Os resultados obtidos na produção permitiram ao Piauí um lugar de destaque na industria do mel no País.
<div align="justify">A cidade de Picos, localizada ao sul do Estado do Piauí, a 306 quilômetros da capital Teresina, se caracterizava, nos anos de 1990, pela forte vocação para a apicultura. Nessa região, a atividade recebeu apoio de instituições governamentais e não governamentais em vários segmentos da cadeia produtiva do mel. Apesar das muitas ações de capacitação e melhoria no processo produtivo, dificuldades na venda dos produtos impediam a obtenção de melhores ganhos.</div>
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<p>No ano de 2005, diante dos problemas na comercialização, o que impossibilitava uma melhor inserção no mercado varejista, o senhor Antônio Leopoldino Dantas Filho, 47 anos, conhecido como Sitonho, presidente da Federação das Entidades Apícolas do Piauí, iniciou ações no sentido de arregimentar os produtores de mel de Picos. A idéia era superar as dificuldades de forma a alavancar a produção e reduzir/eliminar os intermediários entre produtores e consumidores.</p>
<p>A apicultura é uma das mais antigas e nobres atividades humanas. No antigo Egito, o mel era usado como alimento e medicamento. Essa atividade não apresenta barreiras de entradas; o investimento e a tecnologia aplicados na coleta e processamento do mel praticados até 2006 não requeriam muita sofisticação; além disso, o meio ambiente favorável permitia que qualquer empreendedor vislumbrasse desenvolver atividades nesse setor. Por conta disso, a apicultura passou a ser um setor de inclusão social, alternativa para que muitas pessoas sem emprego e renda melhorassem de vida com uma atividade agradável e de impacto ambiental positivo, haja vista as abelhas necessitarem da flora bem conservada.</p>
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<p>No Brasil a apicultura surgiu com a chegada das abelhas Apis mellifera no Estado do Rio de Janeiro, por volta de 1839, vindas de Porto – Portugal. Somente em 1956, com o aparecimento da abelha africana (Apis mellifera scutellata) é que a apicultura deu seus primeiros passos.Passados alguns anos, precisamente na década de 1970, a apicultura passou a crescer e se expandiu para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.</p>
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<p>Os principais setores que movimentavam a economia de Picos eram o comércio varejista, a indústria, a agricultura e a pecuária. Na agricultura, destacava-se a produção de mandioca, arroz, milho, feijão e castanha de caju. Na agropecuária, a criação de rebanhos de bovinos, suínos e caprinos, entre outras, representava uma importante fonte de economia no município. O mel de abelha, “ouro líquido” que mudou o padrão de vida de muitos produtores, também apresentou participação significativa na economia desse município. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2005, Picos possuía 71 mil habitantes, com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,703; uma cidade de clima tropical, agradável e de um povo receptivo.</p>
<p>O mel no Piauí chegou à cidade de Picos na década de 1980 com a vinda de apicultores de outros estados, principalmente do Sudeste, com a chegada das famílias Wenzel e Bende. Essas pessoas vieram por um simples motivo: o excelente ambiente silvestre. Além disso, outros fatores influenciaram o aparecimento de novos produtores: o incentivo e a atuação de órgãos públicos, além de iniciativas de organizações não governamentais.</p>
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<p>Com a chegada desses novos produtores e o apoio dessas instituições, a produção de mel passou de artesanal para profissional. O crescimento da atividade apícola resultou em trabalhos cooperativos e de associativismo.</p>
<p>Em 1985, nasceu a Cooperativa Apícola da Micro Região de Picos (Campil), a primeira cooperativa apícola do Nordeste; uma excelente iniciativa, mas que enfrentou graves problemas administrativos. Os cooperados encontraram dificuldades em escolher um líder e superar os problemas administrativos e de comercialização.</p>
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<p>Sitonho, conhecido empreendedor local que contava com experiência na produção de mel, tinha o respeito da comunidade e assumiu a gestão da Campil. Ele, com apoio dos demais cooperados, procurou solução para Campil e ainda dinamizou as ações e o relacionamento entre os apicultores da região. Há bastante tempo esse apicultor proativo vinha desenvolvendo trabalhos que beneficiavam sua cooperativa e outras da região, sempre com o intuito de melhorar as condições de trabalho e de vida dos produtores de mel. Suas ações tinham como referência as próprias abelhas que desenvolvem suas atividades unidas em prol de um objetivo comum: produzir mel.</p>
