiplos diálogos. Para concepção de experiência abordada no trabalho, também contribuiu teoricamente Kant e Thompson.</p>
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<p>A tese tem sua relevância para a profissão docente por oportunizar e compartilhar as experiências de uma professora e dessa forma promover reflexões que elevem o grau de importância, competência e respeito ao magistério.</p>
<p>Com informações de Jane Bezerra</p>
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