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SAÚDE
Anencefalia: especialistas dizem que não há expectativa de vida do feto e alertam para riscos à saúde da gestante
O termo correto, segundo ele, é antecipação do parto. “Não estamos discutindo o aborto de um feto normal. No caso da anencefalia, a situação é mais dramática”, destacou.
Agência Brasil - 10/04/2012

<div align="justify"> <p>Em uma gesta&ccedil;&atilde;o em que o feto &eacute; diagnosticado com anencefalia, um tipo de malforma&ccedil;&atilde;o rara do tubo neural, a morte do beb&ecirc; &eacute; considerada certa e os riscos para a mulher aumentam &agrave; medida que a gravidez &eacute; levada adiante. Esses s&atilde;o os principais argumentos de obstetras e geneticistas ouvidos pela Ag&ecirc;ncia Brasil que se manifestam favor&aacute;veis ao aborto de anenc&eacute;falos.</p> <p>O Supremo Tribunal Federal retoma amanh&atilde; (11) a vota&ccedil;&atilde;o que decidir&aacute; se mulheres poder&atilde;o interromper a gesta&ccedil;&atilde;o de fetos anenc&eacute;falos. A Corte ir&aacute; analisar a&ccedil;&atilde;o, ajuizada em 2004 pela Confedera&ccedil;&atilde;o Nacional dos Trabalhadores na Sa&uacute;de (CNTS), que defende a descriminaliza&ccedil;&atilde;o do aborto nesses casos. A entidade defende que existe ofensa &agrave; dignidade humana da m&atilde;e uma vez que ela &eacute; obrigada a carregar no ventre um feto com poucas chances de sobreviver depois do parto.</p> </div> <div align="justify"> <p>Para o m&eacute;dico e professor de ginecologia da Faculdade de Medicina de Jundia&iacute;, Thomaz Gollop, a interrup&ccedil;&atilde;o da gesta&ccedil;&atilde;o de um feto com anencefalia n&atilde;o deveria ser considerada um aborto, j&aacute; que n&atilde;o h&aacute; perspectiva de sobrevida do beb&ecirc;. O termo correto, segundo ele, &eacute; antecipa&ccedil;&atilde;o do parto. &ldquo;N&atilde;o estamos discutindo o aborto de um feto normal. No caso da anencefalia, a situa&ccedil;&atilde;o &eacute; mais dram&aacute;tica&rdquo;, destacou.</p> <p>A frequ&ecirc;ncia de casos de anenc&eacute;falos no pa&iacute;s, de acordo com o obstetra, &eacute; de cerca de 1 caso para cada 700 nascidos vivos. Isso significa que em torno de 400 beb&ecirc;s s&atilde;o diagnosticados com a doen&ccedil;a todos os anos. O Brasil, atualmente, ocupa a quarta coloca&ccedil;&atilde;o no ranking global de casos. Gollop explicou que a defici&ecirc;ncia de &aacute;cido f&oacute;lico na dieta das gestantes &eacute; respons&aacute;vel por cerca de 50% das ocorr&ecirc;ncias e que fatores gen&eacute;ticos e ambientais tamb&eacute;m influenciam nos n&uacute;meros.</p> </div> <div align="justify"> <p>O m&eacute;dico lembrou que, desde 1989, a maioria dos juizes brasileiros concede autoriza&ccedil;&otilde;es para que mulheres gr&aacute;vidas de anenc&eacute;falos possam interromper a gesta&ccedil;&atilde;o. O feto com a malforma&ccedil;&atilde;o &eacute; classificado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) como um natimorto cerebral e, na defini&ccedil;&atilde;o de Gollop, &eacute; uma crian&ccedil;a &ldquo;completamente invi&aacute;vel&rdquo;.</p> <p>O presidente da Sociedade Brasileira de Gen&eacute;tica M&eacute;dica, Marcial Francis Galera, concorda. &ldquo;Do ponto de vista cerebral, n&atilde;o h&aacute; fun&ccedil;&otilde;es adequadas&rdquo;, explicou, ao se referir &agrave; malforma&ccedil;&atilde;o como a manifesta&ccedil;&atilde;o mais grave do fechamento do tubo neural.</p> </div> <div align="justify"> <p>Para Galera, as fam&iacute;lias que enfrentam esse tipo de situa&ccedil;&atilde;o devem ter o direito de escolher se desejam manter a gesta&ccedil;&atilde;o de um anenc&eacute;falo at&eacute; o final ou se preferem abortar a crian&ccedil;a. Para ele, seguir com uma gravidez em que n&atilde;o h&aacute; progn&oacute;stico de vida para o beb&ecirc; pode, muitas vezes, prorrogar o sofrimento dos pais.</p> <p>&ldquo;Essa discuss&atilde;o beira a discuss&atilde;o sem fim. Qual o direito da fam&iacute;lia de interromper a vida de um beb&ecirc; que vai viver pouco? Qual o conceito de morte cerebral ou encef&aacute;lica? &Eacute; um dilema, uma discuss&atilde;o quase intermin&aacute;vel&rdquo;, avaliou, ao comparar o tema com outros igualmente pol&ecirc;micos, como a manipula&ccedil;&atilde;o de c&eacute;lulas-tronco embrion&aacute;rias.</p> </div> <div align="justify"> <p>A secret&aacute;ria-geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ci&ecirc;ncia (SBPC), Rute Andrade, lembrou que uma gesta&ccedil;&atilde;o de feto diagnosticado com anencefalia geralmente provoca complica&ccedil;&otilde;es e consequentes riscos para a mulher. Isso porque o beb&ecirc; com a malforma&ccedil;&atilde;o nem sempre &eacute; capaz de deglutir o l&iacute;quido amni&oacute;tico, gerando ac&uacute;mulo da subst&acirc;ncia e aumentando os riscos de uma distens&atilde;o do &uacute;tero, al&eacute;m de hemorragias p&oacute;s-parto.</p> <p>Para ela, n&atilde;o &eacute; correto que essas mulheres fiquem &agrave; merc&ecirc; da Justi&ccedil;a brasileira, uma vez que a medicina possibilita a chance de abreviar ou amenizar o sofrimento da gestante. &ldquo;Por meio do encefalograma, o resultado &eacute; como o de morte cerebral. A anencefalia tem v&aacute;rios graus, mas o resultado &eacute; sempre a morte&rdquo;, disse. &ldquo;Obrigar a mulher a seguir adiante com a gesta&ccedil;&atilde;o de anenc&eacute;falo &eacute; uma condi&ccedil;&atilde;o bastante cruel&rdquo;, destacou.</p> </div>
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