<p>O mel deu um salto exponencial na produção. Em 1950, o Brasil estava na 27ª posição do ranking mundial na produção de mel e cerca de 50 anos depois ocupava a 5ª posição. No intervalo de cinco décadas a produção passou de 4 mil toneladas/ano para 40 mil toneladas/ano; estima-se que o contingente de produtores de mel no Brasil alcançou, no final de 2005, a casa das 350 mil pessoas. Dentre os fatores que contribuíram para o aumento da produção do mel estava a excelente produtividade da abelha africanizada, o aumento da capacitação, a adoção de novas tecnologias e novos equipamentos. Essa produção chamou a atenção de países importadores que começaram a comprar o mel brasileiro, transformando a vida de inúmeros produtores. Nesse embalo, a região Nordeste contribuiu significativamente para a produção do mel. Em 2005, o Piauí exportou US$ 3 milhões. A evolução das exportações do mel sofreu variações, mas sempre representando boa margem na pauta de exportação brasileira e com potencial de crescimento.</p>
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<p>O principal importador em 2005 foi a União Européia, com 11,1 mil toneladas, sendo que a Alemanha (mercado altamente exigente) importou 6,2 mil toneladas.Apesar de o quadro acima apresentar bons resultados, os produtores nunca obtiveram o lucro desejado. O mel sempre foi vendido a granel, sem agregação de valor, o que dificultava melhores ganhos aos produtores.</p>
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<p>Em março de 2005, o Projeto Apicultura Integrada e Sustentável (APIS) ganhou visibilidade no Piauí. Esse projeto, desmembrado do Projeto APIS/Araripe, objetivava dar sustentabilidade a toda Cadeia Produtiva da Apicultura no Estado. O APIS iniciou suas ações de maneira regionalizada em 2001, transformando a realidade do semi-árido brasileiro com ações de sustentabilidade na Chapada do Araripe, com apoio para sete atividades locais e econômicas, dentre elas a apicultura.</p>
<p>Para estreitar laços e formar parcerias, o Sebrae/PI convidou todas as instituições envolvidas e produtores para uma reunião com o objetivo de conhecer melhor a situação da indústria do mel na região. Dessa reunião surgiram estratégias de atuação entre os parceiros que culminaram na criação do Fórum do Projeto. O fórum integrava o sistema de gestão que abrangia a implantação, monitoramento e avaliação do projeto; essa ação responsabilizou todos os envolvidos quanto aos resultados pretendidos.</p>
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<p>Os apicultores da região de Picos, incentivados pelo presidente da cooperativa, Sitonho, já tinham desenvolvido uma forte cultura de cooperação, observado nos trabalhos de articulação desenvolvidos por ele junto às cooperativas e empresários que buscaram desenvolver um ambiente favorável para o setor. Sitonho conseguiu, após muitas reuniões, aglutinar idéias e ações que favoreceram ainda mais a cooperação entre os produtores e enfatizou sempre o modo de trabalho das abelhas, de ajuda mútua e de cooperação para competir. Essa situação deu mais fortalecimento para a empreitada.</p>
<p>Os produtores foram o foco da atenção e as suas necessidades foram elencadas e detalhas em um plano de ação que ainda mereceu revisões. Na época estavam presentes na reunião representantes do Sebrae/PI, da Fundação Banco do Brasil, do ICCO/ Holanda, da Rede Unitrabalho5, do Unisol Brasil6, do governo do Estado, da Prefeitura de Picos, além de representantes de cooperativas do Piauí, Ceará e Pernambuco.</p>
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<p>O Fórum do Projeto é composto por empresas, parceiros e instituições envolvidas no projeto e analisa resultados, discute problemas e identifica soluções.Rede Unitrabalho – Fundação de direito privado e sem fins lucrativos que atua por meio da parceria em projetos de estudos, pesquisas e capacitação. A Unisol Brasil – União e Solidariedade das Cooperativas de Empreendimentos de Economia Social do Brasil. Campil, Cooapi, Coopix, Compai, Cooamep e Coomelva do Piauí; Casal de Pernambuco e Coopernéctar do Ceará.</p>
