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ENTREVISTA DA SEMANA
Entrevista com o poeta Luis Édio Leal Costa
No ano em que a União Picoense de Escritores - UPE completa 10 anos de existência, o Portal O Povo entrevista o poeta idealizador dessa entidade
Wallysson Bernardes - 14/08/2009

<div align="justify"> <p><em>No ano em </em>que a Uni&atilde;o Picoense de Escritores - UPE completa 10 anos de exist&ecirc;ncia, o<em> Portal O Povo entrevista o poeta idealizador dessa </em>entidade<em>, a qual o mesmo denomina de um &ldquo;</em>Movimento cultural&rdquo; e talvez um dos mais importantes que j&aacute; se viu ap&oacute;s &ldquo;Ozildo Albano&rdquo; que o mesmo considera n&atilde;o s&oacute; como uma pessoa que foi devotada para as artes, mas como um conjunto de a&ccedil;&otilde;es que o podemos definir como tamb&eacute;m sendo um movimento cultural que existiu e que hoje o inspira.</p> <p>Confira entrevista com Luis &Eacute;dio Leal Costa.</p> </div> <div align="justify"> <p><strong>Wallysson Bernardes: Fale um pouco do trabalho da UPE?</strong></p> <p><strong>Leal Costa:</strong> Basicamente uma entidade aglomera pessoas que tem o mesmo objetivo, mas que na maioria das vezes s&oacute; ficam entre si esses benef&iacute;cios. Tentamos na UPE sermos diferente, tentamos ser um agente transformador social-cultural do nosso meio, tentamos n&atilde;o ficar somente conosco o conhecimento, mas tentamos compartilhar essas id&eacute;ias e transforma-las em pr&aacute;ticas, mesmo que simples.</p> </div> <div align="justify"> <p><strong>Wallysson Bernardes: Hoje quantos escritores e poetas participam da entidade?</strong></p> <p><strong>Leal Costa:</strong> Hoje a UPE possui 43 membros, sendo que uma boa parte reside fora. Mas somos uma entidade bastante heterogenia, temos no nosso quadro poetas, atores, artistas pl&aacute;sticos, cordelista, cantores. Como a nossa entidade n&atilde;o se trata de uma institui&ccedil;&atilde;o com n&uacute;mero de cadeiras estipuladas, nem precisa de elei&ccedil;&otilde;es para filia&ccedil;&atilde;o, a UPE recebe qualquer um que se enquadre no artigo 26&ordm; do estatuto que diz que para poder se associar basta ter um acervo de escritos, mesmo que ainda n&atilde;o tenha sido publicado.</p> </div> <div align="justify"> <p><strong>Wallysson Bernardes: Comente um pouco sobre sua obra dividida nos seguintes volumes: Suspiros l&iacute;ricos e melanc&oacute;licos, Sentimentalidades, Mal do s&eacute;culo, Lira picoense-poemas, Poesias de borr&atilde;o, Lira dos 30 anos, Seteno, Cicl&oacute;ide e Suspiros l&iacute;ricos e afli&ccedil;&atilde;o.</strong></p> <p><strong>Leal Costa:</strong> Apesar de todos serem ainda in&eacute;ditos, ou seja, n&atilde;o est&atilde;o passivos de mudan&ccedil;as, mas resolvi organiza-los assim, pois se tratam de momentos e temas diferentes da minha po&eacute;tica<em>. Como eu digo no meu poeminha intitulado &ldquo; Das Pegadas&rdquo;.</em></p> </div> <div align="justify">Eu vi tudo que escrevi (lamento!)</div> <div align="justify">Ficar pra tr&aacute;s...</div> <div align="justify">E aquelas datas de meus poemas, ali&aacute;s,</div> <div align="justify">S&atilde;o minhas pegadas no tempo.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify"> <p><strong>Wallysson Bernardes: Falta incentivo por parte dos governantes?</strong></p> <p><strong>Leal Costa:</strong> Na verdade desconhe&ccedil;o na hist&oacute;ria de Picos uma lei de incentivo &agrave; cultura, o que sempre existiu em Picos foi a &ldquo;pol&iacute;tica do pedir patroc&iacute;nio&rdquo;, isso &eacute; uma pr&aacute;tica provinciana, para melhor definir a nossa situa&ccedil;&atilde;o aqui em Picos. Torna-nos ref&eacute;ns de favores de um pol&iacute;tico ou outro, n&atilde;o que isso seja ruim pedir apoio a pol&iacute;tico, mas o apoio deve partir dos projetos-leis deles. E vivemos hoje da ajuda de empres&aacute;rios que vez por outra oferta um pouco para cultura, mas nada que seja por cultura exatamente. Para definir melhor hoje: cada escritor &eacute; seu pr&oacute;prio editor, custeia seus pr&oacute;prios trabalhos.</p> </div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify"><strong>Wallysson Bernardes: A popula&ccedil;&atilde;o costuma cobrar a constru&ccedil;&atilde;o de novos museus e bibliotecas. Por que fazer novos museus quando h&aacute; tantos sem verbas, sem acervo, sem obras?