Geral
É PRA TRANSFORMAR EM CARVÃO
O Jornal da Globo exibe reportagem que trata da destruição da Mata Atlântica no Piauí
no Piauí as carvoarias desrespeitam a lei e com a conivência de quem deveria proteger a floresta.
Da redação - 11/01/2011

<p align="justify">O som da motosserra &eacute; o que mais se ouve nas matas do sul do Piau&iacute;. N&atilde;o sabem nem poupar o pobre jumento do peso excessivo. Nos fornos sofrem os trabalhadores. Prote&ccedil;&atilde;o, s&oacute; a do capacete. Nada para suportar a fuma&ccedil;a e a alta temperatura. &ldquo;&Eacute; quente demais! N&atilde;o tem outro trabalho, tem que fazer o que tem&quot;, conta o carvoejador Gisley Om&eacute;lio.<br /> <br /> E vai tudo pro fogo. At&eacute; as esp&eacute;cies amea&ccedil;adas de extin&ccedil;&atilde;o. A produ&ccedil;&atilde;o oficial chega a dez mil toneladas de carv&atilde;o por m&ecirc;s. Mas segundo os ambientalistas, a mesma quantidade &eacute; produzida pelos fornos clandestinos.<br /> <br /> Morro Cabe&ccedil;a no Tempo &eacute; o nome do munic&iacute;pio que concentra a maior parte das carvoarias. Tem menos de cinco mil habitantes, &eacute; o menor da regi&atilde;o e um dos mais pobres do Nordeste. &quot;Se voc&ecirc; tivesse vindo aqui nos anos 90, o clima era outro, bem mais agrad&aacute;vel, bem mais fresco, dava pra viver muito bem. E hoje a gente percebe que &eacute; muito quente&quot;, observa a professora Luzia Luz Neto.<br /> <br /> <taghw></taghw>As consequ&ecirc;ncias j&aacute; s&atilde;o vis&iacute;veis. A maior lagoa da regi&atilde;o encolheu 30%. Rios est&atilde;o secando, nascentes desapareceram. Uma &aacute;rea, por onde o vaqueiro Claudionor Ribeiro passava todos os dias, era um brejo que matava a sede da boiada e do vaqueiro. Ele conta at&eacute; onde chegava a &aacute;gua antes da seca dos rios. &ldquo;&Agrave;s vezes na capa da cela e quando ficava mais rasa, nas patas do cavalo. E a gente, se precisasse, s&oacute; fazia abaixar na cela e beber&rdquo;. Na regi&atilde;o da Serra Vermelha, de grande import&acirc;ncia ambiental, tr&ecirc;s biomas se encontram no mesmo lugar: caatinga, cerrado e mata Atl&acirc;ntica.<br /> <br /> De todos os biomas brasileiros a mata Atl&acirc;ntica &eacute; o mais amea&ccedil;ado. Tem apenas cerca de 7% de sua cobertura original. Por isso, qualquer desmatamento &eacute; proibido, nenhuma &aacute;rvore pode ser derrubada. Mas no Piau&iacute; as carvoarias desrespeitam a lei e com a coniv&ecirc;ncia de quem deveria proteger a floresta.<br /> <br /> Elas t&ecirc;m licen&ccedil;a de funcionamento dada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente comandada por Dalton Macambira. Mesmo as instaladas dentro da mata Atl&acirc;ntica.<br /> <br /> <taghw></taghw>Ao Ibama cabe fiscalizar. O &uacute;nico escrit&oacute;rio do &oacute;rg&atilde;o no local tem dois fiscais e uma &aacute;rea do tamanho do estado de Sergipe pra dar conta.<br /> <br /> &quot;Tem muita produ&ccedil;&atilde;o ilegal e o Ibama n&atilde;o d&aacute; conta. Dois servidores n&atilde;o d&aacute; pra fazer. Muito do consumo das grandes sider&uacute;rgicas chega l&aacute; como legal, mas de produtores ilegais que n&atilde;o est&atilde;o licenciados a fazer carv&atilde;o e fazem carv&atilde;o e vendem para terceiros&quot;, fala o analista ambiental do Ibama Hamilton Cavalcanti J&uacute;nior.<br /> <br /> A produ&ccedil;&atilde;o do Piau&iacute; - a legal e a ilegal - carrega cerca de 15 caminh&otilde;es por dia. O carv&atilde;o viaja quase dois mil quil&ocirc;metros praticamente sem barreiras nas estradas.<br /> <br /> O polo sider&uacute;rgico de Sete Lagoas, em Minas Gerais &eacute; o destino de todo o carv&atilde;o que sai do Piau&iacute;. Muitos dos fornos - que produzem ferro gusa - se alimentam da destrui&ccedil;&atilde;o das matas nativas.<br /> <br /> Das 61 ind&uacute;strias que funcionam na regi&atilde;o, menos de dez consomem carv&atilde;o de proced&ecirc;ncia legal. Uma delas come&ccedil;ou h&aacute; 15 anos a plantar sua pr&oacute;pria floresta. S&oacute; em uma fazenda tem 21 mil hectares de eucalipto.<br /> <br /> &quot;O mundo hoje est&aacute; exigindo receber ferro gusa verde, de floresta plantada, que tem certifica&ccedil;&atilde;o de floresta plantada, o mundo hoje est&aacute; exigindo isso&quot;, explica o diretor de empresa Ant&ocirc;nio Tarc&iacute;sio Andrade.<br /> <br /> Para o sindicato das ind&uacute;strias, a sa&iacute;da &eacute; a nova lei florestal do estado de Minas que vai obrigar as empresas a consumir carv&atilde;o vegetal apenas de floresta plantada.<br /> <br /> A nova lei mineira estabelece um prazo: a partir de 2017, 95% do carv&atilde;o consumido pelas ind&uacute;strias de ferro gusa dever&atilde;o ser de floresta plantada. At&eacute; l&aacute; ainda vamos ouvir muito barulho de motosserra nas matas nordestinas.<br /> <br /> A Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Piau&iacute; n&atilde;o reconhece a &aacute;rea onde est&atilde;o instaladas as carvoarias como mata Atl&acirc;ntica.</p> <p align="justify"><em>Com informa&ccedil;&otilde;es do G1</em></p>
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