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ENTREVISTA DA SEMANA
Rosa Luz fala sobre culinária, livros e futebol...
Filha de Picos, nascida no Baixio Ipueiras em 7 de janeiro de 1947 a professora aposentada fala sobre os projetos para uma cooperativa de culinária
Lana Krisna - 17/07/2009

<div align="justify"><strong>Qual o grande diferencial e potencial da culin&aacute;ria Picoense?</strong></div> <div align="justify"> <p>A nossa culin&aacute;ria &eacute; riqu&iacute;ssima, mas foi se perdendo durante o tempo, &eacute; feita com produtos da terra, e n&atilde;o importados. Muitas pessoas se utilizam desses pratos, mas nem sabem que os mesmos fazem parte da hist&oacute;rica cozinha picoense, como o bai&atilde;o de dois, a pa&ccedil;oca, Maria Izabel, os doces, bebidas como o alu&aacute;, sabores que morreram para algumas pessoas, mas que eu n&atilde;o deixei ser esquecido.</p> <p><strong>A senhora vem desenvolvendo um trabalho de reconhecimento de bebidas e comidas t&iacute;picas da regi&atilde;o de Picos, o seu interesse &eacute; criar uma cooperativa para expans&atilde;o nesse segmento?</strong></p> </div> <div align="justify"> <p>O meu interesse n&atilde;o &eacute; para mim, &eacute; para os outros, quero ensinar as pessoas que tenham o seu produto em casa, seja na ch&aacute;cara, no ro&ccedil;ado, e que n&atilde;o saibam se utilizar desse produto. Eu quero ensinar as pessoas a usar a criatividade para criar novos pratos, e assim se alimentarem de maneira mais saud&aacute;vel, e se for o caso, comercializar o produto feito com os frutos da terra, o que pode melhorar o rendimento familiar, seja atrav&eacute;s de cooperativas ou associa&ccedil;&otilde;es.</p> <p><strong>O objetivo &eacute; estudar os alimentos da regi&atilde;o?</strong></p> </div> <div align="justify">Sim, como exemplo posso citar a bebida, eu fa&ccedil;o o licor e fico testando os produtos que temos na regi&atilde;o, e est&aacute; dando certo, como o licor de hortel&atilde;, seriguela, carambola, pequi, buriti, umburana, s&atilde;o quase 40 sabores de licor oriundos da nossa terra.</div> <div align="justify"> <p><strong>Entre as receitas inventadas pela senhora, quais &eacute; poss&iacute;vel destacar?</strong></p> <p>Entre as receitas criadas tenho o bolo de tamarindo, o bolo de capim santo com raspa de laranja e iogurte, quatro bolos diferentes a base do umbu caj&aacute;, assim como receitas da carambola, do gergelim, inclusive estou me preparando para registrar essas receitas, e em seguida enviar a do bolo de tamarindo para o programa da Ana Maria Braga.</p> </div> <div align="justify"><strong>A senhora sente dificuldades para dar prosseguimento a esse estudo em Picos?</strong></div> <div align="justify"> <p>Sinto. Como esse projeto n&atilde;o vai render para as pessoas que o ajudarem, e sim para os ajudados, seria muito bom encontrar algu&eacute;m que quisesse investir. A finalidade &eacute; ajudar aos outros. O empecilho &eacute; o fato de eu n&atilde;o poder dar aula, para ministrar cursos, ou simplesmente dar aula de culin&aacute;ria, para isso &eacute; preciso j&aacute; ter passado por um curso de forma&ccedil;&atilde;o, nunca consegui fazer um curso de culin&aacute;ria dentro da minha cidade, sou autodidata, todo meu conhecimento foi adquirido ao longo da vida, n&atilde;o tenho nenhum curso que me qualifique para tal.</p> <p><strong>Como a senhora aprendeu a cozinhar, e como surgiu essa paix&atilde;o pela cozinha? </strong></p> </div> <div align="justify"> <p>A minha fam&iacute;lia traz isso na tradi&ccedil;&atilde;o, a minha m&atilde;e, que &eacute; descendente de cearenses j&aacute; usava todos esses ingredientes, e eu fui aprendendo, a partir dos 10 anos de idade ela me p&ocirc;s na cozinha para ir vendo como ela trabalhava, aprendi, depois que me aposentei uso isso como hobby, j&aacute; que n&atilde;o temos espa&ccedil;o em outros lugares, eu criei meu pr&oacute;prio espa&ccedil;o de estudo.</p> <p><strong>Mesmo tendo ido para cozinha aos 10 anos, a senhora tra&ccedil;ou um caminho diferente e buscou independ&ecirc;ncia financeira, como foi sua experi&ecirc;ncia na sala de aula?</strong></p> </div> <div align="justify">Ser professora n&atilde;o foi o que eu escolhi, foi o que meu pai escolheu, eu queria fazer medicina, mas ele n&atilde;o deixou e me colocou num internato para ser professora, diante disso n&atilde;o fui me revoltar, pelo contr&aacute;rio, assumi com responsabilidade e se perguntarem para os meus alunos saber&atilde;o quem foi Rosa Luz na sala de aula, sou suspeita, mas at&eacute; hoje os meus alunos s&atilde;o meus amigos.</div> <div align="justify"> <p><strong>Como a senhora avalia as mudan&ccedil;as da sala de aula antes e agora?</strong></p> <p>Estou afastada h&aacute; 19 anos, fui professora, coordenadora e diretora, o que eu ou&ccedil;o &eacute; que o professor de hoje n&atilde;o &eacute; como n&oacute;s aquela &eacute;poca, dizem at&eacute; que se eu fosse para a sala de aula hoje, eu n&atilde;o daria aula, por que eu era muito dura, exigia demais e hoje alguns alunos n&atilde;o querem aprender.</p> </div> <div align="justify"><strong>Nessas duas &eacute;pocas, como a senhora v&ecirc; a valoriza&ccedil;&atilde;o do profissional professor?