Perfil
AUTOR INCANSÁVEL
Douglas Nunes fala da sua trajetória como poeta, escritor e cineasta
Na cidade de Picos fazer cultura é muito difícil, não temos apoio do poder público. Às vezes me sinto isolado, é triste falar isso.
Maria Santana - 25/10/2012

<p align="justify"><strong>U</strong>ma pessoa em busca constante do conhecimento e da expans&atilde;o do mesmo. Essa &eacute; uma das caracter&iacute;sticas do jornalista, poeta, cineasta e escritor Douglas Nunes. Natural da cidade de Picos, ainda crian&ccedil;a se mudou com a fam&iacute;lia para o Estado de S&atilde;o Paulo onde, juntamente com outros jovens estudantes, participou do movimento contra a ditadura militar. Fugindo do regime retornou a cidade natal e depois volta a S&atilde;o Paulo para continuar a batalha de fazer algo. Agora, morando em Picos esse amante da literatura contribui intensamente para o resgate e constru&ccedil;&atilde;o da cultura picoense.&nbsp;</p> <div align="justify"> <p><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>Como foi a inf&acirc;ncia do escritor, poeta, jornalista e cineasta Douglas Nunes?</p> <p><strong>Douglas Nunes:&nbsp;&quot;</strong>Nasci na rua Coronel Francisco Santos e quando eu tinha dois anos de idade meu pai, Alberto de Deus Nunes, empreendeu viagem para o estado de S&atilde;o Paulo. O motivo dessa viagem foi porque ele era professor, poeta, escritor e coletor federal do munic&iacute;pio de Picos e, como autoridade, cabia a ele assinar os boletins de aprova&ccedil;&atilde;o dos alunos. Nessa &eacute;poca, dos boletins entregues ao meu pai, ele verificou que alguns n&atilde;o mereciam aprova&ccedil;&atilde;o e se recusou a assinar isso lhe trouxe dissabores. Fizeram uma revolu&ccedil;&atilde;o muito grande aqui na cidade (fato esse que milhares de pessoas desconhecem) dezenas de estudantes e professores fizeram uma manifesta&ccedil;&atilde;o na Rua Santo Ant&ocirc;nio com caix&atilde;o simbolizando a morte do meu pai e essa prociss&atilde;o seguiu adiante, apesar dos protestos do padre Davi, que pedia a retirada da cruz que seguia &agrave; frente; eu tenho um depoimento assinado por ele em que relata todo esse epis&oacute;dio, algo fant&aacute;stico para aquele tempo. Aqui em Picos nunca houve uma manifesta&ccedil;&atilde;o estudantil t&atilde;o grande como aquela da d&eacute;cada de 1950 e isso contra o meu pai. Levaram o caix&atilde;o com velas para a frente da nossa casa. Minha m&atilde;e colocava a gente para dormir em baixo de uma mesa devido os estilha&ccedil;os de pedradas que a casa recebia. E no final, meu pai muito triste, desgostoso, com todo aquele acontecimento pediu uma remo&ccedil;&atilde;o e essa transfer&ecirc;ncia veio para a cidade de S&atilde;o Sim&atilde;o-SP e depois para Ja&uacute;-SP, onde vivi minha inf&acirc;ncia.&quot;</p> </div> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>Qual a contribui&ccedil;&atilde;o de uma pessoa envolvida na arte, como o escritor Alberto de Deus Nunes, na forma&ccedil;&atilde;o do senhor?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;&quot;Meu pai foi tudo para mim. Meu pai tinha uma biblioteca em casa e l&aacute; eu conheci a Hist&oacute;ria Universal de Cesare Cant&uacute; e muitos outros livros, minha forma&ccedil;&atilde;o foi toda atrav&eacute;s de meu pai, ele transmitia tudo para os filhos. Meu pai nunca frequentou uma sala de aula, no entanto, foi coletor federal, escritor, poeta e jornalista.&quot;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>Recentemente a ALERP eternizou o nome do pai do senhor, escritor Alberto de Deus Nunes, atrav&eacute;s de uma Galeria. Qual a import&acirc;ncia dessa galeria para a cultura picoense?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;&quot;&Eacute; de uma import&acirc;ncia muito grande, n&atilde;o porque sou filho do autor. Mas, porque Alberto de Deus Nunes foi um dos primeiros autores, escritores e poetas picoenses, ent&atilde;o, acho justa essa homenagem e ele contribuiu diretamente para a constru&ccedil;&atilde;o dessa galeria.