Dom Plínio é o entrevistado da semana e fala sobre a Campanha da Fraternidade 2009
Campanha da Fraternindade, Segurança Pública, Comunicação em Picos, Dificuldades da Diocese, esses e outros assuntos na entrevista
<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Quais são as novidades da campanha da fraternidade 2009?</strong></div>
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<div align="justify"><strong>Dom Plínio:</strong> Como acontecem todos os anos, a Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil lançou para o ano de 2009 nesse período da quaresma mais uma Campanha da Fraternidade, desde 1964 essa campanha acontece com muito êxito no nosso país, a campanha tem o tema “Fraternidade e segurança pública” e o lema “A paz é fruto da Justiça”. O Objetivo é discutir a questão da segurança pública e também incentivar a construção de uma cultura de paz entre as pessoas, a Igreja visa envolver todo cristão e a sociedade toda em uma discussão séria sobre a segurança pública reconhecendo que mesmo sendo um dever do Estado, principalmente relacionado com a Polícia, reconhecemos que é uma responsabilidade de todo cidadão por isso, esse assunto deve ser discutido em todos os meios, principalmente no seio da Igreja, fazendo com que as pessoas descubram onde estão os conflitos, aqueles que se agravam mais e que se tornam até medo para as pessoas, que causam a insegurança.</div>
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<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Trazendo para a realidade do município de Picos e toda região, essa campanha aborda a cidadania e falta de segurança, o senhor acredita que a nossa segurança está falha? O que está faltando?</strong></div>
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<div align="justify"><strong>Dom Plínio:</strong> No pronunciamento da Polícia Militar foi falado que eles fazem o que podem, mas reconhecem a necessidade do apoio da sociedade, por isso é preciso que as pessoas se evolvam com a questão da segurança e cobrem ações concretas do Poder Público, do Estado, da Polícia e também da Família. Cada pai de família é responsável pela educação de seus filhos, é preciso saber, observar passo a passo como eles estão sendo educados. Se aquela educação recebida em casa está repercutindo na vida ou se os filhos estão recebendo outro tipo de educação nas ruas, algo que não colabore para a formação da cidadania.</div>
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<div align="justify"><strong>Portal O Povo: As drogas hoje também são preocupantes?</strong></div>
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<div align="justify"><strong>Dom Plínio:</strong> Certamente, apesar de quando se falar em segurança pública se pense logo nos jovens e nas pessoas que moram nas favelas, na verdade não é só aí que está o risco e a insegurança. Têm pessoas de classe média, por exemplo, que se envolvem com a droga e às vezes os pais nem sabem, se envolvem também com situações que causam até pânico. A corrupção é uma delas, o dinheiro desviado, falta de políticas públicas, falta de investimento em todo setor da saúde, da geração de emprego, a ausência de tudo que leva as pessoas à falta bem estar proporcionando a insegurança, podendo ser também um risco. As pessoas precisam se conscientizar disso, segurança pública não é matar bandido não, segurança pública envolve cada cidadão e esse conjunto não acontece satisfatoriamente tanto em Picos como em qualquer lugar do mundo, então a Campanha vem com o propósito de alertar as pessoas, convocar para que em união se discuta e se ponha em ação concreta o combate do que põe em risco a segurança pública.</div>
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<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Muito se comenta também que a Polícia prende e a Justiça solta, qual sua opinião a favor disso?</strong></div>
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<div align="justify"><strong>Dom Plínio:</strong> As duas existem exatamente para se cumprir, estão dentro da lei. A Polícia quando vê o erro deve levar ao conhecimento da Justiça, e a Justiça tem seus advogados que vivem exatamente para isso, para defender a causa de um ou de outro, então se é Lei, o que posso dizer ao contrário. Infelizmente isso não deixa a sociedade contente, ver um marginar, um delinqüente, uma pessoa extremamente perigosa que é presa a todo tempo e que a qualquer momento é solta, isso revolta a gente. Agora se você for visitar a cadeia pública será fácil ver pessoas analfabetas, pobres, algumas que já passaram até o tempo que deveriam passar na cadeia e não foram nem julgadas, às vezes podem ser até inocentes, os presos ricos são soltos na mesma noite porque tem dinheiro. Essa é à força do dinheiro, infelizmente, e a justiça dá margem para isso, está de acordo com a lei ninguém pode combater, assim como a decisão do Juiz. Mas, o que está acima de tudo é a força do dinheiro, porque uma pessoa pobre que não tem como pagar um advogado, a não ser que recorra ao Ministério Público, assim, apodrece na cadeia e vai morrer lá, a verdade é essa.</div>
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<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Ao longo do tempo que o Senhor se estabeleceu na cidade de Picos foi reconhecido como o Bispo da Comunicação, como que acontece esse trabalho sempre denunciando à Imprensa, assim como apresentando propostas e também mostrando o que é bom?</strong></div>
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<div align="justify"><strong>Dom Plínio:</strong> A comunicação facilita as relações, abre caminhos. Eu sou um admirador da comunicação, não se posso dizer se sou um comunicador, pode ser quem uma vez ou outra isso possa chamar a atenção de alguém, mas eu sou um admirador da comunicação e dos comunicadores, considero uma oportunidade que a sociedade conta para poder esclarecer os fatos, para que a gente possa tomar conhecimento. A comunicação se compete ao comunicador que tenha liberdade de colocar as coisas com consciência ampla do bem e para o bem de todos, até mesmo porque o bom comunicador é querido pelo povo, pode ser perseguido é claro, as forças contrárias são muito fortes, elas defendem a repressão através da força da violência. Mas é admirável ter um meio de comunicação onde os jornalistas têm a liberdade de externar aquilo que aprenderam na Universidade, vejo Picos como uma cidade vocacionada para o avanço na comunicação, os muitos jovens que estão entrando em Comunicação Social são um encanto desde que façam da sua profissão um meio forte de colaborar com o avanço de uma sociedade consciente dos fatos, com as ações sempre para o bem comum.</div>
