Pe. Gregório fala sobre a fé do povo picoense e sobre as suas dificuldades frente a paróquia
<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Qual a sua avaliação diante de 1 ano de trabalho na Paróquia de N. Senhora dos Remédios em Picos?</strong></div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"><strong>Padre Gregório:</strong> Eu cheguei aqui, exatamente no dia 10 de maio de 2008, encontrando uma paróquia com uma população bem numerosa e aglomerada, me deparando com um grande desafio, o que chamamos hoje de Pastoral Urbana. A minha experiência de Presbítero tinha sido sempre ligada às comunidades rurais. Isso exigiu da minha parte realizar exercícios de paciência, mudar a minha metodologia missionária, que era mais ligada às celebrações, aos encontros nos municípios, para um estilo mais sedentário, mais do “birô”, do confessionário, da escuta, do aconselhamento e graças a Deus, o Espírito Santo tem me auxiliado bastante nessa nova realidade.</div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Sobre o seu termômetro de aceitação, o padre Bezerra era muito querido pela população de Picos, o senhor sentiu algum receio ou rejeição?</strong></div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"><strong>Padre Gregório:</strong> Pode parecer vaidade da minha parte, mas eu seria injusto com o povo picoense se eu falasse que teria sido rejeitado. Cheguei aqui muito tenso, apreensível e de certa maneira preparado para se isso viesse a acontecer, mas não ocorreu em nenhum momento. Admiro muitas pessoas ligadas à Bezerra, acho isso justo. Senti-me bem desde o início e cada dia me sinto melhor.</div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Com é que o senhor avalia a fé do povo picoense?</strong></div>
<div align="justify"><strong> </strong></div>
<div align="justify"><strong>Padre Gregório:</strong> No campo dessa fé doutrinal, é um povo de fé tamanha. O povo de Picos gosta de procissões, caminhadas, romarias, vem a as missas. É um povo que respeita o Presbítero, respeita ao Bispo, tem atenção àquilo que a igreja fala. No campo pessoal aquela fé que vai além da doutrina, além da crendice, aquela fé que remove montanhas eu ainda sinto que o povo precisa se despertar mais para acreditar em si, acreditar no poder que a pessoa tem. Eu vejo pessoas que se deprimem com facilidade, entram em crise se a economia não vai vem, ou a vida conjugal, então deixam a desejar aquela fé que é pra ser provada no momento da crise, da provação, quando a cruz pesa sobre as costa.</div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"><strong>Portal O Povo: O senhor é um padre Carismático?</strong></div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"><strong>Padre Gregório:</strong> Em parte, eu até que gostaria de estar mais dentro, tem uma parte que admiro muito, mas fico bastante agarrado àquela educação que vem da infância e da adolescência, do jeito de rezar, de lidar com a palavra. Não me considero mergulhado na Renovação Carismática, todavia, uma veia perpassa por mim e me alimenta.</div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Durante esses 14 anos de celibato quais foram os principais desafios encontrados nessa caminhada?</strong></div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"><strong>Padre Gregório:</strong> São tantos desafios... A realidade de pobreza, de doenças, quando nós nos deparamos com o sofrimento do povo. Nosso povo é sofrido, principalmente quando você se distancia do centro. Encontramos pessoas desempregadas, sem um lar, passando fome... Isso me faz sofrer, são desafios nos campos das pastorais com as equipes, por que cada cabeça é uma sentença, cada pessoa tem sua formação, sua herança genética. Então quando nos agrupamos vamos percebendo a diferença e essas diferenças quando convergem acabam sendo um desafio.</div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Quando o senhor decidiu pelo celibato, houve alguma dúvida sobre essa decisão?</strong></div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"><strong>Padre Gregório:</strong> Não, até porque, graças ao meu bom Deus eu tomei uma decisão que não foi repentina. Na decisão para o celibato é preciso ir refletindo, amadurecendo. Eu tive a graça de fazer a experiência nos Seminário Menor em 85 quando estive em Picos, em 87 e 89 eu cursei o segundo grau em Floriano, lá nós éramos um grupo maior, acompanhados por um Reitor, em saudosa memória Dom Edilberto Dinkelborg, tínhamos o Padre Manoel Carvalho, conhecido como Pe. Pequeno, ainda convivi como padre Davi Ângelo Leal, esse presbíteros eles nos ajudaram com seus testemunhos, com as palavras e depois de 7 anos fui para o Seminário Maior em Teresina, onde cursei Filosofia e Teologia. Então foram dez anos convivência, estudo, reflexão espiritualidade para depois chegar ao meu “Sim”. O meu Sim foi consciente e com toda firmeza, na época eu tinha 29 anos.</div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"><strong>Portal O Povo: O senhor considera que o padre é um agente de mudança dentro da sociedade?</strong></div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"><strong>Padre Gregório:</strong> Sim. Apesar de hoje a televisão, os meios de comunicação ter um influencia fortíssima na cabeça das pessoas, eu acredito que o padre ainda é um formador de opinião, ele ainda tem um peso, não numa palavra esporádica ou isolada, mas no dia a dia ele é o pastor que vai acompanhando seu rebanho. É claro que a igreja já foi mais forte, ela tinha a primazia no campo da ideologia, hoje não tem mais a mesma força, porque há a divisão com outros grupos e principalmente com a mídia, a grande formadora de opinião.</div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Nota-se um aumento no número de criminalidade, prostituição, paralelo a esse crescimento existe também famílias sem estrutura, o senhor acha que a falta de uma formação família influencia no destino de uma sociedade?</strong></div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"><strong>Padre Gregório:</strong> Completamente. A voz do padre em relação à comunidade ainda é forte, como a voz do Bispo, do agente de pastoral, mas a voz do pai, da mãe, a presença da família é fundamental. A criança que cresce com orientação de bons pais será diferente. Os maiores infratores, as pessoas que mais promovem a violência, não 100%, vem de famílias desestruturadas, sem uma boa formação, sem uma educação religiosa, cristã, ética, cristã no seu lar.</div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Uma mensagem para o povo picoense..</strong></div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"><strong>Padre Gregório:</strong> Que a alegria da ressurreição de Cristo continue, “Ele é o caminho, a verdade e a vida” e é o nosso orientador. Que o manto de Nossa Senhora se estenda sobre o povo picoense para protegê-lo. Eu encontro uma cidade marcada por tanta violência, marcada pelos assaltos, pela insegurança e eu faço votos que esse quadro mude. Aos poucos as mudanças vêm acontecendo. Faço votos de que nós tenhamos segurança, tranqüilidade para ir e vir, sentar nas calçadas, poder visitar seus vizinhos, que as crianças possam ir para as escolas e os pais ficarem tranqüilos. Ainda sonho com uma Picos como era antes, onde as pessoas podiam sair de casa com alegria e voltar satisfeitas. Aproveito para emitir meus sinceros agradecimento, aos meios de comunicação que estão me ajudando a levar essa mensagem, agradeço a Dom Plínio que está sempre me orientando, guiando pelo caminho certo e aos nossos fieis.</div>