&quot;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>Seu pai pode ser considerado uma pessoa al&eacute;m do seu tempo. Qual o maior legado dele para o senhor?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;&quot;Sim, meu pai tinha vis&atilde;o de futuro. Ele escreveu um artigo onde falava da constru&ccedil;&atilde;o de uma ferrovia ligando Teresina-petrolina passando por Picos, fez esse registro. Quanto ao legado, a obra que ele mais legou &agrave; minha pessoa foi a sua forma serena de educa&ccedil;&atilde;o. Era uma educa&ccedil;&atilde;o amiga e aconchegante, quando ele abria a boca todos n&oacute;s nos prepar&aacute;vamos porque sab&iacute;amos que ele ia falar alguma coisa de grandeza que n&oacute;s ir&iacute;amos aprender, absorvemos isso na alma.&quot;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>Ainda estudante, o escritor Douglas Nunes participou de manifesta&ccedil;&otilde;es estudantis em S&atilde;o Paulo contra a ditadura militar. Como foi engajar numa luta que sofria fortes repres&aacute;lias por parte do governo?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;&quot;A palavra que me vem imediatamente &eacute; medo. Medo de ser preso, medo de ser morto. Porque a ditadura militar n&atilde;o se limitava simplesmente a prender, mas torturava. Geralmente pelo simples prazer e n&atilde;o em busca de informa&ccedil;&otilde;es, eles tinham aquela liberdade e a praticavam. Eu participei de uma manifesta&ccedil;&atilde;o na Pra&ccedil;a Ramos de Azevedo-Viaduto do Ch&aacute;, tamb&eacute;m, em 1972 tivemos uma participa&ccedil;&atilde;o na Avenida Tiradentes, onde milhares de estudantes sentados na Avenida manifestavam contra a pris&atilde;o de alguns colegas. Nessa &eacute;poca a ditadura ainda n&atilde;o era t&atilde;o r&iacute;gida, come&ccedil;avam as manifesta&ccedil;&otilde;es de estudantes e oper&aacute;rios. E eu me infiltrei no meio dos estudantes e grit&aacute;vamos, todos de punhos levantados&nbsp;<strong><em>Ou ver a P&aacute;tria Livre, ou morrer pelo Brasil</em></strong>! E nisso veio toda aquela tropa de soldados da For&ccedil;a P&uacute;blica (Pol&iacute;cia Militar) contra os estudantes com espada em punho, cassetete de pau e borracha no ombro de todos os manifestantes, corremos todos desesperados at&eacute; o viaduto 9 de junho. Mas isso nos unia, os estudantes lutavam unidos contra a ditadura militar.&quot;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>Al&eacute;m dessa uni&atilde;o, o jovem daquela &eacute;poca levantava uma bandeira de luta e ia as ruas, diferente da atualidade. Que rela&ccedil;&atilde;o o senhor faz da juventude que lutou contra o regime militar e a juventude atual?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;&quot;A juventude daquele tempo era atuante, tinha participa&ccedil;&atilde;o. Era coesa, se sintonizava no pensamento de liberdade e, tamb&eacute;m, de revolta contra o regime militar. A ditadura tirava a liberdade dos jovens se reunirem em cal&ccedil;adas, pra&ccedil;as ou at&eacute; mesmo em casas para conversarem sobre esporte, amores, bailes eram logo reprimidos por uma guarni&ccedil;&atilde;o. Isso fez com que os jovens despertassem e se&nbsp; inquietassem com aquela situa&ccedil;&atilde;o. Eles se perguntavam:&nbsp;&nbsp; &quot;- O que est&aacute; acontecendo com o Brasil que n&atilde;o podemos nem conversar? Que liberdade &eacute; essa? At&eacute; as casas s&atilde;o invadidas sem nenhum mandato judicial?&quot;&nbsp;<br /> Esses foram um dos motivos para que os jovens se manifestassem contra aquela forma de governo. N&atilde;o pod&iacute;amos ler uma publica&ccedil;&atilde;o sobre o assassinato de um colega no Jornal O Estado de S&atilde;o Paulo, por exemplo, porque o jornal era censurado e por isso publicava receitas de bolos. Tudo era censurado e naquela &eacute;poca quer&iacute;amos viver o conceito de liberdade. Hoje &eacute; diferente, tem a internet com informa&ccedil;&otilde;es mais abrangentes e o jovem &lsquo;grita&rsquo; na internet, n&atilde;o tem mais aquela participa&ccedil;&atilde;o f&iacute;sica t&atilde;o intensa, aquela uni&atilde;o que faz com que o homem cres&ccedil;a com o conceito de liberdade.