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A chegada da televisão a Picos
É importante observar que tão naturalmente esse meio de comunicação tornou-se dominante. Raras são as casas em que não se encontram, hoje, pessoas ligadas na telinha, especialmente à noite.
Edimar Luz - 16/04/2012

<p align="justify"><span>N&atilde;o h&aacute; d&uacute;vida de que a televis&atilde;o &eacute; o meio de comunica&ccedil;&atilde;o de massa de maior penetra&ccedil;&atilde;o no mundo atual, atingindo diariamente um p&uacute;blico bastante numeroso. Na verdade, a televis&atilde;o tem tamb&eacute;m uma grande capacidade de manipular e determinar comportamentos, proporcionando, muitas vezes, profundas mudan&ccedil;as sociais. &Eacute; importante observar que t&atilde;o naturalmente esse meio de comunica&ccedil;&atilde;o tornou-se dominante. Raras s&atilde;o as casas em que n&atilde;o se encontram, hoje, pessoas ligadas na telinha, especialmente &agrave; noite.</span></p> <p align="justify"><span>&Eacute; preciso, portanto, ressaltar aqui, que foi nos primeiros anos da d&eacute;cada de 70 que, com imagem ainda em preto e branco, chegava a Picos a televis&atilde;o, alterando e revolucionando de certa maneira o modo de vida do nosso povo, de nossa sociedade, que a partir daquele momento ingressava no mundo fascinante da TV. Realmente, foi bem aceita aquela novidade, que foi a inser&ccedil;&atilde;o da televis&atilde;o nos lares picoenses, exercendo um certo fasc&iacute;nio nas pessoas. &Eacute; bem verdade que a novidade &eacute; um fator que influencia a aceita&ccedil;&atilde;o, pois, na realidade, tudo que &eacute; novidade, em geral, &eacute; aceito mais facilmente. Como sabemos a TV &eacute; um produto extraordin&aacute;rio da ci&ecirc;ncia e da t&eacute;cnica, que come&ccedil;ou a se expandir rapidamente ap&oacute;s o final da Segunda Guerra Mundial, sendo a principal respons&aacute;vel pelo decl&iacute;nio do cinema e tamb&eacute;m pelo relativo ofuscamento do r&aacute;dio. Na verdade, se o cinema havia sido anteriormente o meio de comunica&ccedil;&atilde;o mais popular, com a expans&atilde;o da televis&atilde;o a ind&uacute;stria cinematogr&aacute;fica entrou definitivamente em definhamento. A televis&atilde;o &eacute; hoje organizada sob grandes monop&oacute;lios de comunica&ccedil;&atilde;o. Esse meio de comunica&ccedil;&atilde;o s&oacute; chegaria ao Brasil em 1950, sendo a TV Tupi de S&atilde;o Paulo, a primeira emissora de televis&atilde;o do Pa&iacute;s, a qual foi inaugurada naquele mesmo ano. N&atilde;o se pode negar que no come&ccedil;o da televis&atilde;o brasileira, no in&iacute;cio dos anos 50, o que se fazia, de fato, era assim mais ou menos um r&aacute;dio televisionado, pois a ent&atilde;o estreante TV ainda n&atilde;o havia conquistado de fato sua forma pr&oacute;pria, sua pr&oacute;pria linguagem, a linguagem da televis&atilde;o.</span></p> <p align="justify"><span>No decorrer dos anos 70, in&uacute;meros foram os aparelhos televisores adquiridos pelas pessoas de Picos, acostumando-se alguns &agrave;s novidades, ou seja, aos diversos g&ecirc;neros de TV, tais como os programas de humor, os programas de audit&oacute;rio, as telenovelas, os musicais, os telejornais, os desenhos animados e os programas esportivos, com destaque para o futebol, nosso esporte preferido. Ali&aacute;s, &eacute; indiscut&iacute;vel que nenhum outro esporte no Brasil tem tantos praticantes e torcedores como o futebol, o qual est&aacute; fortemente arraigado em nossa cultura. O futebol &eacute;, sem sombra de d&uacute;vida, o esporte das grandes multid&otilde;es no Brasil. &Eacute; impressionante a grandiosidade do p&uacute;blico durante as importantes partidas de futebol.</span></p> <p align="justify"><span>Cumpre lembrar que mesmo com a televis&atilde;o j&aacute; presente na maioria dos lares do nosso Bairro Ipueiras naqueles anos 70, t&iacute;nhamos, entretanto, o costume de assistir aos jogos da Sele&ccedil;&atilde;o Brasileira quase sempre na casa do senhor Joaquim Ant&ocirc;nio da Luz (Joaquim de Ant&ocirc;nio Jovino), primo do meu pai, especialmente na segunda metade daquela d&eacute;cada, mais precisamente entre os anos de 1976 e 1977. Na verdade, era comum se observar, em virtude da anima&ccedil;&atilde;o e do divertimento, os telespectadores e admiradores do futebol, reunindo-se e lotando o corredor e a sala daquela casa em dia de jogo da Sele&ccedil;&atilde;o. Aquela foi uma cena que se repetiu por muitas vezes durante aqueles anos. Lembro que a sala, em diversas ocasi&otilde;es, ficava cheia de gente, todos parentes e amigos, entre adultos, jovens e crian&ccedil;as, que ali compareciam com o objetivo de assistir pela televis&atilde;o com imagem ainda em preto e branco, aos espet&aacute;culos futebol&iacute;sticos. Claro que assist&iacute;amos tamb&eacute;m em nossa casa ou em outras casas, mas ali era realmente mais animado. Por isso, com saudade recordamos aquele tempo, &eacute;poca em que se destacava como titular absoluto da Sele&ccedil;&atilde;o Brasileira o grande goleiro Le&atilde;o, goleiro que marcou &eacute;poca (praticamente toda a d&eacute;cada de 70) jogando pela Sele&ccedil;&atilde;o, nas Copas, torneios e amistosos, e pelo Palmeiras, meu time desde crian&ccedil;a; o Verd&atilde;o de Parque Ant&aacute;rtica, conhecido ent&atilde;o tamb&eacute;m como a Academia, nos anos 60 e 70, o Campe&atilde;o do S&eacute;culo XX, e primeiro campe&atilde;o mundial de clubes, em 1951. Palmeiras, um clube de tantas gl&oacute;rias e tradi&ccedil;&atilde;o! Como bem atesta a sua invej&aacute;vel e admir&aacute;vel hist&oacute;ria. O Alviverde Imponente!