Todos os anos quando chega o mês de dezembro, inúmeras famílias pobres do Piauí e outros estados se deslocam até Picos, acomodando-se em barracos sob a ponte do Rio Guaribas
<p align="justify">Lojas cheias, mercado aquecido, comércio lucrando e pessoas consumindo. Essa é a cara do Natal em Picos. O que muita gente não conhece é o outro lado do natal, o lado das pessoas que vivem à margem da sociedade em plena miséria.</p>
<p align="justify">Todos os anos quando chega o mês de dezembro, inúmeras famílias pobres do Piauí e outros estados se deslocam até Picos, acomodando-se em barracos sob a ponte do Rio Guaribas onde é realizada a missa de Natal na manhã do dia 25 de dezembro. Esse ano uma ordem pública determinou que as famílias se retirassem do local, alegando que o espaço estava se tornando ponto de drogas e prostituição.</p>
<p align="justify">Mesmo assim algumas permaneceram no local, o número de resistentes não passa de 15 pessoas, entre adultos e crianças. Eles se acomodam em pequenos barracos de lona e papelão, pedem água na vizinhança e cozinham ali mesmo. Alguns ficam a mercê de doações, outros são artesões que aproveitam a época para vender suas peças, mas em algo são parecidos, na pobreza.</p>
<p align="justify">Esse ano poucas famílias aguardaram a missa de natal, onde é servido um café da manhã, além da distribuição de presentes e cestas básicas. Entre essas famílias, a senhora Maria de Fátima, de 29 anos e suas duas filhas, uma de 11 e a outra com 2 anos e um mês.</p>
<p align="justify">É a terceira vez que Maria de Fátima vem para Picos, ela é natural de Timon - MA, vive da confecção e vendas de peças de gesso, assim como o restante da sua família. Seus familiares já voltaram para o maranhão, mas ela permaneceu com o intuito de vender mais algumas peças. A sua filha mais velha já tem habilidade no trabalho, mas a mãe não permite que a mesma ajude, “acho ela muito novinha para trabalhar”, afirma.</p>
<p align="justify">Fátima trabalha com a criação de vasos, anjos, colunas e cofres em gesso, e confessa que muitas pessoas os confundem com prostitutas e usuários de drogas. “Eu sou uma pessoa pobre, mas trabalho”, afirma.</p>
<p align="justify">Embaixo da ponte, pessoas com as mais distintas origens se encontram. Paulo Henrique de 31 anos é uma dessas pessoas, natural de Mãe do Rio- PA, viajou para a cidade de Barbalha- CE, onde registraria uma filha de 3 anos e 8 meses, que segundo ele, está sem estudar ou participar de programas sociais pela falta de registro de nascimento. Antes de registrar a filha foi assaltado, ficando sem todos os documentos, roupas e as formas que utilizava para fazer as peças em gesso. Agora está de passagem por Picos tentando ganhar dinheiro para voltar para a sua cidade natal.</p>
<p align="justify">Paulo Henrique diz que em algumas cidades por onde passa as pessoas o reconhecem como artista de rua, em outros lugares já é visto como um marginal.</p>
<div align="justify">Após o Natal algumas famílias seguem para outros rumos, outras retornam para o local de origem com as doações de entidades filantrópicas, da igreja e de populares.</div>