Nacionais
ECONOMIA
Para economistas, o Brasil vai continuar atraindo dólares, apesar das medidas anunciadas hoje
A alíquota de 6% incidia apenas sobre os contratos de empréstimo no exterior com prazo máximo de dois anos. A medida é mais uma tentativa da equipe econômica de conter a valorização do real diante do elevado ingresso de dólares no país.
Agência Brasil - 01/03/2012

<div align="justify"> <p>&ldquo;&Eacute; uma briga que dificilmente vai se ganhar&rdquo;, disse &agrave; Ag&ecirc;ncia Brasil o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, da Funda&ccedil;&atilde;o Getulio Vargas (FGV), sobre a decis&atilde;o do governo de estender para empr&eacute;stimos externos de at&eacute; tr&ecirc;s anos a al&iacute;quota de 6% do Imposto sobre Opera&ccedil;&otilde;es Financeiras (IOF). A al&iacute;quota de 6% incidia apenas sobre os contratos de empr&eacute;stimo no exterior com prazo m&aacute;ximo de dois anos. A medida &eacute; mais uma tentativa da equipe econ&ocirc;mica de conter a valoriza&ccedil;&atilde;o do real diante do elevado ingresso de d&oacute;lares no pa&iacute;s.</p> <p>O economista explicou que a entrada excessiva de d&oacute;lares ocorre porque o mundo inteiro est&aacute; aumentando a liquidez [injetando dinheiro nos mercados] em fun&ccedil;&atilde;o da crise econ&ocirc;mica mundial e, em particular, a dos pa&iacute;ses europeus. &ldquo;O Banco Central dos Estados Unidos tem juros de 0% at&eacute; 2014; o Banco Central Europeu est&aacute; com taxa de liquidez abaixo de 1%, para permitir a rolagem [da d&iacute;vida] dos pa&iacute;ses em crise. O Jap&atilde;o tem juros muito baixos. Na Inglaterra &eacute; 0,5%. Ent&atilde;o, &eacute; muita liquidez no mundo para facilitar a rolagem da d&iacute;vida&rdquo;. Com os pa&iacute;ses desenvolvidos em crise, Barbosa Filho disse que o Brasil surge como uma &oacute;tima op&ccedil;&atilde;o para esse dinheiro em excesso.</p> </div> <div align="justify"> <p>Por isso, Holanda Filho considera dif&iacute;cil que a taxa&ccedil;&atilde;o dos empr&eacute;stimos externos de at&eacute; tr&ecirc;s anos contenha o fluxo de dinheiro externo que est&aacute; buscando alternativas de investimento. &ldquo;Essa medida vai ser in&oacute;cua porque h&aacute; um volume de recursos dispon&iacute;veis no mundo a uma taxa muito baixa&rdquo;. Para ele, nem uma eventual redu&ccedil;&atilde;o dos juros no Brasil faria alguma diferen&ccedil;a, no momento.</p> <p>Para o economista Luiz Roberto Cunha, professor da Pontif&iacute;cia Universidade Cat&oacute;lica (PUC) do Rio de Janeiro, disse &agrave; Ag&ecirc;ncia Brasil que o governo brasileiro est&aacute; certo quando adota medidas para conter a valoriza&ccedil;&atilde;o do real. &ldquo;Existe uma liquidez muito forte nas economias desenvolvidas. Est&atilde;o injetando recursos em fun&ccedil;&atilde;o das suas crises. As moedas desses pa&iacute;ses est&atilde;o se valorizando. E, obviamente, o Brasil tem que tomar algumas medidas. O mundo inteiro est&aacute; tomando&rdquo;. Mesmo assim, Cunha n&atilde;o cr&ecirc; que a amplia&ccedil;&atilde;o do prazo de empr&eacute;stimos externos sujeitos &agrave; al&iacute;quota de 6% de IOF consiga alterar a quest&atilde;o cambial, &ldquo;dado que os fluxos [de capitais] s&atilde;o muito grandes&rdquo;.</p> </div> <div align="justify"> <p>J&aacute; o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Andr&eacute; Modenesi, elogiou as medidas anunciadas hoje. &quot;S&atilde;o bem-vindas, o ministro [Mantega] est&aacute; indo no caminho certo&rdquo;. Para ele, a equipe econ&ocirc;mica est&aacute; se antecipando &agrave; tend&ecirc;ncia de aprofundamento da valoriza&ccedil;&atilde;o do real, por causa de dois fatores: o arrefecimento tempor&aacute;rio da crise europeia e o empr&eacute;stimo de 529 bilh&otilde;es de euros concedido pelo Banco Central Europeu, em condi&ccedil;&otilde;es muito favor&aacute;veis, a 800 bancos do continente.</p> <p>&ldquo;Com o excesso de liquidez, [os investidores] v&atilde;o buscar ativos de mais risco que tenham mais rentabilidade, particularmente no Brasil. A gente continua tendo uma taxa de juro que &eacute; muito alta, totalmente fora do padr&atilde;o mundial&rdquo;, disse ele &agrave; Ag&ecirc;ncia Brasil.</p> </div>
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