</strong></div> <div align="justify"> <p><strong>Leal Costa:</strong> Bem verdade, por&eacute;m gostaria de citar umas palavras da professora Jaildes para externa o que penso sobre isso: &ldquo;&Aacute;s vezes dizemos n&atilde;o entender porque as crian&ccedil;as e jovens s&atilde;o t&atilde;o fascinados e apaixonados pelos v&iacute;deos games e Lan-houses, mas &eacute; bom lembrar que &eacute; com isso que eles convivem no dia-a-dia,&nbsp;e &eacute; o que&nbsp;&nbsp;encontram em toda esquina ou &agrave;s&nbsp; vezes dentro ou na cal&ccedil;ada de sua casa...&rdquo;</p> <p>Cabe a todos n&oacute;s fazer despertar nas pessoas o gosto pelas artes, e assim esses espa&ccedil;os seriam criados, se n&atilde;o existir, e quando existirem ser&atilde;o utilizados, e quando utilizados com gosto ser&atilde;o feitas as devidas cobran&ccedil;as.</p> </div> <div align="justify"> <p><strong>Wallysson Bernardes: Picos t&ecirc;m descoberto e promovido talentos e manifesta&ccedil;&otilde;es art&iacute;sticas populares e eruditas?</strong></p> <p><strong>Leal Costa:</strong> Para responder a sua pergunta, gostaria de fazer uma observa&ccedil;&atilde;o a respeito da palavra &ldquo;Picos&rdquo;, n&atilde;o enxergo apenas Picos, mas enxergo uma mesorregi&atilde;o e que ultrapassa isso, pois temos mais de 40 cidades circunvizinhas que compartilhamos nosso trabalho, nosso com&eacute;rcio, nossas amizades e tamb&eacute;m nossos talentos. Picos &eacute; uma &ldquo;Cidade-Regi&atilde;o&rdquo;, com quase de 600 mil habitantes.</p> </div> <div align="justify"> <p>Todos n&oacute;s sabemos que &ldquo;Picos&rdquo; &eacute; um celeiro de talentos, e todos n&oacute;s sabemos que n&atilde;o s&atilde;o &ldquo;explorados&rdquo;, o pior &eacute; que sabemos mas n&atilde;o fazemos nada para mudar isso. O pouco desses talentos que s&atilde;o manifestados s&atilde;o por conta de seus pr&oacute;prios esfor&ccedil;os e dom, nada mais, isso me entristece, deixa-me sem perspectiva.</p> <p><strong>Wallysson Bernardes: N&atilde;o est&aacute; faltando uma pol&iacute;tica de audiovisual para o estado mais clara e objetiva? Porque Picos ainda n&atilde;o conta com um Cinema ou mesmo um Teatro?</strong></p> </div> <div align="justify"><strong>Leal Costa:</strong> O Talento maior do picoense &eacute; para o com&eacute;rcio, mas n&atilde;o vejo isso como total cren&ccedil;a. Temos grandes empres&aacute;rios na cidade que n&atilde;o v&ecirc;em isso, ou simplesmente n&atilde;o querem explorar esses dois tipos de &ldquo;com&eacute;rcios&rdquo;, poderemos falar dessa forma.</div> <div align="justify"> <p>Hoje voc&ecirc; ver grandes empreendimentos em Picos sendo constru&iacute;dos um colado ao outro, mas voc&ecirc; n&atilde;o ver um empres&aacute;rio desse sendo &ldquo;ousado ou original&rdquo; em querer explorar a cultura.</p> <p>Com um teatro em Picos, poder&iacute;amos ter grandes pe&ccedil;as teatrais, com atores &ldquo;&lsquo;globais&rdquo;, ao mesmo tempo abriria espa&ccedil;o para o teatro local.</p> </div> <div align="justify">Com o cinema poderia incentivar mais a produ&ccedil;&atilde;o de filmes na cidade ainda&nbsp;gerar grande momento de entretenimento e lazer para jovens, crian&ccedil;as e mulheres, digo isso, pois para adultos e homens temos os bares, &uacute;nico &ldquo;espa&ccedil;o de lazer&rdquo; existe em nossa cidade, mas n&atilde;o v&ecirc;em dessa forma infelizmente.</div> <div align="justify"> <p><strong>Wallysson Bernardes: Quais os principais avan&ccedil;os e quais suas cr&iacute;ticas &agrave;s pol&iacute;ticas de cultura do Governo Lula?</strong></p> <p><strong>Leal Costa:</strong> Sem d&uacute;vida foi o governo que &ldquo;fez mais&rdquo; pela cultura brasileira, s&oacute; que ta faltando esses projetos se tornarem mais reais, mais palp&aacute;veis para que todos vejam esses benef&iacute;cios na pr&aacute;tica.</p> </div> <div align="justify"> <p>Sei que deve existir uma busca rec&iacute;proca, mas como n&atilde;o existe essa cultura, acredito que a &ldquo;cultura&rdquo; deve procurar o cidad&atilde;o, ao inv&eacute;s de esper&aacute;-lo. &Eacute; o desenvolver cultura. Uma Secretaria de Cultura tem um importante papel para desenvolver.