O sacerdote chegou em Picos no dia 10 de maio de 2008 onde assumiu a paróquia de Nossa Senhora dos Remédios.
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<p>O padre Gregório Leal Lustosa, 47 anos, pároco da paróquia de Nossa Senhora dos Remédios em Picos, recebeu nossa reportagem e falou do trabalho desenvolvido durante os quatro anos que está à frente dos destinos da paróquia. O sacerdote destacou ainda sua forma de evangelização e as ações implantadas desde a sua chegada no município modelo.</p>
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<p>O pároco ressaltou também o empenho dos grupos e pastorais e sua felicidade em comemorar 17 anos de vida sacerdotal. Padre Gregório assumiu a paróquia de Nossa Senhora dos Remédios no dia 10 de maio de 2008, depois de passar pelas paróquias de Nossa Senhora das Mercês, em Jaicós e Nossa Senhora dos Humildes, no município de Paulistana.</p>
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<p>Desde que assumiu a paróquia em Picos, o sacerdote tem ganhado o reconhecimento do povo picoense pela forma simples de conduzir seu rebanho, buscando sempre aproximar a Igreja dos fiéis. A sua forma de evangelização tem atraído muitos católicos que até então participavam muito pouco das atividades da Igreja.</p>
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<p><strong>CONFIRA MATÉRIA NA ÍNTEGRA</strong></p>
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<p><strong>Edson Costa: </strong>No último dia 10 de maio o senhor completou 4 anos como pároco da paroquia de Nossa Senhora dos Remédios em Picos. Qual avaliação que o senhor faz de seu trabalho durante este período?</p>
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<p><strong>Padre Gregório: </strong>Estes quatro anos aqui em Picos foi um período bastante enriquecedor na minha experiência sacerdotal. Foi uma experiência nova, porque logo após minha ordenação assumi a paróquia de Nossa Senhora das Mercês, que era uma paróquia de 160 comunidades eclesiais de base. Depois fui transferido para paróquia de Nossa Senhora dos Humildes, onde o número de comunidade era menor, todavia, a área geográfica era bem maior, e minha experiência lá era de visitas às comunidades. Aqui em Picos a experiência já mudou. Vivenciamos mais o atendimento as pessoas, as celebrações eucarísticas são menos e o forte é este atendimento no confessionário, a conversa, a orientação espiritual. Outro dado importante que foi novo nesta minha experiência sacerdotal, é que aqui em Picos eu me deparei com uma situação de muita violência, especialmente no que diz respeito à segurança, a intranqüilidade. Devido Picos ser um entroncamento rodoviário, se aglomera um fluxo de pessoas muito grande, atraindo assim, pessoas de índoles diferentes. O aspecto do uso de drogas e bebidas me chamou muito atenção. É verdade que percebi em outras paróquias, mas aqui me chamou mais atenção. Jovens que sem dinheiro para sustentar o vício saem às ruas desesperados para roubar. Isso fez com que me voltasse a fazer um trabalho voltado para os jovens que voltada da Fazenda da Esperança e que pudesse iniciar um trabalho no sentido de mudar esta realidade.</p>
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<p><strong>Edson Costa:</strong> O senhor tocou no assunto da segurança. Durante este período aqui em Picos o senhor foi vítima por mais de uma vez de assalto. Como foi este momento em sua vida?</p>
