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ENTREVISTA DA SEMANA
Confira entrevista exclusiva com o major Vicente Carlos comandante do 4° BPM
Ele assumiu o comando em meio a uma turbulência. Substitui ao major Wagner Torres que foi afastado acusado de crime de tortura,
Wallysson Bernardes - 31/07/2009

<div align="justify">Ele assumiu o comando em meio a uma turbul&ecirc;ncia. Substitui o major Wagner Torres que foi afastado acusado de crime de tortura, ap&oacute;s sete meses sendo comandante da PM de Picos. Nestes primeiros &nbsp;seis meses a frente do comando do 4&deg; BPM o major Vicente Carlos Soares Neto de 40 anos de idade casado pai de dois filhos aos poucos vem ganhando a confian&ccedil;a da sociedade e realizando um bom trabalho. Formado pela Academia Militar de Minas Gerais o major adotou linha dura ao assumir uma das &aacute;reas mais problem&aacute;ticas do Estado. Mesmo demonstrando serenidade, Vicente Carlos n&atilde;o tem dado folga a bandidagem que teima em se instalar na Capital do Mel.</div> <div align="justify"> <p>Especialista pela pol&iacute;cia de Bras&iacute;lia (UMB) foi comandante da Companhia Cosme e Dami&atilde;o, respons&aacute;vel pela implanta&ccedil;&atilde;o do policiamento escolar e policiamento ambiental em Teresina, anteriormente a Picos estava trabalhando no DETRAN na parte de educa&ccedil;&atilde;o no tr&acirc;nsito, no interior do Estado foi comandante em Uru&ccedil;ui e Bom Jesus.</p> <p>Vicente Carlos reflete caracter&iacute;sticas de sua personalidade, tranq&uuml;ilidade, equil&iacute;brio e firmeza, as quais refletem em resultado positivo no que concerne ao projeto de estrutura&ccedil;&atilde;o da PM, que teve ampla exposi&ccedil;&atilde;o negativa ap&oacute;s as den&uacute;ncias de tortura de presos.</p> </div> <div align="justify">Nesta entrevista exclusiva com bastante desenvoltura, confiante e firme em suas falas, destaca:</div> <div align="justify"> <p><strong>&ldquo;A imagem que se tem de Picos &eacute; que &eacute; uma cidade sem lei&rdquo;.</strong></p> <p><strong>&ldquo;Infelizmente &agrave;s vezes a gente tenta dar a resposta imediata e muitas vezes atropelamos as leis&rdquo;.</strong></p> </div> <div align="justify"> <p><strong>&ldquo;infelizmente as leis brasileiras s&atilde;o&nbsp;antigas. Existe muito protecionismo, existem muitos recursos que inibem a puni&ccedil;&atilde;o e, al&eacute;m disso, infelizmente o crime no Brasil compensa&rdquo;.</strong></p> <p><strong>&ldquo;Eu falei para o Coronel Prado que se em Teresina a pol&iacute;cia tivesse o apoio que eu tenho aqui em Picos, Teresina n&atilde;o teria a criminalidade que tem&rdquo;.</strong></p> </div> <div align="justify"> <p><strong>&ldquo;Somos tratados como bandidos e o bandido &eacute; tratado como coitadinho, por isso que a gente as vezes fica entristecido&rdquo;.</strong></p> <p><strong>&quot;Infelizmente as leis n&atilde;o est&atilde;o sendo revistas, porque s&oacute; morre pobre se come&ccedil;asse a morrer filho de rico, come&ccedil;asse a ser assaltado rico e ser seq&uuml;estrado, ai sim voc&ecirc; ver&aacute; uma mobiliza&ccedil;&atilde;o da sociedade para mudar as lei, pois enquanto estiver acontecendo s&oacute; dentro das favelas e nos bairros pobres vai continuar e permanecer do jeito que est&aacute;&quot;</strong></p> <p><strong>Confira a entrevista.</strong></p> </div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify"><strong>Wallysson Bernardes:</strong> qual a avalia&ccedil;&atilde;o o senhor faz destes seis primeiros meses a frente do comando do 4&deg; BPM?