&quot;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>Escritor o senhor atuou na imprensa Oficial do Estado de S&atilde;o Paulo, especificamente em qu&ecirc;?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;&quot;Foi de 1969 a 1972, eu era bloquista. Trabalhava no departamento de informa&ccedil;&atilde;o do Di&aacute;rio Oficial, atuava como bloquista na confec&ccedil;&atilde;o de livros e revistas para o Di&aacute;rio.&quot;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>Quando decidiu voltar a Picos e por qu&ecirc;?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;&quot;A primeira vez que estive em Picos foi em 1968, vim com minha m&atilde;e, eu tinha 16 anos, meu pai ainda era vivo. E ao chegar a Picos, que eu desconhecia minha terra, descobri um novo mundo. O Piau&iacute; era outro mundo, completamente diferente. A comida era diferente, as pessoas se comunicavam diferente, as pessoas andavam de jumento, urubu no meio da rua isso a gente n&atilde;o via em S&atilde;o Paulo. Era minha terra, Picos-Piau&iacute;, eu me encantei por esse lugar e jurei a minha m&atilde;e: &quot;-eu vou voltar para o Piau&iacute;!&quot;. Voltei em 1974 foragido da For&ccedil;a P&uacute;blica, o regime militar estava me perseguindo e me vi obrigado a fugir, muitos de meus colegas fugiram para Santos outros para Jundia&iacute; e eu consegui dinheiro com meu irm&atilde;o para vir para o Piau&iacute;. Permaneci aqui seis meses e trabalhei na Empresa Sondot&eacute;cnica Engenharia de Solos Ltda, no asfaltamento da BR-316. Eu tinha lembran&ccedil;as de S&atilde;o Paulo, recordava as correrias, brigas eu era atuante e queria participar, n&atilde;o queria ficar apenas escondido, como se fosse uma sombra. Mas, era necess&aacute;rio me esconder, n&atilde;o era covardia era para sobreviver e depois continuar a batalha.&quot;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>Aqui em Picos o senhor atuou em alguns meios de comunica&ccedil;&atilde;o, inclusive fundou um jornal. Qual a rela&ccedil;&atilde;o do escritor Douglas Nunes com a imprensa?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;&quot;Em 1980 trabalhei na R&aacute;dio Difusora de Picos como locutor, aprendiz de comunicador e aprendi muita coisa, a Difusora me abriu as portas das informa&ccedil;&otilde;es necess&aacute;rias para transmitir ao p&uacute;blico. Em 2001 fundei o Jornal dos Bairros, esse jornal contou com alguns profissionais, foi um momento muito bom, eu queria transmitir not&iacute;cias que n&atilde;o se limitavam apenas a Picos apesar do nome.&quot;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>Como &eacute; ser escritor na cidade de Picos?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;(risos) &quot;Ser escritor na cidade de Picos... Imagine o meu pai o quanto ele deveria sofrer, sem nenhum apoio. Hoje n&oacute;s vivemos em pleno s&eacute;culo XXI e a cidade de Picos ainda engatinha em rela&ccedil;&atilde;o a cultura, as artes. N&oacute;s vemos tantos artistas que sobrevivem as custas deles mesmos, com a for&ccedil;a a vontade de querer crescer, de fazer alguma coisa de fazer a diferen&ccedil;a. Na cidade de Picos fazer cultura &eacute; muito dif&iacute;cil, &agrave;s vezes me sinto isolado, &eacute; triste falar isso mas, a gente vai sobrevivendo.&quot;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>O que contribui para o desinteresse dos jovens picoenses em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; cultura?