</p> <p><strong>Wallysson Bernardes: Com as novas tecnologias, como o senhor avalia a quest&atilde;o dos direitos autorais hoje?</strong></p> </div> <div align="justify"> <p><strong>Leal Costa:</strong> O que eu tenho visto &eacute; que a &ldquo;quebra desses direitos&rdquo; est&aacute; fazendo muita valia para os artistas. Hoje temos os camel&ocirc;s como um agente divulgador da cultura, j&aacute; que os &oacute;rg&atilde;os respons&aacute;veis n&atilde;o est&atilde;o desenvolvendo esse papel.</p> <p>Se n&atilde;o fosse a &ldquo;ilegalidade&rdquo; o talento da Stephany n&atilde;o teria aparecido para o Brasil, se n&atilde;o fosse a venda de DVD pirata do filme &ldquo;Ai que vida&rdquo; o mesmo n&atilde;o teria sido um sucesso de p&uacute;blico e incentivo &agrave; produ&ccedil;&atilde;o de outros curtas e longas em todo o estado, inclusive aqui em Picos.</p> </div> <div align="justify"> <p>N&atilde;o estou aqui defendendo a ilegalidade, mas seria bom se todos os camel&ocirc;s, pelo menos em Picos, tivessem nossas obras sendo vendidas, dessa forma estariam nos ajudando, difundindo nossa cultura.</p> <p><strong>Wallysson Bernardes: Qual o principal objetivo da UPE para 2009 e algo que n&atilde;o conseguiu concretizar em 2008?</strong></p> </div> <div align="justify"> <p><strong>Leal Costa:</strong> S&oacute; em nos mantermos j&aacute; &eacute; o suficiente, s&oacute; em n&atilde;o desistirmos j&aacute; &eacute; um grande objetivo alcan&ccedil;ado (risos...). Mas falando s&eacute;rio, tenho um objetivo maior ainda para realizar, n&atilde;o foi no ano passado, n&atilde;o tenho certeza se ser&aacute; nesse ano, mas sei que um dia iremos realizar que &eacute; a &ldquo;Semana de arte de Picos&rdquo;, na qual inspirada na &ldquo;Semana de Arte de 1922&rdquo; dever&aacute; despertar em todos os artistas dessa cidade-regi&atilde;o uma vontade maior de fazer cultura.</p> <p><strong>Wallysson Bernardes:</strong> <strong>Quais s&atilde;o os objetivos gerais do projeto RECITART?</strong></p> </div> <div align="justify"> <p><strong>Leal Costa:</strong> O Recitart &eacute; mais uma inquietude desse grupo de pessoas que formam o Grupo de Teatro PBC, UPE e Alerp (Academia de Letras da Regi&atilde;o de Picos) em teimar em fazer cultura. Claro que o objetivo maior &eacute; difundir a cultura, de mostrar o talento, mas o Recitart &eacute; um projeto audacioso que tentar aos poucos despertar na cidade o gosto pela arte. &Eacute; tanto que &eacute; tudo feito com recursos dos seus pr&oacute;prios idealizadores e sem nenhum fim lucrativo financeiro.</p> <p><strong>Wallysson Bernardes: &nbsp;Espa&ccedil;o aberto...</strong></p> </div> <div align="justify"><strong>Leal Costa:</strong> Hoje Picos vive um dos melhores momentos para se fazer cultura, temos TV, internet, r&aacute;dios basta apenas pequenos esfor&ccedil;os, pequenas a&ccedil;&otilde;es para que nos tornemos tamb&eacute;m a segunda cidade do estado em cultura.</div> <div align="justify">Temos hoje escritores e poetas de alt&iacute;ssima qualidade, que n&atilde;o fica nada a desejar a nenhuma outra cidade, basta procurar pesquisar mais sobre nossos autores e suas obras, basta apenas participarem dos nossos eventos culturais que realizamos e que sempre s&atilde;o divulgados pela m&iacute;dia, e tamb&eacute;m que nos visitem em nosso endere&ccedil;o eletr&ocirc;nico <a href="http://www.upeonline.net/"><span>www.upeonline.net</span></a>.</div> <div align="justify">&nbsp;</div>
MARCONI BARROS
24/08/2009 -09:45:

Édio, . Parabéns por nos representar tão cabalmente ! A entrevista revela o Intelectual que nós, upeanos, já conhecemos intimamente ! . Abraços,

Itamar dos Anjos
15/08/2009 -22:51:

Bravo Edio, infelizmente estamos imersos numa cortina que nos afoga que é exatamente a falta de espaço e incentivo para a cultura local. As vezes me perguntam "qual o traço característico da cultura de Picos?". Respondo: embora seja uma cidade de talentos, esses mesmos talentos se perdem na imensidão da falta de apoio, sem contar que desfrutamos de uma polpulção flutuante que agiria como propagadora da nossa cultura! Abraços amigos da UPE! "Em constante estado de ereção intelectual!"

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