</div> <div align="justify"> <p><strong>Vicente Carlos:</strong> quando n&oacute;s chegamos aqui existia uma trucul&ecirc;ncia muito grande em rela&ccedil;&atilde;o aquele incidente envolvendo o major Wagner Torres. E n&oacute;s chegamos nesse per&iacute;odo critico e existia uma efervesc&ecirc;ncia das pessoas era grande, mas gra&ccedil;as a Deus conseguimos contornar esse problema. Estamos quebrando algumas barreiras e arestas que ficaram em decorr&ecirc;ncia desse incidente, mas nosso trabalho est&aacute; sendo positivo pela resson&acirc;ncia que as pessoas nos d&atilde;o. Encontramos dificuldade com o efetivo, que n&atilde;o t&iacute;nhamos, mas chegaram mais 15 policiais militares e houve uma melhora e esperamos agora novos oficiais que foram rec&eacute;m formados na academia e esse sangue novo vai dar uma din&acirc;mica melhor no nosso trabalho e a partir de agora vamos implantar uma nova vis&atilde;o de policiamento, pois esses seis primeiros meses foram de adapta&ccedil;&atilde;o. Estamos come&ccedil;ando a fazer uma nova pol&iacute;tica com as cidades vizinhas, coisa que n&atilde;o t&iacute;nhamos, estamos cobrando os delegados, implementamos o policiamento de moto, estamos aguardado o tramite da documenta&ccedil;&atilde;o para que possamos implementar um trabalho de forma&ccedil;&atilde;o desses policiais que aqui est&atilde;o. Estamos recebemos viaturas maiores que possibilitam acesso a localidades que antes n&atilde;o pod&iacute;amos acessar, pois temos ainda uma defici&ecirc;ncia na zona rural, ent&atilde;o com essas viaturas vamos intensificar o policiamento, vamos colocar policiais femininas na rua que facilitar&aacute; buscas.</p> <p><strong>Wallysson Bernardes:</strong> quando o senhor foi convidado para assumir o posto do ex-comandante Wagner Torres em &eacute;poca bastante complicada, o senhor teve temor ao assumir?</p> </div> <div align="justify"> <p><strong>Vicente Carlos:</strong> Eu nunca tive problema, j&aacute; comandei diversas tropas da policia militar, fui o primeiro lugar na minha turma e era da turma do Wagner&nbsp;e na &eacute;poca escolhi ir para Parna&iacute;ba, comandei a CODAM que na &eacute;poca era tamb&eacute;m uma dificuldade grande de se encontrar um comandante, pois era uma &eacute;poca de muita greve e problemas e n&oacute;s comandamos o CODAM e nos sa&iacute;mos muito bem, sai capit&atilde;o e depois fui trabalhar na assessoria do comando geral e de l&aacute; para c&aacute; muitos foram os desafios e a imagem que se tem de Picos da viol&ecirc;ncia l&aacute; em Teresina &eacute; grande e a realidade aqui &eacute; dez vezes menor e a imagem que se tem l&aacute; &eacute; que aqui &eacute; quase uma cidade sem lei, quando na realidade n&atilde;o &eacute; e isso cria muito temor para quem vem para c&aacute; comandar e muita gente tem medo de vim comandar Picos, mas para mim n&atilde;o &eacute; mist&eacute;rio &eacute; uma cidade que onde todos os obst&aacute;culos conseguimos superar com apoio da popula&ccedil;&atilde;o &eacute; muito mais f&aacute;cil e a popula&ccedil;&atilde;o tem dado esse respostas, &eacute; claro que temos algumas dificuldades em virtude principalmente das leis brasileiras, da demora em se decretar uma pris&atilde;o e a dificuldade que se tem de se chegar at&eacute; n&oacute;s um mandato, pois se eu n&atilde;o tiver atr&aacute;s buscando cumprir um mandado n&atilde;o chega at&eacute; a gente e isso &eacute; um obst&aacute;culo grande que temos, pois como autoridade de seguran&ccedil;a temos que dar uma resposta imediata ou o mais r&aacute;pido poss&iacute;vel e n&oacute;s pecamos muito nessa demora e muitas vezes a demora na investiga&ccedil;&atilde;o e no judici&aacute;rio e isso faz com que as pessoas tenham a id&eacute;ia da impunidade e &eacute; muito prejudicial e outro grande problema que temos &eacute; a reincid&ecirc;ncia. T&ecirc;m marginais que prendemos in&uacute;meras vezes, agora estamos tendo muitos roubos de motos, porque tivemos tr&ecirc;s marginais especialistas em roubo de motos, soltos. E isso &eacute; temer&aacute;rio e preocupante para n&oacute;s que fazemos a seguran&ccedil;a da nossa cidade, pois tristemente um cidad&atilde;o que prendemos com poucos dias est&aacute; solto e que cria uma imagem negativa no Estado.</p> <p><strong>Wallysson Bernardes:</strong> como observou a puni&ccedil;&atilde;o do major Wagner Torres que foi condenado pela pratica de tortura?