Nacionais
FALTA DE HÁBITO
Desinformação impede usuário de comparar tarifas bancárias
A correntista Raquel Godoy Araújo admite que não tem o hábito de conferir a evolução das tarifas bancárias
Daniel Lima e Kelly Oliveira - 05/09/2008

<div align="justify">A desinforma&ccedil;&atilde;o e a falta de h&aacute;bito de grande parte dos correntistas de conferir os dados lan&ccedil;ados no extrato s&atilde;o os dois principais fatores que impedem o cidad&atilde;o de pesquisar as institui&ccedil;&otilde;es banc&aacute;rias que oferecem as menores tarifas. A constata&ccedil;&atilde;o &eacute; do Banco Central e de institutos de defesa do consumidor.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">Desde abril, vigoram medidas que t&ecirc;m como objetivo dar mais transpar&ecirc;ncia aos consumidores e permitir que eles fa&ccedil;am compara&ccedil;&otilde;es entre as tarifas mais comuns. Tanto para o Banco Central quanto para os &oacute;rg&atilde;os de defesa as medidas representaram um avan&ccedil;o que facilita a vida do consumidor.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">De acordo com o Instituto de Defesa do Consumidor de S&atilde;o Paulo (Procon-SP), a grande maioria, ou seja 70,85% dos clientes banc&aacute;rios consultados pela internet (223), disse desconhecer as resolu&ccedil;&otilde;es do Conselho Monet&aacute;rio Nacional que estabeleceram a simplifica&ccedil;&atilde;o e a redu&ccedil;&atilde;o de tarifas. Tanto o Procon-SP quanto a Associa&ccedil;&atilde;o Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste) cobram que o Banco Central (BC) obrigue as institui&ccedil;&otilde;es financeiras a informar ao usu&aacute;rio com maior clareza.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">Por outro, o BC atribui a esses institutos a responsabilidade de esclarecer adequadamente os consumidores sobre as novas regras. Na opini&atilde;o do chefe-adjunto do Departamento de Normas do Sistema Financeiro do Banco Central, S&eacute;rgio Odilon dos Anjos, quando as regras entraram em vigor houve &ldquo;muita desinforma&ccedil;&atilde;o e contrainforma&ccedil;&atilde;o&rdquo;. Ele criticou, inclusive, pesquisas que tentavam comparar bases diferentes para analisar o aumento das tarifas banc&aacute;rias. Ou seja, a base de dados de 2007, quando n&atilde;o havia a nova regra, e 2008 com novas mudan&ccedil;as e a padroniza&ccedil;&atilde;o de nomenclatura.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">&ldquo;N&atilde;o &eacute; nossa fun&ccedil;&atilde;o ficar criticando, mas gostar&iacute;amos que as institui&ccedil;&otilde;es de defesa do consumidor pudessem dar uma divulga&ccedil;&atilde;o maior &agrave; realidade normativa. Acho que o consumidor continua tendo car&ecirc;ncia de informa&ccedil;&otilde;es adequadas&rdquo;, disse Odilon.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">O argumento &eacute; rebatido pela coordenadora institucional da Pr&oacute;-Teste, Maria In&ecirc;s Dolci, para quem cabe aos bancos, como prestadores de servi&ccedil;os, informar adequadamente os clientes, e ao BC cobrar das institui&ccedil;&otilde;es financeiras essa atua&ccedil;&atilde;o. &ldquo;Nas regras do C&oacute;digo de Defesa do Consumidor , a comunica&ccedil;&atilde;o &eacute; extremamente importante&rdquo;.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">A supervisora de pesquisas do Procon-SP, Cristina Rafael Martinuessi, concorda com Maria&nbsp;In&ecirc;s Dolci, que acredita que os bancos t&ecirc;m &ldquo;um poder muito maior&rdquo; do que os institutos de defesa na hora de informar o consumidor, mas destaca que a divulga&ccedil;&atilde;o das tarifas s&oacute; ser&aacute; feita se o BC obrigar os bancos a fazerem isso com um normativo. &ldquo;Nenhum banco informa, com clareza, por exemplo, quais s&atilde;o as tarifas gratu&iacute;tas&rdquo;.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">No meio da discuss&atilde;o est&aacute; o consumidor, que ainda n&atilde;o sabe a quem recorrer. &Eacute; o caso de Rita de C&aacute;ssia Medeiros da Silva, Operadora de Raio-X, que &eacute; obrigada a receber o sal&aacute;rio no banco que a empresa determina. &ldquo;Acho um absurdo. E &eacute; em todos os bancos. Eu j&aacute; tentei trocar de banco, mas &eacute; a empresa onde trabalho que faz com que a gente fique no banco.Os bancos arrecadam muito com isso. Reclamar com quem?&rdquo;, disse.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">Raquel Godoy de Miranda Ara&uacute;jo, conferia o extrato banc&aacute;rio quando foi abordada pela reportagem da Ag&ecirc;ncia Brasil, admitiu que n&atilde;o observa a evolu&ccedil;&atilde;o das tarifas banc&aacute;rias como deveria. &ldquo;Devo ter alguma parcela de culpa. Realmente estou por fora. Acho que o Banco Central deveria ser mais diligente. Se a regula&ccedil;&atilde;o cabe a ele [BC], fica muito c&ocirc;modo botar a culpa no consumidor e no Procon.&rdquo;, disse.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">O deputado federal Cezar Silvestri (PPS-PR), que presidiu a Comiss&atilde;o de Defesa do Consumidor no ano passado, lamenta o abuso dos bancos na cobran&ccedil;a das tarifas. &ldquo;N&atilde;o &eacute; o que n&oacute;s gostar&iacute;amos que ocorresse. At&eacute; porque foi um luta muito grande dessa comiss&atilde;o, quando a presidi, no sentido de que tiv&eacute;ssemos a padroniza&ccedil;&atilde;o das tarifas, que era uma antiga reivindica&ccedil;&atilde;o dos consumidores brasileiros&rdquo;.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">O parlamentar explicou que, ao reduzir de 80 para 20 o n&uacute;mero de tarifas, o objetivo era deixar claro para o consumidor o que ele pagava. Silvestri lembra que muitas vezes s&oacute; era alterada a nomenclatura, inclusive adotando-se termos em ingl&ecirc;s. &ldquo;O que estamos sentindo &eacute; que algumas institui&ccedil;&otilde;es reduziram o n&uacute;mero de tarifas, mas aumentaram os valores&rdquo;.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">A Comiss&atilde;o de Defesa do Consumidor pretende criar um grupo de trabalho para acompanhar a evolu&ccedil;&atilde;o das tarifas banc&aacute;rias e o que pode ser feito para fiscalizar os bancos. &ldquo;Acho que, na verdade, devemos fazer um acompanhamento sistem&aacute;tico e denunciar essas institui&ccedil;&otilde;es que est&atilde;o abusando e ganhando de forma gananciosa, cada vez mais, sem se preocupar com o cidad&atilde;o que ganha o seu sustento com muita luta e muito trabalho&rdquo;, afirmou Silvestri.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">&nbsp;</div>
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