</strong></div> <div align="justify"> <p>Na &eacute;poca em que eu comecei o sal&aacute;rio do professor era muito bom, foram desvalorizando o valor que receb&iacute;amos, mas hoje os professores tem mais oportunidade, a exist&ecirc;ncia de muitos cursos e especializa&ccedil;&otilde;es contribui para a valoriza&ccedil;&atilde;o. Na &eacute;poca n&atilde;o cheguei a concluir o curso superior, o que n&atilde;o me impediu de dar aula at&eacute; o cient&iacute;fico, hoje ensino m&eacute;dio.</p> <p><strong>Al&eacute;m de professora, a senhora tamb&eacute;m foi destaque a n&iacute;vel estadual e nacional como primeira mulher a dirigir um time profissional de futebol, como foi essa experi&ecirc;ncia?</strong></p> </div> <div align="justify"> <p>Foi nos anos de 1995 e 1996, uma experi&ecirc;ncia muito boa, porque de futebol muita gente dizia que eu s&oacute; sabia que a bola era redonda, um engano. Quando estudei no Crato eu era f&atilde; do Icasa e n&atilde;o perdia um jogo, e no col&eacute;gio que eu estudava tinha uma quadra com futebol de sal&atilde;o toda quinta-feira, ent&atilde;o eu vivia dentro desse esporte e passei a gostar. Assumi a presid&ecirc;ncia da SEP e foi muito bom, por onde passei deixei a marca de uma mulher com a m&atilde;o de ferro, na &eacute;poca n&atilde;o tive apoio nem das mulheres e nem dos homens, n&oacute;s and&aacute;vamos pedindo esmolas para viajar, para pagar os jogadores, a se eu pegasse a SEP de hoje com o dinheiro que o time tem para trabalhar.</p> <p><strong>Quais foram as dificuldades?</strong></p> </div> <div align="justify"> <p>Quanto ao tratar de ser aceita pelos jogadores n&atilde;o tive problema, fui bem aceita na Federa&ccedil;&atilde;o e bem tratada e cuidada em qualquer lugar onde cheguei com os meus jogadores, &eacute; claro que existem aquelas pessoas que sempre s&atilde;o contra.</p> <p><strong>A senhora se considera uma mulher a frente do seu tempo?</strong></p> </div> <div align="justify"> <p>Desde quando nasci eu sempre fui al&eacute;m. Imagine em 1964, quando Picos n&atilde;o tinha nem o 2&deg; grau e eu j&aacute; queria fazer medicina. Naquele tempo n&atilde;o t&iacute;nhamos jornais e poucos r&aacute;dios e eu j&aacute; pensava diferente, mas acabei ficando por Picos e at&eacute; hoje n&atilde;o descobri qual &eacute; a minha miss&atilde;o nessa cidade. Era pra eu ter estudado muito, porque &eacute; o que eu sonhei e sonho ainda.</p> <p><strong>Como filha de Picos, como a senhora avalia a cidade nos dias atuais?</strong></p> </div> <div align="justify">A cidade era mais pacata, hoje ela tem muito tr&acirc;nsito, gente chegando de todos os lugares, agora a cidade em si est&aacute; sendo bem administrada, &eacute; dif&iacute;cil para o administrador por que ela cresceu muito r&aacute;pido e vem carregando problemas de outros tempos. Picos deveria ter mais atrativos para o seu tamanho, a parte cultural e o artesanato deixa a desejar.</div> <div align="justify"> <p><strong>Al&eacute;m de ser professora e gostar de culin&aacute;ria, a senhora &eacute; membro fundador da Academia de Letras da Regi&atilde;o de Picos, como foi essa experi&ecirc;ncia?</strong></p> <p>No in&iacute;cio fui procurada por escritores de Teresina para fundar uma academia. Juntei-me com outros grupos de Picos e demos um pontap&eacute; inicial, sem minha autoriza&ccedil;&atilde;o me elegeram como presidente, mesmo renunciando, fui obrigada a assumir pela unanimidade da elei&ccedil;&atilde;o. Sobre os objetivos da academia sou sincera, eles n&atilde;o est&atilde;o sendo aplicados como deveriam ser, &eacute; preciso ser feito um trabalho fora, nas escolas, com a sociedade primando pela l&iacute;ngua portuguesa. Atualmente o trabalho est&aacute; muito restrito a lan&ccedil;amento de livros, e o lan&ccedil;amento &eacute; uma conseq&uuml;&ecirc;ncia do trabalho que se faz fora da academia, nas escolas, universidades, portanto me afastei.</p> </div> <div align="justify"> <p><strong>Quais s&atilde;o os seus livros em prepara&ccedil;&atilde;o?</strong></p> <p>Tenho um livro de fotografias que contar&aacute; com as poesias sob a &oacute;tica das minhas fotos, um de culin&aacute;ria a n&iacute;vel nacional, desde a mandioca dos &iacute;ndios at&eacute; as pizzas de hoje e terceiro que foi desmembrado deste &uacute;ltimo, tratando sobre a culin&aacute;ria picoense, que ser&aacute; mais acess&iacute;vel a todos.</p> </div> <div align="justify"> <p><strong>Picos &eacute; uma cidade carente de escritores, ou n&atilde;o existe incentivo?</strong></p> <p>Autores t&ecirc;m muito, temos muita gente boa, o que falta &eacute; incentivo pela secretaria de educa&ccedil;&atilde;o, de cultura, pelo poder municipal, estadual e federal tamb&eacute;m. N&atilde;o s&oacute; na literatura, mas em outras artes. Existe certo descaso, e falo n&atilde;o para agradar gregos e troianos, a verdade &eacute; essa.</p> </div> <div align="justify"> <p><strong>Entre Futebol, Livros e Culin&aacute;ria, qual deles ocupa mais espa&ccedil;o no seu cora&ccedil;&atilde;o?</strong></p> <p>O que est&aacute; ocupando mais espa&ccedil;o no meu cora&ccedil;&atilde;o e tem me transformado em cientista ultimamente &eacute; a culin&aacute;ria, o jogo dos ingredientes. Esse prazer tem me deixado altamente realizada. Queria que muita gente viesse conhecer, a minha casa est&aacute; aberta para todas as pessoas que tenham esse interesse, que queiram conhecer essa arte.</p> </div>
Lyvia Luz
28/03/2012 -10:23:

