Perfil
PERFIL DA SEMANA
Confira a entrevista com o Psicólogo Moisés Nascimento
Moisés Nascimento fala sobre percepção do uso da droga, comportamento familiar na reabilitação de dependentes químicos e tratamento do vício.
Cristina Fontes - 16/01/2012

<p align="justify"><strong>Portal O Povo: Como os pais notam que os filhos est&atilde;o tendo envolvimento com as drogas?</strong></p> <p align="justify"><strong>Mois&eacute;s Nascimento: </strong>Cada droga tem um efeito singular em cada indiv&iacute;duo; alguns fazem uso do crack uma vez e j&aacute; se tornam dependentes, outros fazem uso v&aacute;rias vezes e n&atilde;o se tornam dependentes; mas a agressividade exacerbada, mudan&ccedil;a de humor, uma hora muito triste, outra muito feliz, a pessoa se mostra isolada, alimenta&ccedil;&atilde;o exagerada, a quest&atilde;o dos olhos, s&atilde;o alguns sinais; as pontas dos dedos queimadas, s&atilde;o caracter&iacute;stica dos usu&aacute;rios de crack, no caso da maconha, um sono excessivo, enfim s&atilde;o in&uacute;meros os pontos que caracterizam o uso de drogas e, como a depend&ecirc;ncia &eacute; muito r&aacute;pida e grande, alguns come&ccedil;am at&eacute; a vender objetos dentro de casa para suprir o v&iacute;cio.</p> <div align="justify"><strong>&nbsp;</strong></div> <div align="justify"><strong>Portal O Povo</strong>: <strong>Qual a import&acirc;ncia do apoio da fam&iacute;lia em rela&ccedil;&atilde;o aos dependentes qu&iacute;micos em processo de reabilita&ccedil;&atilde;o?</strong></div> <p align="justify">&nbsp;</p> <p align="justify"><strong>Mois&eacute;s Nascimento: </strong>Vemos muito a quest&atilde;o da coodepend&ecirc;ncia, um apoio mesmo que inconsciente, acaba refor&ccedil;ando o uso da droga. Trabalhar a fam&iacute;lia &eacute; entender que o problema n&atilde;o &eacute; apenas do sujeito que est&aacute; usando; ele vai pra fazenda (Peniel) digamos que ele vai passar sete meses l&aacute;, e quando ele sair ele volta para o ceio da fam&iacute;lia. Se a fam&iacute;lia n&atilde;o estiver preparada pra lidar com as emo&ccedil;&otilde;es e com o comportamento daquele sujeito, ele tem uma tend&ecirc;ncia muito grande &agrave; reca&iacute;da. Como agir diante dos efeitos da droga &eacute; de extrema import&acirc;ncia para o dependente e fam&iacute;lia, para que esta n&atilde;o fique na coodepend&ecirc;ncia e haja de maneira equivocada.</p> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify"><strong>Portal O Povo: O dependente qu&iacute;mico consegue deixar o v&iacute;cio sem ajuda profissional?</strong></div> <p align="justify">&nbsp;</p> <p align="justify"><strong>Mois&eacute;s Nascimento: </strong>Muito dificilmente. Claro que a ajuda profissional &eacute; apenas um suporte, o foco maior &eacute; o sujeito ter o interesse e a vontade de buscar o servi&ccedil;o, o atendimento. Se voc&ecirc; sentar numa cadeira comum, de quatro pernas, ela vai te segurar, mas imagine que essa cadeira falte uma perna na parte detr&aacute;s, se voc&ecirc; sentar nessa cadeira, ela vai cair, mas, no entanto se voc&ecirc; sentar na pontinha, ela vai te sustentar. O dependente qu&iacute;mico &eacute; assim, tem uma parte da estrutura dele que &eacute; fragilizada e, se por ventura a sociedade empurrar ele para aquele lado que est&aacute; sem perna, ele vai cair, ent&atilde;o &eacute; um trabalho conjunto, a gente n&atilde;o pode estipular uma vari&aacute;vel de que ele n&atilde;o vai cair, pode ser que existe reca&iacute;da. Ent&atilde;o a fam&iacute;lia, a sociedade o tratamento terap&ecirc;utico e ele s&atilde;o pe&ccedil;as fundamentais para que ele possa ter um conjunto de coisas para se recuperar.