Eles morrem em até 48 horas após o parto e entraram para as estatísticas de mortalidade infantil
<div align="justify">Em média, 500 bebês sem cérebro (condição chamada anencefalia) nascem por ano no País e morrem em até, no máximo, 48 horas após o parto.</div>
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<p>Nesta quinta-feira, dia 12, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que as mulheres que tiverem o diagnóstico de fetos anencéfalos – feitos por meio de um exame de ultrassom – podem fazer o aborto e não precisam mais levar a gestação em curso, se assim desejarem.</p>
<p>Antes da decisão do STF, as mulheres só podiam fazer a interrupção da gravidez se iniciassem um processo jurídico. O desfecho, favorável ou não à interrupção da gestação, dependia da decisão individual de cada juiz. Agora com o julgamento favorável do Supremo, a decisão pelo aborto nestas condições passa a ser só da mulher.</p>
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<p>Em 2010 – último ano com os números mapeados pelo Ministério da Saúde – foram registrados 544 óbitos por anencefalia, o que indica que 544 mulheres levaram a gestação de fetos anencéfalos até o final. Em 2009, foram 585 registros e, em 2008, 596.</p>
<p>Não há um levantamento específico sobre quantas conseguiram autorização judicial individual para interromper a gravidez de anencéfalos antes do parto. Elas estão misturadas entre as 1.477 que foram atendidas nas unidades habilitadas para fazer abortos previstos em lei, em uma rede chamada Aborto Legal.</p>
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<p><strong>65 hospitais</strong></p>
<p>A rede Aborto Legal é formada por 65 hospitais da rede pública do País. Estes hospitais de referência já realizam a interrupção da gravidez em caso de estupro ou risco de morte da mãe e do bebê. Por também acolherem vítimas de violência, o nome das unidades é mantido em sigilo por questão de segurança.</p>
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<p>Déficit: Roraima e Paraná não têm centros especializados para atender grávidas de anecéfalos</p>
<p>De acordo com o Ministério, são os hospitais, pronto-socorros ou unidades de pré-natal que fazem o primeiro atendimento destas mulheres os responsáveis por fazer o encaminhamento das pacientes para a rede qualificada, para fazer os abortos previstos em lei quando essa é a vontade da gestante.</p>
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<div align="justify">Além dos hospitais públicos, os particulares também podem fazer o aborto em situação de anencefalia. O Conselho Federal de Medicina (CFM) anunciou hoje (13) que criou uma comissão especial para definir os critérios do diagnóstico e as diretrizes para o aborto. Segundo os especialistas, caso a anencefalia só seja detectada após a 22ª semana de gestação, é preciso estimular o parto, um processo diferenciado do aborto.</div>
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<p><strong>Causas desconhecidas</strong></p>
<p>A causa da anencefalia ainda não é conhecida pela ciência e existem diversas hipóteses para explicá-la – desde mutações genéticas até uma dieta pobre em ácido fólico.</p>
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<div align="justify">“Uma parte significativa dos fetos, 65%, morre ainda no útero. Outra parcela tem os batimentos cardíacos cessados algumas horas após o trabalho de parto. Em casos raríssimos, em um número muito pequeno deles, o organismo permanece funcionando por, no máximo, 10 dias”, explicou o especialista Cristião Rosa, secretário da comissão de Violência e Interrupção da Gravidez da Febrasgo – entidade que reúne as associações de ginecologia nacionais, em entrevista recente ao iG.</div>