Ele assumiu o comando em meio a uma turbulência. Substitui ao major Wagner Torres que foi afastado acusado de crime de tortura,
<div align="justify">Ele assumiu o comando em meio a uma turbulência. Substitui o major Wagner Torres que foi afastado acusado de crime de tortura, após sete meses sendo comandante da PM de Picos. Nestes primeiros seis meses a frente do comando do 4° BPM o major Vicente Carlos Soares Neto de 40 anos de idade casado pai de dois filhos aos poucos vem ganhando a confiança da sociedade e realizando um bom trabalho. Formado pela Academia Militar de Minas Gerais o major adotou linha dura ao assumir uma das áreas mais problemáticas do Estado. Mesmo demonstrando serenidade, Vicente Carlos não tem dado folga a bandidagem que teima em se instalar na Capital do Mel.</div>
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<p>Especialista pela polícia de Brasília (UMB) foi comandante da Companhia Cosme e Damião, responsável pela implantação do policiamento escolar e policiamento ambiental em Teresina, anteriormente a Picos estava trabalhando no DETRAN na parte de educação no trânsito, no interior do Estado foi comandante em Uruçui e Bom Jesus.</p>
<p>Vicente Carlos reflete características de sua personalidade, tranqüilidade, equilíbrio e firmeza, as quais refletem em resultado positivo no que concerne ao projeto de estruturação da PM, que teve ampla exposição negativa após as denúncias de tortura de presos.</p>
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<div align="justify">Nesta entrevista exclusiva com bastante desenvoltura, confiante e firme em suas falas, destaca:</div>
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<p><strong>“A imagem que se tem de Picos é que é uma cidade sem lei”.</strong></p>
<p><strong>“Infelizmente às vezes a gente tenta dar a resposta imediata e muitas vezes atropelamos as leis”.</strong></p>
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<p><strong>“infelizmente as leis brasileiras são antigas. Existe muito protecionismo, existem muitos recursos que inibem a punição e, além disso, infelizmente o crime no Brasil compensa”.</strong></p>
<p><strong>“Eu falei para o Coronel Prado que se em Teresina a polícia tivesse o apoio que eu tenho aqui em Picos, Teresina não teria a criminalidade que tem”.</strong></p>
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<p><strong>“Somos tratados como bandidos e o bandido é tratado como coitadinho, por isso que a gente as vezes fica entristecido”.</strong></p>
<p><strong>"Infelizmente as leis não estão sendo revistas, porque só morre pobre se começasse a morrer filho de rico, começasse a ser assaltado rico e ser seqüestrado, ai sim você verá uma mobilização da sociedade para mudar as lei, pois enquanto estiver acontecendo só dentro das favelas e nos bairros pobres vai continuar e permanecer do jeito que está"</strong></p>
<p><strong>Confira a entrevista.</strong></p>
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<div align="justify"><strong>Wallysson Bernardes:</strong> qual a avaliação o senhor faz destes seis primeiros meses a frente do comando do 4° BPM?</div>
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<p><strong>Vicente Carlos:</strong> quando nós chegamos aqui existia uma truculência muito grande em relação aquele incidente envolvendo o major Wagner Torres. E nós chegamos nesse período critico e existia uma efervescência das pessoas era grande, mas graças a Deus conseguimos contornar esse problema. Estamos quebrando algumas barreiras e arestas que ficaram em decorrência desse incidente, mas nosso trabalho está sendo positivo pela ressonância que as pessoas nos dão. Encontramos dificuldade com o efetivo, que não tínhamos, mas chegaram mais 15 policiais militares e houve uma melhora e esperamos agora novos oficiais que foram recém formados na academia e esse sangue novo vai dar uma dinâmica melhor no nosso trabalho e a partir de agora vamos implantar uma nova visão de policiamento, pois esses seis primeiros meses foram de adaptação. Estamos começando a fazer uma nova política com as cidades vizinhas, coisa que não tínhamos, estamos cobrando os delegados, implementamos o policiamento de moto, estamos aguardado o tramite da documentação para que possamos implementar um trabalho de formação desses policiais que aqui estão. Estamos recebemos viaturas maiores que possibilitam acesso a localidades que antes não podíamos acessar, pois temos ainda uma deficiência na zona rural, então com essas viaturas vamos intensificar o policiamento, vamos colocar policiais femininas na rua que facilitará buscas.</p>