</p> <div align="justify"><strong>&nbsp;</strong></div> <div align="justify"><strong>Portal O Povo: Muitos usu&aacute;rios de drogas negam que s&atilde;o dependentes, muitos afirmam que podem largar o v&iacute;cio a qualquer momento. Isso &eacute; um sinal de depend&ecirc;ncia.</strong></div> <p align="justify">&nbsp;</p> <p align="justify"><strong>Mois&eacute;s Nascimento: </strong>Com certeza, isso &eacute; uma coodepend&ecirc;ncia e a pr&oacute;pria fam&iacute;lia nega e essa nega&ccedil;&atilde;o pode virar uma nega&ccedil;&atilde;o, at&eacute; para o pr&oacute;prio usu&aacute;rio, que diz que consome apenas nos fins de semana. Isso &eacute; um sinal de descontrole do pr&oacute;prio sujeito. A droga &eacute; sorrateira, voc&ecirc; n&atilde;o tem consci&ecirc;ncia. Os casos que a gente mais tem s&atilde;o de jovens que come&ccedil;am bebendo e que n&atilde;o v&atilde;o se viciar, mesmo consumindo grandes quantidades de entorpecentes. Ele perde a no&ccedil;&atilde;o de si mesmo e isso acaba atrapalhando para que ele busque ajuda.</p> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify"> <p><strong>Portal O Povo: Voc&ecirc; &eacute; um dos coordenadores da Fazenda Peniel, que trata de dependentes qu&iacute;micos e que ser&aacute; inaugurado no in&iacute;cio de fevereiro. Como funcionar&aacute; esse projeto?</strong></p> <p><strong>Mois&eacute;s Nascimento: </strong>A fazenda n&atilde;o &eacute; s&oacute; para dependentes qu&iacute;micos, mas tamb&eacute;m para usu&aacute;rios recentes que possivelmente se tornar&atilde;o dependentes qu&iacute;micos no futuro. Inicialmente a fazenda vai comportar apenas homens, a partir dos 18 anos, que estamos avaliando o perfil desses homens atrav&eacute;s do processo de triagem, em regime de internato, de sete meses a um ano, dependendo do caso, pois existem alguns de cr&ocirc;nicos de toxicomania que precisam de um tempo maior de reabilita&ccedil;&atilde;o.</p> </div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify"><strong>Portal O Povo: Como ser&aacute; o acompanhamento dessas pessoas?</strong></div> <div align="justify"> <p>&nbsp;</p> <p><strong>Mois&eacute;s Nascimento: </strong>Na verdade vamos fazer o processo de triagem, vamos fazer os exames e o nada consta com o advogado para ver se a pessoas cometeu algum crime, ou est&aacute; com processo em aberto, porque a gente n&atilde;o vai esconder ningu&eacute;m. Ele vai ter acompanhamento m&eacute;dico, de enfermagem, psicol&oacute;gico, vai ter um processo de desintoxica&ccedil;&atilde;o, vamos ter cursos t&eacute;cnicos profissionalizantes, onde l&aacute; vai sair pronto e preparado para ser reinserido na sociedade.</p> </div> <div align="justify"><strong>&nbsp;</strong></div> <div align="justify"><strong>Portal O Povo: O projeto conta com apoio financeiro por parte de institui&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas?</strong></div> <p align="justify">&nbsp;</p> <p align="justify"><strong>Mois&eacute;s Nascimento: </strong>N&atilde;o contamos com apoio do governo, mas de empresas, com&eacute;rcios, pol&iacute;ticos e de algumas pessoas que tem seus filhos dependentes qu&iacute;micos, no sentido de doa&ccedil;&otilde;es, que &eacute; o nosso maior v&iacute;nculo.</p> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify"><strong>Quem tiver interesse em contribuir com a causa, deve entrar em contato pelos telefones (89) 8858-7325/9921-6148.</strong></div> <div align="justify"><strong>&nbsp;</strong></div> <div align="justify"><strong>&nbsp;</strong></div> <div align="justify"><strong>&nbsp;</strong></div> <div align="justify"><strong>&nbsp;</strong></div> <div align="justify">&nbsp;</div>
Facebook
Publicidade