Cada equipe era composta por um médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social e um psicopedagogo.
<div align="justify">Ainda é difícil conviver com a lembrança da tragédia – este é hoje, talvez o sentimento mais latente na vida de milhares de famílias afetadas pelo rompimento da Barragem de Algodões I, localizada em Cocal, distante 280 quilômetros de Teresina, no norte do Piauí. A zona rural do município, região que concentra a maior parte de sua população, estimada em 27 mil habitantes foi praticamente arrasada pela enxurrada das águas que desceram rio abaixo, depois que uma ombreira do reservatório de Algodões se rompeu, no último dia 27 de maio.</div>
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<div align="justify">Os dias que sucedem esta tragédia continuam sendo de muita dor, desespero e angústia para as famílias atingidas pela enchente. O estado de calamidade instalado em Cocal após o acidente, motivou uma ação emergencial desencadeada pela Prefeitura de Picos através da Secretaria Municipal de Saúde. Um grupo, reunindo 37 profissionais de foi deslocado até Cocal como forma de prestar ajuda humanitária auxiliando no socorro às vítimas feitas pelo rompimento da barragem.</div>
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<div align="justify">Durante quatro dias, equipes multiespecializadas integraram-se às ações emergenciais já em andamento naquele município no atendimento às vítimas. De Picos foram enviados médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, técnicos em enfermagem e psicopedagogos, além de motoristas e pessoal de apoio. O desafio de auxiliar no socorro às vitimas, era uma tarefa árdua, por conta do alto grau de destruição deixado pelo acidente, mas ao mesmo tempo despertava nos profissionais o desejo de ajuda, o que tornava qualquer dificuldade algo secundário.</div>
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<div align="justify">O trabalho das equipes começou ainda na sexta-feira (05), à noite. A missão batizada de “Picos Solidário a Cocal” integrou-se a força-tarefa já existente no município. Na base do comando unificado, setor instalado na Prefeitura de Cocal e de onde são planejadas as ações de resgate e atendimento às vítimas, os profissionais picoenses conheceram o esquema de atendimento e foram orientados sobre para quais regiões deveriam seguir.</div>
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<div align="justify">Cada equipe era composta por um médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social e um psicopedagogo. Em grupos, todos eram enviados para os locais onde haviam famílias necessitadas, seja em abrigos públicos na zona urbana, ou em localidades da zona rural, onde, em algumas delas, só era possível chegar de helicóptero. As primeiras equipes deslocadas por via aérea chegaram sábado aos povoados Boíba e Angico Branco, um dos últimos que estavam sem acesso por terra.</div>
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<div align="justify">O deslocamento foi feito por aeronaves do Exército Brasileiro – durante o sobrevoo, os profissionais puderam visualizar a dimensão dos estragos deixados depois que a enxurrada passou, arrastando casas, animais e até moradores. No povoado Boíba, as equipes começaram os atendimentos utilizando o espaço de escolas e uma casa.</div>
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<div align="justify">Na unidade de ensino, por exemplo, foram realizadas atividades lúdicas, direcionadas às crianças, enquanto que assistentes sociais ficaram a cargo de cadastrar famílias e analisar a situação de cada uma delas. No consultório improvisado, médico, enfermeiro e auxiliar realizaram uma série de atendimentos. Consultas para adultos, jovens e até crianças de colo. Foram levados ainda medicamentos simples para distribuição aos necessitados.</div>
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<div align="justify">Durante todo o trabalho de atendimento, as equipes chegavam a passar o dia inteiro percorrendo comunidades na zona rural e conseguindo realizar em média cerca de 250 atendimentos. Em alguns casos, os médicos chegaram a realizar pequenas cirúrgias, bem como orientar os pacientes sobre os riscos de doenças que podem se manifestar em forma de parasitoses intestinais, problemas respiratórios, gripes e problemas de pele.</div>
