Saúde
ENTREVISTA
Você sabia que existem dependências químicas e não químicas?
Fernanda Luma, Assistente Social e idealizadora do projeto, aponta dados alarmantes sobre o uso de drogas no Brasil e fala sobre a importância do evento.
Lana Krisna - 22/02/2014

A Universidade Federal do Piauí, campus de Picos, sedia nos dias 26 e 27 de fevereiro o I Simpósio sobre Dependências Químicas e Não Químicas do Piauí. Fernanda Luma, Assistente Social e idealizadora do projeto, aponta dados alarmantes sobre o uso de drogas no Brasil e fala sobre a importância do evento.
 
Quais são essas dependências?
Dependência Química, segundo definição da OMS, é o estado caracterizado pelo uso descontrolado de uma ou mais substâncias químicas psicoativas com repercussões negativas em uma ou mais áreas da vida do indivíduo. Destarte é importante aqui esclarecer que há uma tendência entre os profissionais e a sociedade de confundir conceitualmente o uso, abuso e dependência química. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 10% da população dos grandes centros urbanos apresentam consumo abusivo tanto de substâncias lícitas quanto ilícitas e não necessariamente todas essas pessoas terão problemas graves com este uso. A Dependência Não Química (ou comportamental) também tem relação com o fenômeno do prazer, com excessiva procura pela repetição da experiência. Entre as principais dependências não químicas destacam-se: dependência de sexo, jogo patológico, dependência de internet, amor patológico, comer compulsivamente e comprar compulsivamente. 
 
Quais prejuízos essas dependências causam à sociedade?
As consequências da dependência (química ou não) variam muito, de droga para droga, ou de compulsão para compulsão. Varia da forma de uso, da quantidade, etc. Falando da droga que está mais em foco na mídia hoje em dia, o crack, algumas das principais consequências deste uso são doenças pulmonares, doenças psiquiátricas (como psicose e paranoia) e doenças cardíacas, sendo a mais notória, a agressão ao sistema neurológico, provocando oscilação de humor e problemas cognitivos, interferindo na maneira como o cérebro percebe, apreende, pensa e recorda informações. Isso leva o usuário a apresentar dificuldade de raciocínio, memorização e concentração.
 
Qual o cenário brasileiro e local sobre as dependências químicas e não químicas?
Estimativas de 2009, indicaram que globalmente havia entre 18 e 38 milhões de usuários problemáticos de drogas, de idade entre 15 e 64 anos (UNODC, 2009). A cocaína e o crack, por exemplo, são consumidos por 0,3% da população mundial. A maior parte dos usuários concentra-se nas Américas (70%) e, na última década, o número vem aumentando. O Brasil é o maior mercado na América do Sul, com mais de 900.000 usuários. Esse aumento tem preocupado, principalmente quando se avalia que apenas um terço (1/3) dos usuários consegue seguir com o tratamento após internação, outro terço mantém o uso e outro terço morre, sendo que na maior parte dos casos, relacionados às causas externas, como violência e causas naturais, como a AIDS.
 
De que forma este simpósio será importante para a cidade?
O Simpósio visa capacitar discentes e profissionais e proporcionar espaço de discussão a respeito da dependência química e multiplicar informação sobre as dependências, que são mais desconhecidas da sociedade em geral. Tentaremos expor o assunto numa perspectiva de redução de danos, não de redução da droga, visto que em alguns países não consumir drogas não é tão simples, pois esta se encontra radicada na cultura das sociedades, prova disto é o catálogo cultural que o Brasil dispõe incluindo como parte da sociabilidade das comemorações: o vinho na Semana Santa, a cerveja no carnaval e o champanhe no réveillon. 
 
Quais temas serão abordados?
Tentamos condensar discussões contemporâneas e polêmicas, por serem mobilizadoras de opiniões diversas, como: Criminalização e Legalização da Maconha, Atualidades em Dependências Químicas e Não Químicas, Uso de Drogas por Idosos, Drogas nas Escolas, Internação Voluntária X Internação Compulsória de Usuários de Drogas, Gênero, Sexualidade e Uso de Drogas.
 
O evento também tem um objetivo filantrópico, qual é?
Sim. O evento ainda terá como finalidade o levantamento de recursos para um projeto social, o PAI (Projeto de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente), que desenvolve ações com a infância carente do Morro da AABB (bairro em situação de vulnerabilidade social da cidade de Picos, no Piauí). O referido projeto visa a construção de uma creche no bairro citado, visto que o mesmo ainda não possui. Ressalto que o dinheiro levantado no Simpósio será doado ao PAI, para a construção da creche.
 
Qual o Público alvos e período de inscrição?
O público alvo são profissionais e estudantes dos cursos de Serviço Social, Direito, Pedagogia, Fisioterapia, Psicologia, Enfermagem, Medicina, História, Nutrição, Ciências Sociais e Jornalismo. Fora que os temas transversais irão contemplar as áreas de Políticas Públicas de Atenção ao Uso de Drogas, Gerontologia, Educação, Sexualidade e Gênero.
As inscrições iniciaram na segunda semana de Fevereiro e vão até o dia do evento, de acordo com a disponibilidade de vagas no auditório.
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