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<p>O primeiro encontro possibilitou a aproximação dos envolvidos e, após a terceira reunião, o projeto estava completo: havia recursos financeiros, pessoas interessadas, estratégias e táticas definidas. O objetivo do projeto foi estruturar, integrar, monitorar e apoiar a implantação de ações estratégicas que viabilizassem o negócio do mel na região de Picos.</p>
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<p>Dentre as ações elencadas destacaram-se algumas: criação de um sistema de informação e gestão; construção da home page do projeto; elaboração de cartilhas; formação de multiplicadores, os Agentes de Desenvolvimento Rural (ADR); realização de cursos e missões técnicas; recuperação e preservação das pastagens apícolas naturais; capacitação tecnológica dos produtores; implantação de boas práticas de fabricação; elaboração de plano de comercialização de mel e derivados; implantaçãodo selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF); apoio à exportação; estabelecimento de uma central de cooperativas de apicultores e de um entreposto (casa de mel).</p>
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<div align="justify">Enfim, ocorreu um complexo de ações que movimentaram muita gente, renderam muito suor e exigiram muita disciplina. A visão estratégica definida pelo grupo estava focada na melhoria da qualidade do mel, organização dos produtores e aumento da produção e da produtividade.</div>
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<p>Para atender às reivindicações dos produtores, foi concebido um projeto ousado, que aumentou as vendas fracionadas e a rentabilidade dos apicultores. Essa ação, dentro do projeto APIS, foi chamada de Casa APIS, empreendimento pioneiro na região, de alta tecnologia, que melhorou bastante o desempenho dos produtores. Sitonho ficou empolgado com os resultados alcançados e declarou: “Vamos nos preparar para exportar o mel fracionado, agregando valor aos produtos”.</p>
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<p>Selo de qualidade emitido pelo Ministério da Agricultura, usado para demonstrar que o produto está de acordo com as condições de higiene e sanitárias.</p>
<p>Essa estratégia de comercialização teve como objetivo melhorar a renda dos apicultores bem como o aumento da qualidade de vida. A idéia foi construir uma cooperativa, no entorno das cooperativas existentes, que passou a centralizar o recebimento do mel, o que resultou no aumento da qualidade e da produtividade.</p>
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<p>Inicialmente, foi necessária a realização de um mapeamento da indústria do mel, que resultou em um trabalho dividido em duas etapas. A primeira foi um diagnóstico que englobou os municípios de Picos, Itainópolis, Valença do Piauí, São Pedro do Piauí e Pio IX. Além disso, foram incluídos dois municípios, Horizonte (CE) e Trindade (PE). Durante o diagnóstico foram detectados inúmeros problemas, principalmente na extração do mel, pois os apicultores não tinham os equipamentos necessários. Nessa situação, o produto era extraído de forma artesanal, sem as ferramentas apropriadas e a céu aberto, atitude essa que causava a contaminação do mel. Quanto à comercialização, o diagnóstico constatou a falta de um canal de distribuição estruturado, gerenciado pelos próprios produtores, além do pouco conhecimento sobre as oportunidades, ameaças, forças e fraquezas dos mercados nacional e internacional.</p>
<p>A segunda etapa do trabalho foi concretizada com um plano de negócio da Casa APIS, que estabeleceu principalmente ações de marketing, tais como: análise do mercado (o setor, o tamanho do mercado, as oportunidade e ameaças, a clientela, a segmentação, a concorrência, os fornecedores, etc.). Após o conhecimento do mercado, foram estabelecidas as estratégias de marketing, a tecnologia, ciclo de vida do produto, vantagens competitivas, planos de pesquisa & desenvolvimento, preço, distribuição (praça), promoção e propaganda, serviços ao cliente (de venda e pós-venda), relacionamento com os clientes, etc.</p>
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<p>Durante as discussões sobre a Casa APIS foram abordados vários aspectos: marketing, produção, finanças, etc. No que diz respeito à questão de marketing, a estratégia de comercialização definiu que o foco seria o mercado interno, com o direcionamento de 70% do volume da produção, ficando os 30% restantes destinados ao mercado externo. Essa decisão foi tomada em virtude das oscilações da política cambial brasileira, além das barreiras técnicas impostas à importação do produto por outros países.</p>