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<div align="justify">Muitos moradores que foram atendidos chegaram com ferimentos, causados na tentativa de fugir da enxurrada. O trabalho dos psicopedagogos foi direcionado como forma de proporcionar às crianças atividades de lazer e descontração. Muitas delas ainda estão abaladas com a tragédia, casos que foram auxiliados pelos psicólogos da missão picoense. O trauma psicológico deixado pelo acidente na barragem é apenas parte das muitas dificuldades enfrentadas pelas famílias em abrigos ou na zona rural.</div>
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<div align="justify">Nos quase cinco dias de permanência em Cocal, as equipes relataram situações de extrema dificuldade enfrentadas pelas famílias atingidas. Muitas delas perderam mais que suas casas, eletrodomésticos, plantações e criação. A água levou histórias, instituições familiares, além de vidas humanas. Os “estragos psicológicos” foram vivenciados de perto pelos profissionais de saúde que permaneceram engajados na missão e puderam colaborar significativamente com trabalho mobilizado em torno daquela população.</div>
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<div align="justify">Seja por via aérea, veículos tracionados, em motocicicletas ou a pé, o trabalho das equipes em prol do atendimento às vitimas chegou a lugares onde o cenário é facilmente assemelhado ao de uma guerra. Quem perdeu tudo, hoje é obrigado a enfrentar uma longa espera, mas apesar de conviver lado a lado com a tragédia, ainda tem ânimo para tirar esperanças deixadas em meio ao desastre. A missão retornou à Picos no inicio da manhã da última quarta-feira (10).</div>
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<div align="justify"><strong>Depoimentos</strong></div>
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<div align="justify">“Essa é uma experiência única para nós, nunca vivida. A nossa equipe adquiriu uma bagagem muito grande e para nós da assistência social foi muito gratificante poder trabalhar com todas essas famílias”. <strong>Sammara Sá – assistente social</strong></div>
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<div align="justify">“Foi uma satisfação muito grande, eu gostaria de agradecer desde já ao prefeito, a toda equipe de Picos pela solidaridade. Foi maravilhoso, todos os trabalhos realizados com sucesso, por isso vai ficar marcado como um ato de carinho com o povo de Cocal”. <strong>Elisângela Pereira – primeira dama de Cocal.</strong></div>
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<div align="justify">“É difícil a gente afirmar a melhor experiência, pois todos os dias nós aprendemos muito, conhecemos a realidade da comunidade e contribuímos com isso. Acho que essa experiência em sí foi o melhor de tudo”, <strong>Wellington Macêdo – psicólogo.</strong></div>
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<div align="justify">“Nós viemos preparados para encontrar situações críticas, como realmente a gente encontrou. Em muitas localidades as pessoas estavam sem atendimento há muito tempo, nós tivemos que fazer procedimentos até cirúrgicos em locais não apropriados, mas foi necessário, pois era uma situação de emergência. A gente se deparou com muitas pessoas necessitadas, muito abaladas. Essa experiência nos enriqueceu muito, eu creio que para todos nós e para a comunidade foi muito importante”. <strong>Sery Nely Santos Lima – enfermeira.</strong></div>
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<div align="justify">“Eu acredito que a melhor experiência que nós tiramos dessa missão foi a solidariedade do povo daqui, com o povo daqui mesmo”. <strong>Emmelyne Rodrigues – psicóloga. </strong></div>
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<div align="justify">“A gente chegou aqui sem idéia do que iria encontrar. A idéia que tínhamos era apenas de que as coisas aqui estavam um caos. Nós ajudamos, mas acredito que a gente aprendeu muito mais com as pessoas simples, que perderam tudo e com todos nós da equipe”. <strong>Wianney Moura – médico.</strong></div>
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<div align="justify">“Nós estamos felizes pelo resultado do nosso trabalho uma vez que ele foi planejado com muito carinho e organização e executado com muita eficiência. Todos os nossos profissionais vieram de corpo e alma. A gente percebeu o amor, carinho e acolhimento da população, é gratificante ver a nossa equipe aqui se despedindo e deixado uma gostinho de saudade”. <strong>Tazmânia Medeiros (Bêle) ex-secretária de saúde de Picos e coordenadora da missão.</strong></div>