<p><strong>Wallysson Bernardes:</strong> quando o senhor foi convidado para assumir o posto do ex-comandante Wagner Torres em época bastante complicada, o senhor teve temor ao assumir?</p>
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<p><strong>Vicente Carlos:</strong> Eu nunca tive problema, já comandei diversas tropas da policia militar, fui o primeiro lugar na minha turma e era da turma do Wagner e na época escolhi ir para Parnaíba, comandei a CODAM que na época era também uma dificuldade grande de se encontrar um comandante, pois era uma época de muita greve e problemas e nós comandamos o CODAM e nos saímos muito bem, sai capitão e depois fui trabalhar na assessoria do comando geral e de lá para cá muitos foram os desafios e a imagem que se tem de Picos da violência lá em Teresina é grande e a realidade aqui é dez vezes menor e a imagem que se tem lá é que aqui é quase uma cidade sem lei, quando na realidade não é e isso cria muito temor para quem vem para cá comandar e muita gente tem medo de vim comandar Picos, mas para mim não é mistério é uma cidade que onde todos os obstáculos conseguimos superar com apoio da população é muito mais fácil e a população tem dado esse respostas, é claro que temos algumas dificuldades em virtude principalmente das leis brasileiras, da demora em se decretar uma prisão e a dificuldade que se tem de se chegar até nós um mandato, pois se eu não tiver atrás buscando cumprir um mandado não chega até a gente e isso é um obstáculo grande que temos, pois como autoridade de segurança temos que dar uma resposta imediata ou o mais rápido possível e nós pecamos muito nessa demora e muitas vezes a demora na investigação e no judiciário e isso faz com que as pessoas tenham a idéia da impunidade e é muito prejudicial e outro grande problema que temos é a reincidência. Têm marginais que prendemos inúmeras vezes, agora estamos tendo muitos roubos de motos, porque tivemos três marginais especialistas em roubo de motos, soltos. E isso é temerário e preocupante para nós que fazemos a segurança da nossa cidade, pois tristemente um cidadão que prendemos com poucos dias está solto e que cria uma imagem negativa no Estado.</p>
<p><strong>Wallysson Bernardes:</strong> como observou a punição do major Wagner Torres que foi condenado pela pratica de tortura?</p>
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<p><strong>Vicente Carlos:</strong> A gente fica temeroso, é claro que no inicio a gente sentiu muita dificuldade, pois os policiais ficaram receosos e ainda estão com relação a aplicação da lei, mas o que digo para eles é que a polícia não tem que ter receio, temos que está embasados na lei, pois quando estamos embasados não precisa fiscalização do Ministério Público e da Justiça . Infelizmente às vezes a gente tenta dar a resposta imediata e muitas vezes atropelamos as leis. Eu não faço isso, tive muita dificuldade para chegar aonde cheguei e não irei atropelar lei para justificar e para mostrar serviço para ninguém. Eu digo para meus policiais que não precisa desespero, pois hoje em dia é besteira as policias acharem que tem algum valor à confissão- primeiro quando um cidadão confessa um crime infelizmente quando chega na Justiça o juiz acha que a polícia cometeu arbitrariedade e prefere acreditar no bandido e nós começamos a ser tratados como bandidos, pois isso digo que não interessa a confissão o que interessa é conseguir provas no momento do flagrante e que justifiquem a prisão daquela pessoas, porque infelizmente no Brasil as coisas se inventem, nós que somos as autoridades é que somos tratados como bandidos e o bandido é tratado como coitadinho, por isso que a gente as vezes fica entristecido com esse tratamento que é dado as policias.</p>
<p><strong>Wallysson Bernardes:</strong> a população costuma dizer que existem direitos humanos para bandidos e não para as vítimas e há ainda o ditado popular que diz que a polícia prende a justiça solta. O que acha disso?</p>