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<p><strong>Padre Gregório:</strong> Foi um momento difícil, pois desde criança minha vocação é uma vocação para paz. Nunca gostei de estar onde tivesse violência, brigas, divisões. Eu sempre fui uma pessoa muito amiga, de gostar das pessoas e carreguei isto pra vida. Eu sou mais do anúncio de que da denúncia, de unir as pessoas de que dividi-las, mas Deus colocou na minha frente esta experiência. De um jovem, de certa maneira, tentar tirar a minha paz. Inicialmente eu não senti que ele tivesse tentando fazer algo contra minha pessoa, havia até um certo dialogo entre nós dois, mas fui percebendo que ele estava faltando com o respeito, passou a destruir o patrimônio da Igreja, e fui sentido que aquelas agressões estavam me atingindo, porque estou aqui como responsável de cuidar da paróquia e da segurança das pessoas que trabalham comigo. Então tomei a posição de buscar uma correção para ele. Porém escutava de terceiros que ele estava também disposto a me agredir, e isto me assustou bastante. Foi um tempo de muita angústia para mim, mas graças a Deus que foi um tempo provisório e agora estou na paz novamente.</p>
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<p><strong>Edson Costa:</strong> O que o senhor destacaria de ações desenvolvidas durante estes quatros anos no sentido de atrair mais seguidores para a Igreja?</p>
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<p><strong>Padre Gregório:</strong> Como Picos é uma realidade urbana, o desafio pastoral também é maior. Para entrosar aquelas pessoas que viviam afastadas da Igreja o até para não deixá-las como presas fáceis para outras seitas que tem por aí seduzindo as pessoas no aspecto religioso, Deus tocou em mim para que pudesse dá continuidade às pastorais existentes e procurar criar outras. O primeiro passo foi fazer como que os grupos e pastorais pudesse ter um acesso nas liturgias, pudesse participar das celebrações, que as celebrações não fossem preparadas para os grupos, mas que os grupos pudessem prepará-las. De certa maneira, ganhamos na quantidade, no sentido que as pessoas foram se sentindo atoras ou atrizes de suas próprias histórias. Aqui na Igreja Catedral cada noite é organizada por um grupo ou uma pastoral, desde a segunda-feira até as missas do domingo. Em termos mais exteriores, implantamos a Pastoral da Acolhida que teve destaque. Sentimos que muita gente não se sente Igreja, elas vêm para a Igreja por uma necessidade de uma missa para um familiar, ou num aniversário, ou para um sacramento. E esta pastoral, acolhendo bem as pessoas e fazendo com que elas se sintam bem, é um canal para que Deus toque para que elas amem a Igreja e possam voltar em outras ocasiões, e se tornarem esta Igreja viva. Estamos iniciando também, olhando para esta realidade da segurança, a Pastoral Carcerária, onde nasceu a partir deste desafio que estamos encontrando em Picos. Deus nos abençoou para realizar este trabalho e estamos visitando e levando a palavra de esperança para os detentos. Já temos alguns frutos, pois alguns jovens que estão presos porque cometeram algum roubo ou delito por obsessão de manter o vício, estamos junto à justiça intercedendo e encaminhando para os locais de recuperação, no caso, a Fazenda da Esperança. Dentro disto também, dói em nosso coração a existência de pessoas que passam aqui pedindo para saciar a fome. Então estamos também junto a Fundação Frei Rogério, tentando mudar o objetivo desta fundação e querendo que em pouco tempo possamos está oferecendo alguma comida para estas pessoas, tanto de Picos quanto de outros lugares, que batem a nossa porta sem ter nada para comer. As pessoas com quem estou partilhando esta idéia estão animadas e se Deus quiser logo iremos vivenciar aquela experiência do padre Alfredo, quando esteve em Picos.</p>
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<p><strong>Edson Costa:</strong> A nossa Catedral é uma Igreja ornamentada, climatizada e limpa. É também preocupação do senhor oferecer um ambiente agradável para os fiéis?</p>
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<p><strong>Padre Gregório:</strong> No tocante a ornamentação, acredito que fizemos foi retroceder, pois o padre Bezerra tinha um carinho enorme e era bom nisso. Mas também se preocupamos em oferecer um ambiente agradável, onde as pessoas possam rezar melhor, se sentirem em casa. Como aqui em Picos é muito quente, os ventiladores já não estavam mais dando conta. Então tentamos melhorar o clima instalando climatizadores. Tentamos ainda melhorar a sala Padre Madeira, com sala de acolhida, com uma boa visibilidade e uma melhor comunicação. Mudamos também o aspecto físico da secretaria da paróquia e criamos mecanismos de acessibilidade para que as pessoas com deficiências possam chegar até a Igreja.</p>