</p> </div> <div align="justify"> <p><strong>Vicente Carlos:</strong> A gente fica temeroso, &eacute; claro que no inicio a gente sentiu muita dificuldade, pois os policiais ficaram receosos e ainda est&atilde;o com rela&ccedil;&atilde;o a aplica&ccedil;&atilde;o da lei, mas&nbsp;o que digo para eles &eacute; que a pol&iacute;cia n&atilde;o tem que ter receio, temos que est&aacute; embasados na lei, pois quando estamos embasados n&atilde;o precisa fiscaliza&ccedil;&atilde;o do Minist&eacute;rio P&uacute;blico e da Justi&ccedil;a . Infelizmente &agrave;s vezes a gente tenta dar a resposta imediata e muitas vezes atropelamos as leis. Eu n&atilde;o fa&ccedil;o isso, tive muita dificuldade para chegar aonde cheguei e n&atilde;o irei atropelar lei para justificar e para mostrar servi&ccedil;o para ningu&eacute;m. &nbsp;Eu digo para meus policiais que n&atilde;o precisa desespero, pois hoje em dia &eacute; besteira as policias acharem que tem algum valor &agrave; confiss&atilde;o- primeiro quando um cidad&atilde;o confessa um crime infelizmente quando chega na Justi&ccedil;a o juiz acha que a pol&iacute;cia cometeu arbitrariedade e prefere acreditar no bandido e n&oacute;s come&ccedil;amos a ser tratados como bandidos, pois isso digo que n&atilde;o interessa a confiss&atilde;o o que interessa &eacute; conseguir provas no momento do flagrante e que justifiquem a pris&atilde;o daquela pessoas, porque infelizmente no Brasil as coisas se inventem, n&oacute;s que somos as autoridades &eacute; que somos tratados como bandidos e o bandido &eacute; tratado como coitadinho, por isso que a gente as vezes fica entristecido com esse tratamento que &eacute; dado as policias.</p> <p><strong>Wallysson Bernardes:</strong> a popula&ccedil;&atilde;o costuma dizer que existem direitos humanos para bandidos e n&atilde;o para as v&iacute;timas e h&aacute; ainda o ditado popular que diz que a pol&iacute;cia prende a justi&ccedil;a solta. O que acha disso?</p> </div> <div align="justify"> <p><strong>Vicente Carlos:</strong> infelizmente as leis brasileiras s&atilde;o muitas antigas. Existe muito protecionismo, existem muitos recursos que inibem a puni&ccedil;&atilde;o e, al&eacute;m disso, infelizmente o crime no Brasil compensa, quem disser que n&atilde;o compensa est&aacute; fora da realidade. Hoje um cidad&atilde;o comete um assalto, leva de um comerciante 150 mil reais &eacute; preso, passa tr&ecirc;s solto e o que ocorre os bens desse marginal n&atilde;o s&atilde;o tomados e os 150 mil vai permanecer com ele. E os bandidos voltam a cometer um segundo crime porque o primeiro compensou e outra coisa no Brasil o cidad&atilde;o n&atilde;o come&ccedil;a assaltando banco, ele come&ccedil;a roubando dentro de casa, passa para o vizinho, terceiro roubando celular at&eacute; chegar a chegar um grande assaltante de banco, s&oacute; que esses pequenos crimes n&atilde;o s&atilde;o dados valor pelas autoridades, pois quando voc&ecirc; chega na Justi&ccedil;a dizem: &ldquo;Ah foi s&oacute; um celularzinho, uma besteira&rdquo;, s&oacute; que isso vai fazendo com que aquele marginal sinta-se protegido pela lei, pois sabe que vai ser preso e depois solto. Precisamos rever urgentemente isso, infelizmente as lei n&atilde;o est&atilde;o sendo revistas e &eacute; porque s&oacute; morre pobre se come&ccedil;asse a morrer filho de rico, come&ccedil;asse a ser assaltado rico e se seq&uuml;estrado, ai sim voc&ecirc; ver&aacute; uma mobiliza&ccedil;&atilde;o da sociedade para mudar as lei, pois enquanto estiver acontecendo s&oacute; dentro das favelas e nos bairros pobres vai continuar e permanecer do jeito que est&aacute;.</p> <p><strong>Wallysson Bernardes:</strong> qual o maior problema da pol&iacute;cia atualmente?