A mulher ainda sofre na sociedade. Sofre por ter que permanecer calada em determinadas ocasiões pra manter-se viva espiritualmente ou, apenas, fisicamente. Não sou adepta do feminismo como uma corrente hermética e que define tudo no meio social, mas reconheço que graças às lutas das mulheres o respeito vem sendo conquistado pela imposição destas. 

Muitos dizem: "se são violentadas é porque procuram". Como procuram? Nos próprios erros? Graças aos erros ou acertos de uma mulher é que será definido o que um homem ou grupo de homens devem fazer com ela? A verborragia de alguém por sobre o sexo feminino é necessária para sanar ou aliviar tensões másculas? Quais são os parâmetros para uma "merecida" surra? 

Quanto mais olho pra o mundo e suas justificações absurdas, mais fico apática ante ele. Passou do momento de revolta, tristeza ou depressão. Apatia é quando olhamos e não vemos, ou decidimos não ver mais (grande erro, o meu). 

No meio de tantos "ou isso ou aquilo"... Me perdi nas justificativas de que uma mulher merece a morte ou o inferno pelo simples fator: ser mulher. 

Qual a diferença entre o peso do desvio de um homem e o de uma mulher? Seus papéis na sociedade são diferentes, óbvio, mas quando foi que a lógica platônica, a aristotélica ou a moral cristã disse (disseram) que ao definir o padrão de ética (certo ou errado) isso se enquadraria não do homem universal, mas apenas num dos sexos? 

Eu me pergunto todos os dias o porquê da nordestina sofrer compassadamente com a ponta da peixeira brilhando rente na sua pupila dilatada e sofrida. O porquê da brasileira, latino-americana, libanesa, palestina, judia, africana sofrerem tanto. 

Sofrer, porque nasceu pra ficar calada acreditando que não pode ser amada. Sofrer, porque a submissão é desenhada por maridos ignorantes que não conhecem o significado usual do termo. Sofrer, porque se ela errar estará passível a castigo maior do que o do homem. 

Sou declarada cristã e o único homem (de verdade) em pleno exercício de sua existência foi Cristo. Ele olhou para a adultera e declarou que nenhuma pedra suja de pecados (imundos) dos outros limparia a sociedade pelo erro de uma mulher. Ele valorizou a mãe que teve e não definiu o sexo mais errado, se feminino ou masculino. Nem foi conivente com desvios. Mas, tratou cada indivíduo como único e como igual, apesar de reconhecer o papel da mãe, do pai, marido, esposa, filho, filha, na sociedade.

Não sou sexista, mas avalio que o indivíduo tem que arcar com suas responsabilidades. 

Por isso, eu digo: estupre uma mulher e melhore um pouco mais o mundo. Estupre fisicamente e verbalmente. Teremos um belo senso de justiça no século XXI, XXII, XXIII...

(Palavras minhas, logo, defesas minhas)