<p>Em relação ao aspecto produção, ficaram definidas a metodologia de processo produtivo, a logística interna e a capacidade anual de produção, que foi estimada em 2 mil toneladas.</p>
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<div align="justify"><strong>OS IMPACTOS CAUSADOS</strong></div>
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<p>Os efeitos decorrentes da iniciativa do Projeto APIS permitiram a formação de uma cultura voltada para o conhecimento e cooperação que certamente contribuiu para a sustentabilidade do negócio. O impacto financeiro também foi visível, uma vez que, em 2005, enquanto as exportações brasileiras de mel (14,4 mil toneladas) caíram 31%, o Piauí foi o único Estado a registrar um aumento de 43% no volume exportado, ou seja, 2,5 mil toneladas. A região de Picos foi responsável por 60% da produção piauiense exportada naquele ano.</p>
<p>Outra resposta favorável foi o impacto ambiental. Muitos produtores passaram a cuidar mais da natureza, a preservar a fauna e a flora, pois sabiam da importância que a conservação das florestas traria para todos. Por isso, cuidar do meio ambiente na região de Picos passou a ser obrigação coletiva!</p>
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<div align="justify">A globalização da economia e o fortalecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC) diminuíram cada vez mais o espaço para a criação de barreiras tarifárias. Por outro lado, os países importadores criaram um outro tipo de dificuldade: as barreiras técnicas ou não-tarifárias, por meio das quais muitos desses países implementaram normas rígidas a serem cumpridas pelos exportadores. Essas medidas dificultaram a entrada de produtos brasileiros e os apicultores mostraram atitude proativa na busca de soluções estratégicas.</div>
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<p>Nesse sentido, as ações desenvolvidas com os produtores da região de Picos não ficaram limitadas apenas a treinamentos de sala de aula; as mudanças no processo produtivo também foram intensas.</p>
<p>A introdução das metodologias do Programa Alimento Seguro (PAS), Boas Práticas de Fabricação (BPF), Procedimentos Operacionais Padrão (POP) e as Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) movimentaram os apicultores.</p>
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<p>Como se não bastasse, cerca de 70 apicultores inseridos na Casa APIS fizeram um curso de certificação orgânica com foco no mercado internacional, precisamente os Estados Unidos e a União Européia. O curso durou um ano e permitiu aos produtores se tornarem mais competitivos. O treinamento foi realizado pela Skall Internacional do Brasil, uma empresa da Holanda. Essa ação foi de vanguarda, pois somente grandes empresas tiveram tal visão, haja vista ser um investimento caro e complexo.</p>
<p>Para a gerente do projeto APIS na região de Picos, Merces Dias, “a certificação orgânica para os pequenos apicultores no Nordeste é uma ação pioneira que agrega valor ao produto e que se deve às alianças estratégicas feitas entre as entidades atuantes no setor apícola e as cooperativas representantes do público-alvo”.</p>
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<p>Essas e outras ações contribuíram com a melhoria e o fortalecimento da apicultura do Piauí. Desde 2003 as exportações de mel do Estado vinham aumentando gradativamente. Em 2005 o Piauí figurou no ranking nacional dos exportadores de mel em terceiro lugar, com US$ 3 milhões. Deixou para trás tradicionais exportadores das regiões Sul e Sudeste como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais.</p>
<p>Os resultados obtidos na produção permitiram ao Piauí um lugar de destaque na industria do mel no País. Os Em fevereiro de 2006, Teresina, capital do Estado, sediou a primeira reunião do Programa de Avaliação de Conformidade do Mel9. Esse processo de avaliação prometia um desenvolvimento sólido por parte dos produtores e parceiros envolvidos.</p>
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<p>Conforme declarou o gerente de Carteira de Projeto da Apicultura do Sebrae/PI, Francisco Holanda: “Somos uma referência em todo o País e isso se deve a um esforço conjunto com as entidades apícolas”. Isso é um reflexo do trabalho em cooperação e com objetivo comum: o desenvolvimento e o crescimento do setor.</p>
<p>Foi Sitonho o grande articulador desse processo; quem botou o pé na estrada e fez a coisa acontecer. Conseguiu incentivar todos os apicultores e acreditou na melhoria da competitividade do mel do Piauí, defendendo a certificação orgânica como uma vantagem competitiva. Além disso, foi</p>