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<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Dom Plínio, falta comunicar o Bem?</strong></div>
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<div align="justify"><strong>Dom Plínio:</strong> A realidade que nos cerca é a do medo, nem sempre a pessoa faz uma nota coerente, transparente no jornal, no rádio ou mesmo na televisão, assim a pessoa terá respaldo de proteção. Depois a questão do valor do trabalho, muitas vezes o campo não oferece valores dignos, assim o profissional corre o risco de ir atrás de qualquer dinheiro e aí a comunicação perde o rumo. Até mesmo a ganância em crescer, mesmo que tendo um emprego bom, com segurança, com salário digno, a pessoa é tentada a avançar, infelizmente existe isso, fatos que não proporcionam mudança. Só sei que o povo, sobretudo o povo mais simples, sem instrução engole tudo, quando a coisa é boa faz bem a ele, se for uma comunicação desviada, enganosa ele fica manipulado.</div>
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<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Com a proximidade ao período da Semana Santa, o que a Igreja prepara para esta data?</strong></div>
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<div align="justify"><strong>Dom Plínio:</strong> A Semana Santa é sempre um marco na vida da Igreja, em que celebramos a morte e a ressurreição de Cristo, portanto, é o tempo alto em que as coisas mudaram, ainda é impressionante como muita gente não compreende a força dessa mudança, da morte e ressurreição de Cristo que trouxe a vida, muita gente não consegue entender claramente ainda porque os fatos mostram muitos desencontros, muito sofrimento. Mas a lição que Jesus Cristo quer nos dar é a lição da sua vida pela vida dos outro, ou a morte para dar a vida, que nos ensinar que qualquer sacrifício em prol dos outros, ou da maioria do nosso povo é viável.</div>
<div align="justify">A Semana Santa é um período que toca a nossa vida para que a gente possa frear os impulsos que nos levam a querer se destacar dos outros, querer ser mais importante. Pra gente querer viver um pouco mais da humildade que nosso Jesus Cristo nos ensinou, para isso temos uma programação intensa.</div>
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<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Durante estes cinco anos que o senhor está em Picos, o que mais marcou?</strong></div>
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<div align="justify"><strong>Dom Plínio:</strong> O encanto, sempre o encanto do encontro com o povo. O povo tem a mesma cara, é o povo de Deus que já visitei, até em outros países, e percebo que é um dom de Deus encontrá-lo. O povo do Piauí é muito acolhedor, não só ao receber as pessoas bem, mas de receber a palavra de Deus, é tanto que nós somos uma referencia no país como o estado na proporção da população entre os maiores em número de católicos. Os piauienses apóiam também outras crenças, isso é importante, desde que sigam a inspiração religiosa ensinada por Jesus Cristo. O Agricultor sempre procura a terra fértil, e o Piauí é uma boa terra para se plantar a palavra de Deus, dificuldades nós encontramos em todos os lugares, mas o encanto maior é a fé do povo, às vezes acho que a fé do povo é até maior do que a nossa, por que eles sabem reverter os desânimos, as dificuldades e continuam vivos, vivos na esperança.</div>
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<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Dom Plínio, a Diocese de Picos sempre teve uma carência muito grande de Padres, esse problema ainda existe?</strong></div>
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<div align="justify"><strong>Dom Plínio:</strong> Nos ainda temos a necessidade de Padres, para se ter uma idéia, nós temos hoje 42 municípios na área geográfica de 24 mil km, e entre esses 42 municípios 22 ainda não tem Padre, ou seja, o Padre vai lá uma vez por mês, celebra a festa do padroeiro, vai celebrar missas de corpo presente e tudo mais. São cidades desenvolvidas, mas a capelinha ainda está lá acanhada, tem uma vez ou outra um celebração e o povo talvez ainda nem sonhe em ter uma matriz, assim, a nossa grande expectativa é que brevemente tenhamos um padre em cada cidade, por isso as populações devem se preparar logo, criando espaço para atender os novos Padres. Uma luz que nos aponta é que nós temos 29 seminaristas, nos meus cálculos daqui a dez anos teremos um Padre para cada município. Até aproveito para fazer um apelo porque nós temos uma iniciativa que muitas pastorais gostariam de ter, a participação dos fiéis na formação dos Padres através do projeto Amigos do Seminário, se não tivesse essa ajuda do povo não teríamos esses 29 seminaristas porque não haveria condição de acolhê-los, nossa despesa é superior a R$15 mil por mês e a diocese não tem de onde tirar, senão desses amigos que vêm todos os meses nos ajudar da forma que podem.</div>
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<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Espaço aberto...</strong></div>
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<div align="justify"><strong>Dom Plínio:</strong> Quero manifestar meu contentamento por fazer parte dessa terra agora, como servo Deus e a serviço de cada um daqueles a quem fui confiado o pastoril. Já estou há cinco anos apesar de ter consciência que não respondo as expectativas de todos, mas o que tenho feito pela graça de Deus e a confiança da Igreja tem sido de coração, espero continuar contando com a compreensão e a manifestação de zelo de cada um, porque todos nós somos responsáveis pelo Reino de Deus, a começar pela família, atentai bem ao cuidado que vocês têm por seus filhos, suas casas, seus bens. E à comunidade que deve se manter sempre atenta às necessidades maiores do povo. </div>