Mesmo com incentivo do Enem, número ainda é baixo. Jovens que conseguem vencer o preconceito e estudar se tornam exemplos
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12pt"><o:p></o:p></span></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12pt">Preso por participar de um assalto, Eric não pensa em cometer os mesmos erros, como ele mesmo define. Entrou no mundo do crime para manter uma vida de luxos que não podia ter facilmente. “Mas atalhos não compensam. Acho que deveria haver mais ajuda para preparação para o vestibular e o Enem nas prisões”, comenta. <o:p></o:p></span></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12pt">Personagem raro nos presídios brasileiros, Eric era um dos 21 custodiados pelo sistema carcerário do Distrito Federal que fazia faculdade em 2011. Ao todo, Brasília era responsável por 9.822 detentos. No País, apenas 0,02% da população carcerária – que chega a meio milhão – estava no ensino superior no ano passado. <o:p></o:p></span></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12pt">Os dados do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias (InfoPen), do Ministério da Justiça, mostram que a quantidade de estudantes nos presídios é ruim em todas as etapas. Em junho de 2011, quando o último balanço foi feito pelo Ministério da Justiça, apenas 8,4% dos 513.802 detentos brasileiros dedicavam parte de seu tempo aos estudos. <o:p></o:p></span></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12pt">Dentro de centros de detenção, se concentra uma massa de analfabetos ou de pessoas que aprenderam apenas a escrever o próprio nome ou ler frases curtas. Quase 88 mil das 513.802 pessoas que compõem a população carcerária do País se declaram analfabetas ou admitem ter passado pela alfabetização apenas. <o:p></o:p></span></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12pt">Dos 43.330 estudantes de 2011, 9.938 (23%) estavam nas turmas de alfabetização, 25.145 no ensino fundamental, 6.930 no ensino médio, 1.190 em cursos técnicos e 127 no ensino superior.<o:p></o:p></span></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12pt"><strong><span style="mso-spacerun: yes"> </span>O atraso escolar dos preso<o:p></o:p></strong></span></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12pt">Do total da população carcerária brasileira (513.802 pessoas), apenas 43.330 estudam enquanto cumprem pena. Mesmo adultos, a maioria ainda está no ensino fundamental e poucos chegam à faculdade. Confira a distribuição dos estudantes por etapa de ensino.<o:p></o:p></span></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12pt"><strong>Nova chance <o:p></o:p></strong></span></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12pt">A oferta de educação nos presídios faz parte das políticas de reintegração social dos detentos e é de responsabilidade de cada Estado. O Ministério da Justiça oferece recursos e ajuda na execução de projetos, mas as políticas educacionais podem variar e precisam fazer parte do planejamento dos sistemas penitenciários. <o:p></o:p></span></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12pt">Hoje, um terço dos detentos do País tem entre 18 e 24 anos, faixa etária em que deveriam estar no ensino superior. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) se tornou um incentivo, depois que passou a conceder certificado de conclusão da educação básica e ser usado como critério para distribuição de bolsas de estudo ou vagas em universidades, em 2009. <o:p></o:p></span></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12pt">Apesar da melhora, o Enem ainda não foi capaz de mudar as estatísticas dos presos em cursos de graduação. Em junho de 2010, o número de presos no ensino superior, por exemplo, era de 145. Em junho de 2009, 100. Rafael dos Santos*, 34 anos, só se deu conta de que poderia voltar a estudar, depois de começar a trabalhar com Eric. <o:p></o:p></span></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12pt"><strong>Em Minas: Cinco presos de Minas Gerais aprovados para cursos superiores <o:p></o:p></strong></span></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12pt">Apesar de ter passado no primeiro vestibular que fez para tecnologia da informação, acabou reprovado por faltas. Ele não conseguiu em tempo autorização do juiz para chegar mais tarde em casa. Todos os dias, Rafael precisa estar às 21h em sua residência. “É difícil recomeçar a vida e é preciso melhorar muitas coisas para nos ajudar. Mas tudo que vivi foi um aprendizado”, diz. <o:p></o:p></span></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12pt">Adalberto Monteiro, diretor da Fundação de Amparo ao Trabalho do Preso do Distrito Federal (Funap), diz que a maioria só decide estudar por causa da remissão da pena. Hoje, a cada 12 horas de estudos, os detentos diminuem um dia de sentença. Neste ano, 1,8 mil presos estão estudando, segundo ele. “Faltam oportunidades para eles”, pondera. <o:p></o:p></span></p>
<p style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12pt">Além disso, em muitos Estados, como no Distrito Federal, apenas quem já cumpre a pena em regime semi-aberto ou domiciliar pode cursar a faculdade. Em Brasília, há 3.407 detentos nessa situação. No País, são 72.414 no semi-aberto e 17.853 no aberto.<o:p></o:p></span></p>
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