O militante fala sobre a luta em manter vivo um projeto social sem recursos financeiros em Picos e a gratificação na colheita de bons frutos com o Grupo Cultural Adimó (GCA).
<div align="justify"><strong>Portal O Povo: Como você se sente em ver a consolidação do Grupo Cultural Adimó, atualmente com quatro anos de contribuição social em Picos?</strong></div>
<div align="justify">
<p><strong>Mano Chagas</strong>: Isso é fruto de um trabalho de persistência ao longo desses quatro anos. Um fator que vale lembrar é que se o grupo hoje conseguiu alçar um pequeno vôo, é graças à contribuição que a gente tem dado e, ao mesmo tempo a aceitação da própria sociedade picoense, apesar de que ainda estamos engatinhando para alcançar o maior objetivo do grupo.</p>
</div>
<div align="justify"><strong>Portal O Povo</strong>: <strong>Qual é esse objetivo principal?</strong></div>
<div align="justify">
<p><strong>Mano Chagas</strong>: A princípio é combater mesmo o racismo, esse é o norte das ações do Grupo Cultural Adimó e, num segundo plano a construção de um espaço social, com sua sede, para que possa de fato estar funcionando as suas oficinas, as reuniões ordinárias, oferecendo um espaço de entretenimento, lazer e fomento a cultura em Picos.</p>
</div>
<div align="justify"><strong>Portal O Povo</strong>: <strong>Para atingir esses objetivos, o que o Grupo Cultural Adimó tem feito?</strong></div>
<div align="justify">
<p><strong>Mano Chagas</strong>: A gente está fazendo uma campanha <em>Eco Ação, </em>em parceria com o Instituto Monsenhor Hipólito para ajudar a construir uma grande quadra no prédio dos Vicentinos, no antigo projeto “São João Batista”, onde fizemos um comodato de 5 anos e já estamos ocupando algumas salas. Para isso estamos pedindo aos voluntários que queiram doar materiais de construção, que entre em contato conosco, na nossa sede atual. Para combater o racismo, o grupo na sua luta tem utilizado como uma de suas metodologias fortes, divulgar a cultura, pois na nossa concepção a população brasileira ela discrimina muito aquilo que não conhece e, uma de nossas ações é estar levando a cultura negra, as danças, as manifestações culturais e esportivas. A partir desse princípio, as pessoas podem ter uma posição a respeito da cultura negra. Relembrando que há quatro anos a gente falava de dança afro, o pessoal tinha pavor, hoje a sociedade já percebe que dança afro não é uma coisa feia, eles percebem que os orixás são divindades dentro da cultura religiosa.</p>
</div>
<div align="justify"><strong>Portal O Povo: O GCA trabalha com crianças e adolescentes na promoção da igualdade racial, valores de cidadania, além de oficinas. O grupo tem recebido algum tipo apoio financeiro para custear as despesas?</strong></div>
<div align="justify">
<p><strong>Mano Chagas</strong>: Nós nunca tivemos apoio financeiro, o que o grupo tem é apoio em ações esporádicas, quando uma loja resolve fazer uma colaboração e doar uma caixa de som, um figurino, algumas parcerias com os grupos organizados, com a igreja, mas nada fixo, onde a gente leva as propostas e eles acabam ajudando. Por exemplo, estamos fazendo uma campanha paralela que a construção de nossa biblioteca, onde estamos recebendo livros de quem quiser estar doando.</p>
</div>
<div align="justify"><strong>Portal O Povo</strong>: <strong>A falta de um convênio atualmente é uma das dificuldades que o grupo tem?</strong></div>
<div align="justify">
<p><strong>Mano Chagas</strong>: Quando traçamos políticas públicas a princípio, seria beneficiar por meio de ações esse público. As ações que beneficiam as crianças, por exemplo, hoje em Picos, são poucas. O grupo consegue promover além dessas ações, a automestima, quem pratica as oficinas do GCA faz por que se sente bem em fazer. E todas as oficinas que fazemos resgatam a autoestima, além de combater a ociosidade. Se tivéssemos um convênio, muitos dos problemas que a gente tem seriam solucionados e esse resultado positivo seria percebido ainda mais.</p>
<p><strong>Portal O Povo: Como você vê a atitude de autoridades em não promover políticas públicas em Picos?</strong></p>
</div>
<div align="justify"><strong>Mano Chagas</strong>: Não tem pessoas adequadas nos devidos lugares para trabalhar políticas públicas em Picos, seja na educação, saúde, lazer. Quando se fala de políticas de entretenimento se limita a políticas européias e não nacional. Precisa de uma política continuada, um recurso financeiro para esse destino e boa vontade dos gestores.</div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"> </div>
<div align="justify"> </div>