Geral
PESQUISA
87% da comunidade escolar têm preconceito contra homossexuais
O dado faz parte de pesquisa divulgada recentemente pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP
Amanda Cieglinski - 24/07/2009

<div align="justify">Nas escolas p&uacute;blicas brasileiras, 87% da comunidade &ndash; sejam alunos, pais, professores ou servidores &ndash; t&ecirc;m algum grau de preconceito contra homossexuais. O dado faz parte de pesquisa divulgada recentemente pela Faculdade de Economia, Administra&ccedil;&atilde;o e Contabilidade da Universidade de S&atilde;o Paulo (FEA-USP) e revela um problema que estudantes e educadores homossexuais, bissexuais e travestis enfrentam diariamente nas escolas: a homofobia.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">O levantamento foi realizado com base em entrevistas feitas com 18,5 mil alunos, pais, professores, diretores e funcion&aacute;rios, de 501 unidades de ensino de todo o pa&iacute;s.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">&ldquo;A viol&ecirc;ncia dura, relacionada a armas, gangues e brigas, &eacute; vis&iacute;vel. J&aacute; o preconceito a escola tem muita dificuldade de perceber porque n&atilde;o existe di&aacute;logo. Isso &eacute; empurrado para debaixo do tapete, o que impera &eacute; a lei &eacute; a do sil&ecirc;ncio&rdquo;, destaca a soci&oacute;loga e especialista em educa&ccedil;&atilde;o e viol&ecirc;ncia, Miriam Abromovay.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">Um estudo coordenado por ela e divulgado este ano indica que nas escolas p&uacute;blicas do Distrito Federal 44% dos estudantes do sexo masculino afirmaram n&atilde;o gostariam de estudar com homossexuais. Entre as meninas, o &iacute;ndice &eacute; de 14%. A soci&oacute;loga acredita que o problema n&atilde;o ocorre apenas no DF, mas se repete em todo o pa&iacute;s.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">&ldquo;Isso significa que existe uma forma &uacute;nica de se enxergar a sexualidade e ela &eacute; heterossexual. Um outro tipo de comportamento n&atilde;o &eacute; admitido na sociedade e consequentemente n&atilde;o &eacute; aceito no ambiente escolar. Mas a escola deveria ser um lugar de diversidade, ela teria que combater em vez de aceitar e reproduzir&rdquo;, defende.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">A coordenadora-geral de Direitos Humanos do Minist&eacute;rio da Educa&ccedil;&atilde;o (MEC), Rosil&eacute;a Wille, tamb&eacute;m avalia que a escola n&atilde;o sabe lidar com as diferen&ccedil;as. &ldquo;Voc&ecirc; tem que estar dentro de um padr&atilde;o de normalidade e, quando o aluno foge disso, n&atilde;o &eacute; bem-compreendido naquele espa&ccedil;o.&rdquo;</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">Desde 2005 o MEC vem implementando v&aacute;rias a&ccedil;&otilde;es contra esse tipo de preconceito, dentro do programa Brasil sem Homofobia. As principais estrat&eacute;gias s&atilde;o produzir material did&aacute;tico espec&iacute;fico e formar professores para trabalhar com a tem&aacute;tica.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">&ldquo;Muitos profissionais de educa&ccedil;&atilde;o ainda acham que a homossexualidade &eacute; uma doen&ccedil;a que precisa ser tratada e encaminham o aluno para um psic&oacute;logo. Por isso n&oacute;s temos pressionado os governos nas esferas federal, estadual e municipal para que criem a&ccedil;&otilde;es de combate ao preconceito&rdquo;, explica o presidente da Associa&ccedil;&atilde;o Brasileira de Gays, L&eacute;sbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">As piadas preconceituosas, os cochichos nos corredores, as exclus&otilde;es em atividades escolares e at&eacute; mesmo as agress&otilde;es f&iacute;sicas contra alunos homossexuais t&ecirc;m impacto direto na autoestima e no rendimento escolar desses jovens. Em casos extremos, os estudantes preferem interromper os estudos.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">&ldquo;Esse aluno desenvolve um &oacute;dio pela escola. Para quem sofre viol&ecirc;ncia, independentemente do tipo, aquele espa&ccedil;o vira um inferno. Imagina ir todo dia a um lugar onde voc&ecirc; vai ser violentado, xingado. Quem &eacute; violentado n&atilde;o aprende&rdquo;, alerta o educador Beto de Jesus, representante na Am&eacute;rica Latina da Associa&ccedil;&atilde;o Internacional de L&eacute;sbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo (ILGA).</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">Especialistas ouvidos pela Ag&ecirc;ncia Brasil acreditam que, para combater a homofobia, a escola precisa encarar o desafio em parceria com o Poder P&uacute;blico. &ldquo;A escola precisa sair da lei do sil&ecirc;ncio. Todos os munic&iacute;pios e estados precisam destampar a panela de press&atilde;o, fazer um diagn&oacute;stico para poder elaborar suas pol&iacute;ticas p&uacute;blicas&rdquo;, recomenda Miriam Abromovay.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">Para Rosil&eacute;a Wille, o enfrentamento do preconceito n&atilde;o depende apenas da escola, mas deve ser um esfor&ccedil;o de toda a sociedade. &ldquo;A gente est&aacute; tendo a coragem de se olhar e ver onde est&atilde;o as nossas fragilidades, perceber que a forma como se tem agido na escola refor&ccedil;a a rejei&ccedil;&atilde;o ao outro. Temos uma responsabilidade e um compromisso porque estamos formando nossas crian&ccedil;as e adolescentes. Mas o Legislativo, o Judici&aacute;rio, a m&iacute;dia, todas as inst&acirc;ncias da sociedade deveriam se olhar tamb&eacute;m.&rdquo;</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">Edi&ccedil;&atilde;o: Juliana Andrade e L&iacute;lian Beraldo&nbsp;Ag&ecirc;ncia Brasil</div>
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