Esporte
MENINAS DA SEP
Futebol é assunto de mulher em Picos
Mas um gosto em comum faz delas mulheres iguais: elas amam futebol.
Lana Krisna - 29/11/2013

No horário comercial elas são atendentes em bares e restaurantes, copeiras, professoras, trabalham em serigrafias, são donas de casa e as mais jovens estudantes. Mas um gosto em comum faz delas mulheres iguais: elas amam futebol.

Amam tanto que passaram por cima do preconceito e das dificuldades financeiras para conseguir algo inédito, o título de campeãs da Copa Piauiense de Futebol Feminino. Esta breve história está longe de descrever a jornada das “Meninas da SEP”, que agora vivem a expectativa para a Copa do Brasil de Futebol Feminino, mas recorda alguns dos principais desafios.

“Jogar futebol numa cidade pequena não é fácil, principalmente se você for mulher” afirma Elaine Ferreira, que é professora no Programa Mais Educação e volante na Sociedade Esportiva de Picos.

Não é fácil para atleta e muito menos para a família. “É sofredor ter uma filha jogadora, porque elas não têm apoio e batalham muito para poder jogar, elas fazem rifas, bingos, muitas trabalham à noite e às vezes não têm nem condição de descansar antes de viajar para um jogo”, acrescenta Maria das Graças, mãe de Elaine.

Outra demonstração de empenho e força de vontade foi a do técnico José Batista de Sousa, que ao longo de toda preparação treinou as jogadoras sem receber nenhum recurso financeiro.

“É difícil trabalhar com futebol feminino em Picos por não existir uma tradição e as ajudas também são poucas. Como nós tínhamos esse objetivo fomos atrás de patrocínio e toda condição que nos foi dada já foi suficiente para chegar ao título, agora as portas já estão se abrindo depois que fomos campeões” afirma o técnico.

José Batista acrescenta que existem muitos talentos ainda por serem revelados na cidade, mas o fato de não existir um trabalho de base atrapalha essa descoberta, assim, fez-se necessário trazer algumas atletas da microrregião de Picos e do estado do Ceará para compor a seleção.

“Tudo aconteceu na base da boa vontade”, lembra a capitã do time Quitéria Aves. As atletas de fora, por exemplo, ficaram hospedadas na casa de uma senhora do Morro da AABB que deixou de se mudar para sua nova residência para hospedar as jogadoras que não tinham local para ficar em Picos durante os jogos do campeonato.

Depois de mostrar que são capazes e que futebol também é assunto de mulher, as atletas Sociedade Esportiva de Picos de Futebol Feminino esperam que a história seja diferente, mas com o mesmo final feliz, só que com melhores condições, maior apoio do poder público e da iniciativa privada, para que possam levar esse sonho adiante.

 

 

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