Muito lindooooooooooooooo!!!!!!

maria iracy da rocha nascimento
30/03/2011 -21:17:

rosa luz vi sua reportagem super inteligente voc~e é uma pessoa meiga simpática linda maravilhosa pois estudei com ele em 1980 ela era minha professoura de portug~es pois amo ela nunca esqueci inteligente sobre aprender e repassar pra gente hoje eu sei devo a ela. obrigada rosa aqui fica sua amiga iracy rocha

Lya Luz
01/12/2010 -07:22:

Tia adorei sua materia! Espero que todos estejam bem! Um abraço!!!Lya Luz

tete
29/08/2009 -20:11:

Adorei a materia!!e eu queria saber como eu poderia falar com essa mulher...sou estudande de gastronomia do IFPI de Teresina e estou fazendo uma pesquisa da culinária de Picos e até agora eu n achei absolutamente nada...Se vcs puderem me ajudar eu facarei muiiito grata...Pelo amor de Deus me ajudem...Parabés Dona Rosa vc é uma dadiva de Deus,continue sempre assim....

Robert Sousa
17/07/2009 -09:12:

Vale destacar que 1995 quando dona Rosa Luz assumiu o Sep, fomos muito longe na série, isso sem nenhum apoio,me lembro que a SEP tinha uma dívida enorme com a previdencia, que o clube ia fechar e vez, ela contornou isso e conseguiu colocar o time no campeonato. Foi a unica vez na hist´roa que o Sep sobreviveu sem ajuda da prefeitura , e não foi usado apenas para fins eleitoreiros. Parabens Dona Rosa, e volta a dirigir nosso time.

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