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<p><strong>Edson Costa:</strong> No tocante a participação dos católicos durante as missa. Na sua visão, o que as pessoas ganham ao participar das celebrações eucarísticas?</p>
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<p><strong>Padre Gregório:</strong> A celebração eucarística é o ápice da nossa vida cristã. As pessoas que freqüentam as missas diariamente ou semanalmente se fortificam socialmente, religiosamente e espiritualmente. Há uma graça muito grande na celebração. O padre Zezinho em uma de suas canções diz que “por falta de um pedaço de pão e um pouco de vinho eu já vi mais de um irmão se desviar do caminho”. Então, a eucaristia cura e santifica as pessoas, principalmente quando as pessoas se abrem e se deixam renovar com a força da eucaristia.</p>
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<p><strong>Edson Costa:</strong> Vivemos em um mundo conturbado, onde o que presenciamos diariamente são famílias se destruindo, falta de respeito com o próximo, violência, etc. Na sua opinião, o que foi que aconteceu e onde a humanidade errou?</p>
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<p><strong>Padre Gregório</strong>: Somos pessoas humanas, pecadores e falíveis. Olhando assim a história da humanidade nós percebemos que há uma oscilação. Na idade média a sociedade tinha como eixo o religioso, era a época da cristandade. Depois da revolução industrial, a sociedade passou a ter como eixo a economia, o capital. Paralelo a isto veio o egoísmo, o individualismo. O aspecto religioso perdeu e o homem tornou se a história. É como se o lugar de Deus tivesse sido ocupado pelo homem. Com isso, havendo este desrespeito com Deus, o homem, que tem uma grande inteligência, não usou sua criatividade para o bem. Por uma lado, há um desenvolvimento tecnológico e científico admirável, só que do outro lado o homem perdeu a ética, a moral e o temor a Deus. E isso vem tendo conseqüência em todas as camadas da sociedade, de maneira que hoje nós analisamos esta globalização, como o mundo do passageiro, do provisório. As pessoas não têm mais a cultura religiosa. Hoje chamamos que estamos num tempo de self-service religioso. Em cada esquina tem uma Igreja e as pessoas usufruindo de suas liberdades entram em todas e escolhem aquela que acha que lhe agrada mais. Vivemos num mundo de mudanças continuas. É o aspecto da globalização deste mundo pós-moderno.</p>
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<p><strong>Edson Costa:</strong> Para finalizar, no próximo mês de junho o senhor completa 17 anos de vida sacerdotal. O senhor é feliz em ser padre?</p>
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<div align="justify"><strong>Padre Gregório:</strong> Sou muito feliz por ser padre. Se fosse pra repetir, faria tudo de novo. Há se voltasse aquele dia de minha ordenação sacerdotal. Como eu queria muito vivenciar aquela tarde maravilhosa. Quanto ao meu ministério, a vida tem dificuldades, mas a vida é assim mesmo. Acho que aquelas palavras do sacramento do matrimônio são sábias, quando o casal diz um para o outro “estou contido na saúde e na doença”. De fato a nossa vida sempre tem esta oscilação. Nós oscilamos entre a alegria e tristeza, entre a saúde e a doença. Mas as coisas maravilhosas, as coisas boas sempre superaram. É como disse Jesus: Vocês vão deixar tudo para me seguir. Então lhe perguntaram: E o que vamos ganhar com isto? Jesus disse: Aqui no mundo vocês vão ganhar o cêntuplo, cem vezes mais e depois a vida eterna. Neste meu tempo de sacerdote eu digo que as palavras de Jesus são verdadeiras. Agente ganha muito, ganha na amizade, no contentamento. Eu sou feliz por ser sacerdote. Obrigado!</div>