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SOCIAL
Desafio das mulheres é ampliar as conquistas, dizem especialistas
Não diria que o sucesso das mulheres como presidentas é um indicador de que elas o têm pelo acesso à participação política”, disse Rebecca Tavares.
Agência Brasil - 08/03/2012

<div align="justify"> <p>A conquista do direito ao voto feminino ocorreu em etapas e per&iacute;odos distintos no mundo. Da Europa &agrave;s Am&eacute;ricas, passando pela &Aacute;frica e &Aacute;sia, as mulheres obtiveram o direito de escolher seus candidatos. Mas &eacute; necess&aacute;rio ampliar essas conquistas, segundo especialistas ouvidos pela Ag&ecirc;ncia Brasil. Ao visitar o Canad&aacute;, que faz parte do G20 (grupo dos pa&iacute;ses mais ricos do mundo), o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral Walter Costa Porto disse ter se surpreendido com a conquista das eleitoras canadenses.</p> <p>&ldquo;Estive no Canad&aacute; e me surpreendi com a participa&ccedil;&atilde;o da mulher. Liberdade absurda. A n&atilde;o depend&ecirc;ncia do marido e de um casamento [por exemplo]. Evidentemente conquistaram seu papel na sociedade&rdquo;, ressaltou o ex-ministro. No Dia Internacional da Mulher, a Ag&ecirc;ncia Brasil publica uma s&eacute;rie de reportagens especiais sobre a trajet&oacute;ria feminina na busca pela visibilidade no campo pol&iacute;tico.</p> </div> <div align="justify"> <p>No Canad&aacute;, a mulher obteve o direito de votar em 1918. Onze anos depois, as mulheres lutaram contra uma decis&atilde;o judicial que as impedia de assumir cargos no Senado. A hist&oacute;ria mostra que, desde ent&atilde;o, as mudan&ccedil;as sociais em rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s mulheres foram se fortalecendo. Na vida familiar, as mudan&ccedil;as levaram &agrave; amplia&ccedil;&atilde;o da inclus&atilde;o feminina no mercado de trabalho - em 1991, 60% j&aacute; faziam parte da m&atilde;o de obra assalariada.</p> <p>O ex-ministro lembrou tamb&eacute;m a trajet&oacute;ria das mulheres no Reino Unido, cuja&nbsp;participa&ccedil;&atilde;o feminina na pol&iacute;tica tamb&eacute;m foi tardia. Na d&eacute;cada de 1910, havia protestos estimulados pelos defensores do direito ao voto, que conseguiram a conquista apenas em 1918 por meio do Representation of the People Act &ndash; ato do Parlamento brit&acirc;nico que levou &agrave; reforma da legisla&ccedil;&atilde;o eleitoral.</p> </div> <div align="justify"> <p>Segundo Costa Porto, as mulheres brit&acirc;nicas come&ccedil;aram a ocupar os espa&ccedil;os dos homens no mercado de trabalho e era imposs&iacute;vel ignorar que a participa&ccedil;&atilde;o feminina havia se fortalecido. Ele explica que:&nbsp;&ldquo;[Ap&oacute;s fortes manifesta&ccedil;&otilde;es] os homens chegaram a um ponto que n&atilde;o tinham como negar o voto &agrave; mulher&rdquo;.</p> <p>&nbsp;Na Fran&ccedil;a, o processo de participa&ccedil;&atilde;o feminina na pol&iacute;tica foi desencadeado pela Revolu&ccedil;&atilde;o Francesa (1789-1799). Apesar disso, no s&eacute;culo 18,&nbsp;as vozes feministas que reivindicavam o direito ao voto e ao espa&ccedil;o no cen&aacute;rio pol&iacute;tico foram abafadas. Na &eacute;poca, os homens eram intolerantes com suas mulheres e seus filhos. Esse tratamento preocupava as mulheres que lutavam pelo sufr&aacute;gio.</p> </div> <div align="justify">De acordo com a professora da Universidade de Bras&iacute;lia (UnB) Liliane Machado, especialista em feminismo, o movimento sufragista feminino no Brasil teve influ&ecirc;ncia dos movimentos feministas da Europa e dos Estados Unidos. &ldquo;Esses movimentos j&aacute; tem uma longa data e tem uma experi&ecirc;ncia de v&aacute;rios departamentos que trabalham com isso [luta pelos direitos das mulheres]&rdquo;.</div> <div align="justify"> <p>Para a representante da Organiza&ccedil;&atilde;o das Na&ccedil;&otilde;es Unidas (ONU) Mulheres Brasil e Cone Sul, Rebecca Tavares, a elei&ccedil;&atilde;o de presidentas no Chile (ex-presidenta Michelle Bachelet) , na Argentina (a atual presidenta Cristina Kirchner) e no Brasil (Dilma Rousseff) n&atilde;o significa que as mulheres t&ecirc;m pleno acesso &agrave;s esferas de representa&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica.</p> <p>&ldquo;As mulheres como presidentas t&ecirc;m [uma grande] popularidade, mas as mulheres como parlamentares n&atilde;o t&ecirc;m esse sucesso. Na Am&eacute;rica Latina, 22% dos parlamentares s&atilde;o mulheres. N&atilde;o diria que o sucesso das mulheres como presidentas &eacute; um indicador de que elas o t&ecirc;m pelo acesso &agrave; participa&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica&rdquo;, disse Rebecca Tavares.</p> </div> <div align="justify"> <p>A representante da ONU acrescentou ainda que o desenvolvimento econ&ocirc;mico e a participa&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica n&atilde;o est&atilde;o ligados. Como exemplo, ela citou uma das na&ccedil;&otilde;es mais importantes do mundo, os Estados Unidos, que at&eacute; hoje n&atilde;o elegeram uma presidenta. &ldquo;A desigualdade de g&ecirc;nero e a discrimina&ccedil;&atilde;o existem em todo o mundo, independentemente de n&iacute;vel de desenvolvimento econ&ocirc;mico. Nos Estados Unidos, a participa&ccedil;&atilde;o de mulheres no Parlamento est&aacute; muito abaixo da m&eacute;dia&rdquo;, disse ela.</p> <p>De acordo com Costa Porto, em alguns estados norte-americanos, as mulheres j&aacute; votavam no s&eacute;culo 19. Nessa &eacute;poca, elas se envolveram na aboli&ccedil;&atilde;o da escravatura.&nbsp;Susan Brownell Anthony,&nbsp;uma das engajadas nessa luta, tamb&eacute;m levou a proposta para a aprova&ccedil;&atilde;o da emenda de concess&atilde;o o direito ao voto para as mulheres. Nos Estados Unidos, tr&ecirc;s mulheres chegaram a ocupar o cargo de secret&aacute;rio de Estado, o equivalente a ministro de Rela&ccedil;&otilde;es Exteriores &ndash; Madeleine Albright, Condolezza Rice e Hillary Clinton.</p> </div>
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