</p> </div> <div align="justify"> <p><strong>Vicente Carlos:</strong> infelizmente ainda n&atilde;o existe uma linha de credito para a seguran&ccedil;a, mas houve uma melhora com rela&ccedil;&atilde;o salarial dos policiais e hoje um policial n&atilde;o pode mais reclamar da quest&atilde;o salarial, pois se compararmos com outros &oacute;rg&atilde;o estamos bem melhor, hoje tamb&eacute;m n&atilde;o podemos reclamar de equipamentos, pois o comando do Coronal Prado conseguiu equipar o interior todo do Estado, n&atilde;o temos mais dificuldade com viaturas, e a defici&ecirc;ncia que temos ainda &eacute; de comunica&ccedil;&atilde;o, mas temos a informa&ccedil;&atilde;o que ir&aacute; ser feito um trabalho de melhoria e outro problema ainda &eacute; com o efetivo e o problema &eacute; na sua distribui&ccedil;&atilde;o, pois infelizmente temos muitos policiais militares que est&atilde;o em fun&ccedil;&atilde;o n&atilde;o de pol&iacute;cia, fazendo outras atividades e isso &eacute; prejudicial. Hoje n&oacute;s temos mais de mil homens trabalhando em fun&ccedil;&atilde;o que n&atilde;o &eacute; de policial militar na preserva&ccedil;&atilde;o da ordem p&uacute;blica. Tivemos informa&ccedil;&otilde;es que esse ano vamos ter mais 500 vagas para policiais e a informa&ccedil;&atilde;o &eacute; que essas vagas &eacute; para o interior.</p> <p><strong>Wallysson Bernardes:</strong> H&aacute; uma critica da sociedade no que diz respeito policiais fazerem seguran&ccedil;a em bancos, qual sua opini&atilde;o quanto a isso?</p> </div> <div align="justify"><strong>Vicente Carlos:</strong> &eacute; besteira. Estava vendo outro dia, promotores brigando para tirarem os policiais dos Correios e tem cidade que o movimento todo &eacute; feito nas agencias dos Correios e eu acho que a pol&iacute;cia tem que est&aacute; onde h&aacute; uma maior incid&ecirc;ncia de pessoas. Em Picos, por exemplo, o maior fluxo de pessoas &eacute; nas agencias banc&aacute;rias, ent&atilde;o a policia tem que est&aacute; pr&oacute;xima e outra coisa se houver um assalto de um celular a for&ccedil;a e a&ccedil;&atilde;o do marginal n&atilde;o &eacute; t&atilde;o violenta quanto uma quadrilha que vai assaltar um banco, pois a viol&ecirc;ncia empregada &eacute; maior. No Maranh&atilde;o h&aacute; muitos assaltos a bancos porque n&atilde;o tem essa preocupa&ccedil;&atilde;o. E essa fun&ccedil;&atilde;o &eacute; da Policia Federal que n&atilde;o faz e repassa essa responsabilidade para pol&iacute;cia militar.</div> <div align="justify"> <p><strong>Wallysson Bernardes:</strong> como observa o apoio da comunidade de Picos no tocante a denuncias an&ocirc;nimas?</p> <p><strong>Vicente Carlos:</strong> Eu falei para o Coronel Prado que se em Teresina a pol&iacute;cia tivesse o apoio que eu tenho aqui em Picos, Teresina n&atilde;o teria a criminalidade que tem. Infelizmente nas cidades grande o apoio que &eacute; dado &agrave; pol&iacute;cia n&atilde;o &eacute; t&atilde;o grande como &eacute; dado aqui. Na cidade grande as pessoas v&ecirc;em as coisas e n&atilde;o informam aqui n&atilde;o as pessoas se prontificam a telefonar e muitos se prontificam em at&eacute; mostrar a resid&ecirc;ncia do marginal. Aqui n&oacute;s somos felizes e a pol&iacute;cia militar se sente honrada em ter a participa&ccedil;&atilde;o das pessoas. E aqui a marginalidade s&oacute; n&atilde;o tomou conta da nossa regi&atilde;o principalmente a marginalidade que vem de fora, porque os grandes crimes n&atilde;o s&atilde;o de filhos de Picos s&atilde;o pernambucanos, baianos e cearenses e se n&oacute;s n&atilde;o tiv&eacute;ssemos o apoio que n&oacute;s temos com certeza o &iacute;ndice de criminalidade seria muito maior.</p> </div> <div align="justify"> <p><strong>Wallysson Bernardes:</strong> espa&ccedil;o aberto...</p> <p><strong>Vicente Carlos:</strong> Eu gostaria de agradecer o apoio que tenho tido e que a pol&iacute;cia militar vem tendo e dizer que a seguran&ccedil;a p&uacute;blica n&atilde;o &eacute; feita s&oacute; pela Pol&iacute;cia Militar, ela feita principalmente pela participa&ccedil;&atilde;o das pessoas e as pessoas podem contribuir muito dando informa&ccedil;&otilde;es, sintam-se participes.</p> </div>
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