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<p><strong>Vicente Carlos:</strong> infelizmente as leis brasileiras são muitas antigas. Existe muito protecionismo, existem muitos recursos que inibem a punição e, além disso, infelizmente o crime no Brasil compensa, quem disser que não compensa está fora da realidade. Hoje um cidadão comete um assalto, leva de um comerciante 150 mil reais é preso, passa três solto e o que ocorre os bens desse marginal não são tomados e os 150 mil vai permanecer com ele. E os bandidos voltam a cometer um segundo crime porque o primeiro compensou e outra coisa no Brasil o cidadão não começa assaltando banco, ele começa roubando dentro de casa, passa para o vizinho, terceiro roubando celular até chegar a chegar um grande assaltante de banco, só que esses pequenos crimes não são dados valor pelas autoridades, pois quando você chega na Justiça dizem: “Ah foi só um celularzinho, uma besteira”, só que isso vai fazendo com que aquele marginal sinta-se protegido pela lei, pois sabe que vai ser preso e depois solto. Precisamos rever urgentemente isso, infelizmente as lei não estão sendo revistas e é porque só morre pobre se começasse a morrer filho de rico, começasse a ser assaltado rico e se seqüestrado, ai sim você verá uma mobilização da sociedade para mudar as lei, pois enquanto estiver acontecendo só dentro das favelas e nos bairros pobres vai continuar e permanecer do jeito que está.</p>
<p><strong>Wallysson Bernardes:</strong> qual o maior problema da polícia atualmente?</p>
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<p><strong>Vicente Carlos:</strong> infelizmente ainda não existe uma linha de credito para a segurança, mas houve uma melhora com relação salarial dos policiais e hoje um policial não pode mais reclamar da questão salarial, pois se compararmos com outros órgão estamos bem melhor, hoje também não podemos reclamar de equipamentos, pois o comando do Coronal Prado conseguiu equipar o interior todo do Estado, não temos mais dificuldade com viaturas, e a deficiência que temos ainda é de comunicação, mas temos a informação que irá ser feito um trabalho de melhoria e outro problema ainda é com o efetivo e o problema é na sua distribuição, pois infelizmente temos muitos policiais militares que estão em função não de polícia, fazendo outras atividades e isso é prejudicial. Hoje nós temos mais de mil homens trabalhando em função que não é de policial militar na preservação da ordem pública. Tivemos informações que esse ano vamos ter mais 500 vagas para policiais e a informação é que essas vagas é para o interior.</p>
<p><strong>Wallysson Bernardes:</strong> Há uma critica da sociedade no que diz respeito policiais fazerem segurança em bancos, qual sua opinião quanto a isso?</p>
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<div align="justify"><strong>Vicente Carlos:</strong> é besteira. Estava vendo outro dia, promotores brigando para tirarem os policiais dos Correios e tem cidade que o movimento todo é feito nas agencias dos Correios e eu acho que a polícia tem que está onde há uma maior incidência de pessoas. Em Picos, por exemplo, o maior fluxo de pessoas é nas agencias bancárias, então a policia tem que está próxima e outra coisa se houver um assalto de um celular a força e ação do marginal não é tão violenta quanto uma quadrilha que vai assaltar um banco, pois a violência empregada é maior. No Maranhão há muitos assaltos a bancos porque não tem essa preocupação. E essa função é da Policia Federal que não faz e repassa essa responsabilidade para polícia militar.</div>
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<p><strong>Wallysson Bernardes:</strong> como observa o apoio da comunidade de Picos no tocante a denuncias anônimas?</p>
<p><strong>Vicente Carlos:</strong> Eu falei para o Coronel Prado que se em Teresina a polícia tivesse o apoio que eu tenho aqui em Picos, Teresina não teria a criminalidade que tem. Infelizmente nas cidades grande o apoio que é dado à polícia não é tão grande como é dado aqui. Na cidade grande as pessoas vêem as coisas e não informam aqui não as pessoas se prontificam a telefonar e muitos se prontificam em até mostrar a residência do marginal. Aqui nós somos felizes e a polícia militar se sente honrada em ter a participação das pessoas. E aqui a marginalidade só não tomou conta da nossa região principalmente a marginalidade que vem de fora, porque os grandes crimes não são de filhos de Picos são pernambucanos, baianos e cearenses e se nós não tivéssemos o apoio que nós temos com certeza o índice de criminalidade seria muito maior.</p>
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<p><strong>Wallysson Bernardes:</strong> espaço aberto...</p>
<p><strong>Vicente Carlos:</strong> Eu gostaria de agradecer o apoio que tenho tido e que a polícia militar vem tendo e dizer que a segurança pública não é feita só pela Polícia Militar, ela feita principalmente pela participação das pessoas e as pessoas podem contribuir muito dando informações, sintam-se participes.</p>
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