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;&quot;A falta de locais de manifesta&ccedil;&otilde;es art&iacute;sticas &eacute; apenas um fator. Se o poder p&uacute;blico n&atilde;o d&aacute; aten&ccedil;&atilde;o nenhuma &agrave; cultura, em nossa cidade n&oacute;s temos pessoas que d&atilde;o esse valor e sobrevivem. Esse descaso aumenta a for&ccedil;a de vontade nos atores e artistas picoenses de produzir mais em detrimento do poder p&uacute;blico que nada faz. Quando procuramos o poder p&uacute;blico parar nos auxiliar eles imaginam que a gente est&aacute; em busca para interesse pr&oacute;prio e n&atilde;o &eacute;! Queremos fazer algo em prol da sociedade, do desenvolvimento cultural da nossa cidade... &Eacute; um absurdo esse abandono cultural que vivemos, por&eacute;m, acredito que como existem pessoas que produzem individualmente vamos sobrepujar isso.&quot;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>Quantos livros o senhor j&aacute; escreveu?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong> Livros n&atilde;o publicados: &quot;Duas Dire&ccedil;&otilde;es em Quatro Retornos&quot;, &quot;Veredas, a Saga de um Poeta&quot; e &quot;O Po&ccedil;o das Almas&quot;. Publicados: &quot;Elos da Poesia e O mais longo de meus dias, romance. Estou atualmente trabalhando na biografia: &quot;O vale das Falenas&quot;, &eacute; uma biografia do meu pai. Se vivo ele faria 100 anos agora em abril, nessa ocasi&atilde;o quero publicar esse livro em sua homenagem.&quot;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>O senhor tem informa&ccedil;&otilde;es se a Casa da Cultura tem algum projeto de incentivo art&iacute;stico-cultural?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;&quot;Na pessoa da secret&aacute;ria L&uacute;cia Monteiro ela busca realizar alguma coisa, ela tem interesse mas, n&atilde;o disp&otilde;e de recursos.&quot;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>O senhor publica em alguns sites artigos que abordam o cotidiano picoense; h&aacute; projetos para o lan&ccedil;amento de uma obra que contemple todos esses artigos?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;&quot;Eu penso em juntar esses Artigos e publicar uma obra que contenha todos eles, eu n&atilde;o conto nenhuma mentira neles, eu n&atilde;o posso mentir, apenas relato fatos nosso tempo.&quot;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>Que rela&ccedil;&atilde;o o senhor faz entre a juventude picoense e as produ&ccedil;&otilde;es art&iacute;stico-culturais?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;&quot;A universidade &eacute; uma das respons&aacute;veis por essa dissemina&ccedil;&atilde;o. A UFPI realiza eventos dessa natureza, como o FECULT o qual fui convidado a participar. &Eacute; muito bom estar no meio dos jovens passando essas ideias, s&atilde;o universit&aacute;rios que querem aprender e acredito que eles devem se basear nas palavras de pessoas mais experientes.&quot;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>O senhor j&aacute; produziu e dirigiu um filme, qual o sentimento de produzir um longa-metragem?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;&quot;Eu sempre quis fazer coisas, n&atilde;o sei se isso &eacute; diferente ou n&atilde;o. Eu sempre quis ser escritor, l&aacute; em casa meu pai tinha uma vasta biblioteca, seria triste demais ter aquele conhecimento ao alcance e ignor&aacute;-lo. Um dos primeiros livros que li foi O menino do engenho, de Jos&eacute; Lins do R&ecirc;go e outros como A ilha do tesouro. Li a B&iacute;blia v&aacute;rias vezes e tantos mais. Al&eacute;m do sonho de escritor queria produzir um filme, mas me faltava c&acirc;mera. Depois de muito tempo me surgiu a oportunidade, a vida &eacute; assim: os anos v&atilde;o passando e voc&ecirc; vai achando que amanh&atilde; pode fazer e &agrave;s vezes acaba n&atilde;o fazendo. Quando me surgiu a oportunidade, com uma c&acirc;mera na m&atilde;o e a id&eacute;ia produzi o filme&nbsp;<em>Intoler&acirc;ncia e Paix&atilde;o</em>. Eu