</span></p> <p align="justify"><span>Lembro-me tamb&eacute;m que quando acontecia algum problema no sinal de transmiss&atilde;o, era executado-tocada, at&eacute; a volta do sinal, aquela m&uacute;sica meio instrumental/cantada e inconfund&iacute;vel, de nome Hyde Park, a qual hoje tamb&eacute;m faz parte como tema de abertura e encerramento do programa de esporte dominical da Rede Globo, denominado Esporte Espetacular; e no v&iacute;deo era apresentado na &eacute;poca um desenho est&aacute;tico de dois jogadores disputando uma jogada, um lance, enquanto tocava a m&uacute;sica. E hoje ao ouvir aquela m&uacute;sica, recordamos com saudade aquele tempo dos bons jogos da Sele&ccedil;&atilde;o Brasileira transmitidos ao vivo.&nbsp;</span></p> <p align="justify"><span>Em 1972, como a energia el&eacute;trica ainda n&atilde;o havia chegado ao bairro Ipueiras, n&oacute;s meninos costum&aacute;vamos, &agrave;s vezes, ir assistir l&aacute; no bairro Junco, na casa do senhor N&eacute; Tib&uacute;rcio, esposo da senhora Marieta, prima da minha m&atilde;e, &nbsp;apenas a alguns jogos da Sele&ccedil;&atilde;o, com imagem ainda em preto e branco, especialmente a Minicopa daquele ano. E o Brasil sagrou-se campe&atilde;o.&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;</span></p> <p align="justify"><span>As transmiss&otilde;es televisivas de jogos envolvendo clubes de futebol eram bem mais raras naquela &eacute;poca; transmitiam-se com muito mais freq&uuml;&ecirc;ncia as partidas entre sele&ccedil;&otilde;es; da&iacute; o processo assume vis&iacute;veis dimens&otilde;es nacionais e patri&oacute;ticas. </span></p> <p align="justify"><span>Naquela &eacute;poca, em praticamente todos os jogos da Sele&ccedil;&atilde;o Brasileira, oficiais ou n&atilde;o oficiais, era executado o Hino Nacional, antes do in&iacute;cio da partida. A partir da&iacute;, a emo&ccedil;&atilde;o em cada um se fazia ainda mais forte, acompanhada de um patriotismo extraordin&aacute;rio. </span></p> <p align="justify"><span>A Sele&ccedil;&atilde;o repleto-impregnada de craques geniais ostentava um futebol de primeira, com exibi&ccedil;&otilde;es excelentes, tendo quase sempre bel&iacute;ssimas e memor&aacute;veis apresenta&ccedil;&otilde;es, com apenas raras decep&ccedil;&otilde;es. A nossa Sele&ccedil;&atilde;o nos deixava realmente envaidecidos. E, por isso, h&aacute; muito tempo, o nosso pa&iacute;s &eacute; merecidamente chamado no meio futebol&iacute;stico, de &quot;P&aacute;tria de Chuteiras&quot;, express&atilde;o esta criada pelo dramaturgo, jornalista e escritor Nelson Rodrigues.</span></p> <p align="justify"><span>Em &uacute;ltima inst&acirc;ncia quero aqui ressaltar que este artigo/texto, por mim produzido em julho de 1997, &eacute; parte integrante do meu livro <em>Mem&oacute;rias do Tempo.</em> Direitos reservados.</span></p> <div align="justify">(*) Edimar Luz &eacute; escritor/cronista, poeta, professor e soci&oacute;logo formado em Recife-PE.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify"><span>&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Picos, julho de 1997.&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; </span></div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify"><span>&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; &nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;</span></div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify"><span><span>&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;</span></span></div>
Joaquim Evencio Neto
16/09/2012 -12:28:

Parabéns Edimar Luz, pelo excelente artigo. É realmente muito bom relembrar os nossos tempos de criança no bairro Ipueiros, bem como nossa ida ao Bairro Junco para assistir TV. Você realmente é um grandioso Escritor memorialista. Um verdadeiro historiador Parabéns Joaquim Evêncio Neto

Alfredo Duarte de Alencar
18/04/2012 -13:25:

Gostaria de saber onde comprar o livro Memórias do Tempo. Lendo o texto em que se refere aos primórdios da TV em Picos, percebe-se que o autor se propõe a reconstituir a vida de nossa querida cidade enfocando um período que figuras como Renato Duarte e Ozildo Albano não abordaram, aquele que tem início na década de sessenta do século vinte. Edimar Luz se insere no elenco de memorialistas na condição de continuador, ou o autor de novos capítulos de uma mesma História. (Comentário transcrito)

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