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<div align="justify">Sitonho quem buscou novas parcerias e resgatou outras, enfim, foi um líder que em nenhum momento olhou apenas para si mesmo.</div>
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<p>Os recursos destinados para o projeto da Casa APIS foram otimizados e renderam bons resultados. Além da construção e da aquisição de máquinas e equipamentos, foram, comprados um caminhão, dois carros e duas motos. Com a articulação da rede de relacionamentos de Sitonho, foi possível obter descontos nas compras e fazer o seguro do caminhão. Em paralelo à construção da Casa APIS, outras construções foram implementadas, como as casas de mel, ambiente adequado para receber as caixas de mel vindas dos apiários. O projeto previa a construção de 20 casas de mel. Entretanto, com o poder de barganha que a Casa APIS ganhou e com a capacidade de articulação de Sitonho, os recursos foram otimizados e o resultado final foi a construção de 24 casas de mel. Isto não comprometeu a qualidade das edificações, gerando uma rentabilidade de 20%, um lucro concreto.</p>
<p>Enfim, o objetivo da Central de Cooperativas, ou Casa APIS, foi unir forças e esse objetivo foi conquistado. O grau de parceria e cooperação foi tamanho que por vezes se confundiu com o de uma grande família, unida em todos os aspectos.</p>
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<p>Em 2006, a apicultura destacava-se como uma atividade econômica em expansão no Brasil e no mundo. China e Índia se apresentavam como os países de melhor produtividade.</p>
<p>Entretanto, o Brasil melhorou a qualidade do produto, possibilitando a entrada em mercados mais exigentes.</p>
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<p>No Piauí a apicultura integrada e sustentável passou a proporcionar oportunidades de empreender a todos os que desejassem participar desse mercado. As ações desenvolvidas pelos produtores e parceiros permitiram a construção de conhecimentos que foram transmitidos a todos os envolvidos com a produção do mel, fortalecendo o setor e a construção de uma cultura para cooperação.</p>
<p>Os desafios futuros sinalizavam que ainda restava muito a fazer. Os produtores que participavam da Casa APIS tinham plena convicção do que os aguardava, pois se tratava de um mercado mutante e exigente.</p>
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<p>Os trabalhos desenvolvidos na região de Picos demonstraram a viabilidade e sustentabilidade do negócio do mel, que saiu de uma situação crítica e insustentável.</p>
<p>O consultor do Projeto APIS do Sebrae no Piauí, Laurielson Chaves, relatou: “O que nós tínhamos era uma apicultura predatória, em que o apicultor se deslocava até um enxame que estava em uma árvore e ele retirava esse enxame e dava prejuízo ao meio ambiente, pois o apicultor queimava o enxame e destruía-o e não era um mel que tinha qualidade”.</p>
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<p>A conscientização dos produtores de mel e o grau de desenvolvimento, fruto das articulações entre os parceiros, fomentou a cultura da cooperação, característica marcante para o desenvolvimento de um ambiente favorável ao empreendedorismo, além da inserção de novos conhecimentos, tais como alimentação de abelhas, criação de rainhas, manejo de colméias, implantação de novas tecnologias como as boas práticas de fabricação, construção das 24 casas de mel e início do processo de obtenção da certificação orgânica.</p>
<p>Entretanto, ainda havia muito a se fazer, muitos desafios a enfrentar: manter o nível de cooperação entre os parceiros e produtores; estimular o consumo do mel pelos consumidores internos; desenvolver estratégias para acessar novos mercados; preservar a fauna e a flora, permitindo a permanência das abelhas na região, proporcionando aos atuais produtores e às gerações vindouras emprego, renda e um meio ambiente favorável, possibilitando a qualidade do mel e o crescimento sustentável dessa cadeia produtiva na região de Picos.</p>
<div><strong>AGRADECIMENTOS</strong></div>
<div>Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PI: José Elias Tajra Filho e conselheiros.</div>
<div>Diretoria Executiva do Sebrae/PI: Delano Rodrigues, Evandro Cosme Soares de</div>
<div>Oliveira Rocha e José Jesus Trabulo de Sousa Júnior.</div>
<div>Ao senhor Francisco Holanda, ao consultor Laurielson Chaves Alencar, pelas informações</div>
<div>prestadas, e ao professor Samuel Costa Filho, pela orientação na descrição deste caso.</div>
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