j&aacute; tinha a hist&oacute;ria, me baseei no romance<em> O mais longo dos meus dias</em>, baseado em fatos reais de um caso que ocorreu em Picos em 1981, em que narra a paix&atilde;o de um casal de jovens que sofre com a intoler&acirc;ncia dos irm&atilde;os da jovem e tamb&eacute;m do ass&eacute;dio das autoridades, que talvez com reminisc&ecirc;ncias da ditadura praticavam em Picos a tortura. E o filme fala da tortura de um preso e da intoler&acirc;ncia dos irm&atilde;os. Levei isso para as telas com v&aacute;rios atores e cen&aacute;rio picoenses, agora estou produzindo o filme&nbsp;<em>O Po&ccedil;o das Almas</em>, baseado em um livro de minha autoria que tem o mesmo nome.&quot; &nbsp; &nbsp; &nbsp;&nbsp;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>No lan&ccedil;amento do filme Intoler&acirc;ncia e Paix&atilde;o qual o sentimento do senhor em ver uma produ&ccedil;&atilde;o exibida nas telas?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;&quot;Ah, &eacute; uma alegria muito grande e ao mesmo tempo l&aacute;grimas, &eacute; um misto. Voc&ecirc; presencia seu sonho realizado e o p&uacute;blico todo assistindo aquele seu trabalho e a cr&iacute;tica tamb&eacute;m. A manifesta&ccedil;&atilde;o do povo agrada, seja falando:&nbsp; &quot;Douglas gostei do filme!&quot; ou &quot;Douglas n&atilde;o gostei de tal parte!&quot;. Isso eu chamo de coragem, produzir e lan&ccedil;ar ao p&uacute;blico,&nbsp; milhares de pessoas v&atilde;o conhecer o seu &iacute;ntimo.&quot;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>Algumas pessoas dizem que Picos &eacute; uma cidade sem identidade cultural, o senhor concorda com essa afirma&ccedil;&atilde;o?</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;&quot;Em parte concordo, se perguntarmos aos picoenses quem foram Hilda Policarpo, En&oacute;i Nunes Santos, Alberto de Deus Nunes acredito que 90% n&atilde;o saber&atilde;o responder. Por&eacute;m, sou um otimista e acredito que isso vai mudar. A ALERP disponibiliza fotografias e obras desses autores. Temos que resgatar os autores do passado, n&atilde;o podemos deixar esse vazio do nosso passado. S&oacute; podemos compreender o presente conhecendo o passado e, assim, sabermos os passos que daremos para o futuro.&quot; &nbsp;&nbsp;</p> <p align="justify"><strong>Portal O Povo:&nbsp;</strong>Deixa uma mensagem para os amantes das artes.</p> <p align="justify"><strong>Douglas Nunes:</strong>&nbsp;&quot;Que eles leiam, leiam muito. Meu sonho desde crian&ccedil;a era ser escritor. Concretizei esse sonho porque tive vontade. Acho que a vontade est&aacute; em primeiro lugar, quando temos vontade temos 50% da conquista.&nbsp;Ainda jovem recebi o conselho de uma pessoa mais idosa: &quot;<em>N&atilde;o escreva nada. Leia, leia muito que um dia voc&ecirc; vai escrever!&quot;</em> e eu segui esse conselho. O conselho que dou hoje aos jovens &eacute; o mesmo, saia do computador, do facebook, procure um livro e v&aacute; l&ecirc;, quando encontrar uma palavra desconhecida anote e procure saber o significado. Leia, somente assim voc&ecirc; conseguir&aacute; alguma coisa, a n&atilde;o ser que voc&ecirc; j&aacute; tem esse carisma todo como meu pai que nunca estudou mas, lia e escrevia frequentemente, chegou a confeccionar um dicion&aacute;rio escrevendo &agrave; m&atilde;o.</p>
Ana Luiza
26/10/2012 -00:10:

Como é maravilhoso ler uma matéria que valoriza esse grande colaborador da cultura picoense. Parabéns Douglas Nunes. Parabéns Portal O Povo por nos trazer relatos sobre esse grande escritor.

JOSÉ SOLON DE SOUZA
25/10/2012 -13:27:

GOSTARIA DE ME CONGRATULAR COM ÊSTE GRANDE ESCRITOR,POETA E CINEASTA PEALAS MERECIDAS HOMENAGENS AO SEU PAI JOÃO DE DEUS NUNES AO TEMPO EM QUE ACREDITAMOS QUE PICOS SÓ GANHOU COM O SEU AUSPICIOSO RETORNO À TERRA AMADA! COM VOTOS DE QUE NOVAS E GRANDES OPORTUNIDADES LHE SURJAM, RECEBA MEU FRATERNAL ABRAÇO. SOLON REIS

Facebook
Publicidade