Moisés Nascimento fala sobre percepção do uso da droga, comportamento familiar na reabilitação de dependentes químicos e tratamento do vício.
<p align="justify"><strong>Portal O Povo: Como os pais notam que os filhos estão tendo envolvimento com as drogas?</strong></p>
<p align="justify"><strong>Moisés Nascimento: </strong>Cada droga tem um efeito singular em cada indivíduo; alguns fazem uso do crack uma vez e já se tornam dependentes, outros fazem uso várias vezes e não se tornam dependentes; mas a agressividade exacerbada, mudança de humor, uma hora muito triste, outra muito feliz, a pessoa se mostra isolada, alimentação exagerada, a questão dos olhos, são alguns sinais; as pontas dos dedos queimadas, são característica dos usuários de crack, no caso da maconha, um sono excessivo, enfim são inúmeros os pontos que caracterizam o uso de drogas e, como a dependência é muito rápida e grande, alguns começam até a vender objetos dentro de casa para suprir o vício.</p>
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<div align="justify"><strong>Portal O Povo</strong>: <strong>Qual a importância do apoio da família em relação aos dependentes químicos em processo de reabilitação?</strong></div>
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<p align="justify"><strong>Moisés Nascimento: </strong>Vemos muito a questão da coodependência, um apoio mesmo que inconsciente, acaba reforçando o uso da droga. Trabalhar a família é entender que o problema não é apenas do sujeito que está usando; ele vai pra fazenda (Peniel) digamos que ele vai passar sete meses lá, e quando ele sair ele volta para o ceio da família. Se a família não estiver preparada pra lidar com as emoções e com o comportamento daquele sujeito, ele tem uma tendência muito grande à recaída. Como agir diante dos efeitos da droga é de extrema importância para o dependente e família, para que esta não fique na coodependência e haja de maneira equivocada.</p>
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<div align="justify"><strong>Portal O Povo: O dependente químico consegue deixar o vício sem ajuda profissional?</strong></div>
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<p align="justify"><strong>Moisés Nascimento: </strong>Muito dificilmente. Claro que a ajuda profissional é apenas um suporte, o foco maior é o sujeito ter o interesse e a vontade de buscar o serviço, o atendimento. Se você sentar numa cadeira comum, de quatro pernas, ela vai te segurar, mas imagine que essa cadeira falte uma perna na parte detrás, se você sentar nessa cadeira, ela vai cair, mas, no entanto se você sentar na pontinha, ela vai te sustentar. O dependente químico é assim, tem uma parte da estrutura dele que é fragilizada e, se por ventura a sociedade empurrar ele para aquele lado que está sem perna, ele vai cair, então é um trabalho conjunto, a gente não pode estipular uma variável de que ele não vai cair, pode ser que existe recaída. Então a família, a sociedade o tratamento terapêutico e ele são peças fundamentais para que ele possa ter um conjunto de coisas para se recuperar.</p>
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<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Muitos usuários de drogas negam que são dependentes, muitos afirmam que podem largar o vício a qualquer momento. Isso é um sinal de dependência.</strong></div>
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<p align="justify"><strong>Moisés Nascimento: </strong>Com certeza, isso é uma coodependência e a própria família nega e essa negação pode virar uma negação, até para o próprio usuário, que diz que consome apenas nos fins de semana. Isso é um sinal de descontrole do próprio sujeito. A droga é sorrateira, você não tem consciência. Os casos que a gente mais tem são de jovens que começam bebendo e que não vão se viciar, mesmo consumindo grandes quantidades de entorpecentes. Ele perde a noção de si mesmo e isso acaba atrapalhando para que ele busque ajuda.</p>
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<p><strong>Portal O Povo: Você é um dos coordenadores da Fazenda Peniel, que trata de dependentes químicos e que será inaugurado no início de fevereiro. Como funcionará esse projeto?</strong></p>
<p><strong>Moisés Nascimento: </strong>A fazenda não é só para dependentes químicos, mas também para usuários recentes que possivelmente se tornarão dependentes químicos no futuro. Inicialmente a fazenda vai comportar apenas homens, a partir dos 18 anos, que estamos avaliando o perfil desses homens através do processo de triagem, em regime de internato, de sete meses a um ano, dependendo do caso, pois existem alguns de crônicos de toxicomania que precisam de um tempo maior de reabilitação.</p>
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<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Como será o acompanhamento dessas pessoas?</strong></div>
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<p><strong>Moisés Nascimento: </strong>Na verdade vamos fazer o processo de triagem, vamos fazer os exames e o nada consta com o advogado para ver se a pessoas cometeu algum crime, ou está com processo em aberto, porque a gente não vai esconder ninguém. Ele vai ter acompanhamento médico, de enfermagem, psicológico, vai ter um processo de desintoxicação, vamos ter cursos técnicos profissionalizantes, onde lá vai sair pronto e preparado para ser reinserido na sociedade.</p>
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<div align="justify"><strong>Portal O Povo: O projeto conta com apoio financeiro por parte de instituições públicas?</strong></div>
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<p align="justify"><strong>Moisés Nascimento: </strong>Não contamos com apoio do governo, mas de empresas, comércios, políticos e de algumas pessoas que tem seus filhos dependentes químicos, no sentido de doações, que é o nosso maior vínculo.</p>
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<div align="justify"><strong>Quem tiver interesse em contribuir com a causa, deve entrar em contato pelos telefones (89) 8858-7325/9921-6148.</strong></div>
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