Geral
SOCIAL
Mulheres ainda são raridade no alto escalão de bancos
Nos três maiores bancos brasileiros só há quatro mulheres em cargos de diretoria e no conselho de administração, contra 140 homens
Ultimosegundo - 12/03/2012

<div align="justify"> <p>As mulheres est&atilde;o conquistando cada vez mais seu espa&ccedil;o no outrora clube fechado de homens chamado mercado financeiro. Por&eacute;m, pelo menos no que diz respeito aos tr&ecirc;s maiores bancos brasileiros, elas continuam longe do centro de tomada de decis&atilde;o. Ao todo, Ita&uacute; Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil t&ecirc;m quatro mulheres no primeiro escal&atilde;o, contra 140 homens &ndash; considerando os cargos de presid&ecirc;ncia, vice-presid&ecirc;ncia, diretoria e conselho de administra&ccedil;&atilde;o. Ou seja, uma mulher para cada 35 homens.</p> <p>Essa &eacute; uma realidade que Maria Izabel Gribel de Castro, gerente executiva da diretoria de cart&otilde;es do BB, conhece muito bem. &ldquo;Quando virei executiva, participei de um processo de sele&ccedil;&atilde;o realizado por uma universidade. Foram aprovados 62 homens e eu, porque os pr&eacute;-requisitos exigiam experi&ecirc;ncia em ger&ecirc;ncia, o que restringia a participa&ccedil;&atilde;o feminina&rdquo;, conta a mineira, de 45 anos e h&aacute; 26 na institui&ccedil;&atilde;o financeira.</p> </div> <div align="justify">J&aacute; no processo seguinte, as condi&ccedil;&otilde;es foram ajustadas para ampliar a participa&ccedil;&atilde;o feminina. &ldquo;Com isso, a aprova&ccedil;&atilde;o foi quase meio a meio&rdquo;, afirmou Maria Izabel, que j&aacute; passou pelas &aacute;reas de internacional e de investimento em varejo antes de entrar para a diretoria de cart&otilde;es. Mesmo reconhecendo essa evolu&ccedil;&atilde;o, a executiva admite que, nas posi&ccedil;&otilde;es de tomada de decis&atilde;o, a participa&ccedil;&atilde;o feminina continua sendo t&iacute;mida.</div> <div align="justify"> <p>&ldquo;Ainda tem um espa&ccedil;o grande para as mulheres exercerem essas fun&ccedil;&otilde;es. O suporte para que elas cheguem a essa condi&ccedil;&atilde;o tem crescido num passado muito recente&rdquo;, diz. Segundo Maria Izabel, o pa&iacute;s n&atilde;o est&aacute; 100% preparado para assumir uma divis&atilde;o de tarefa que viabilize o crescimento profissional mais forte da mulher. &ldquo;A gente ainda encontra uma dificuldade muito grande em conciliar a vida profissional e pessoal&rdquo;, ressalta Maria Izabel.</p> <p>Mas isso vem mudando. Desde 2008 o Banco do Brasil investe em programas corporativos de g&ecirc;nero. Segundo o BB, desde que as iniciativas foram implementadas houve um aumento de 42,4% no n&uacute;mero de mulheres aprovadas e qualificadas para ocuparem as fun&ccedil;&otilde;es gerenciais nas ag&ecirc;ncias do banco. Al&eacute;m disso, dos 118 mil funcion&aacute;rios do banco, 48 mil s&atilde;o mulheres. Dessas, 12 mil desempenham fun&ccedil;&otilde;es gerenciais, o que representa 35% do total de cargos do tipo dentro da institui&ccedil;&atilde;o.</p> </div> <div align="justify"><strong>Ascens&atilde;o</strong></div> <div align="justify"> <p>Aos 34 anos, Luciana Nicola, superintendente de rela&ccedil;&otilde;es governamentais e institui&ccedil;&otilde;es do Ita&uacute; Unibanco, diz que muitos colegas se surpreendem quando ela se apresenta em reuni&otilde;es com outros gestores. &ldquo;Eles acham que sou muito nova&rdquo;, brinca a paulistana, que tinha 19 anos quando foi aprovada no programa de trainee do banco. Para ela, a possibilidade de investir em sua forma&ccedil;&atilde;o tem ajudado as mulheres a crescer nos cargos estrat&eacute;gicos em bancos.</p> <p>&ldquo;Antes, era privil&eacute;gio dos homens terem p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o, MBA ou estudar fora. Hoje, a mulher conseguiu correr atr&aacute;s de ter forma&ccedil;&atilde;o melhor&rdquo;, afirma. &ldquo;N&atilde;o &eacute; mais um clube de homens, hoje trabalho com v&aacute;rias mulheres aqui. Dirijo uma equipe de 14 pessoas, das quais s&oacute; quatro s&atilde;o homens&rdquo;, conta Luciana. Para ela, o que ainda atrapalha &eacute; a cobran&ccedil;a maior que a mulher tem sobre seu desempenho. &ldquo;Mas o que vale no mercado &eacute; o quanto voc&ecirc; entrega, &eacute; competente e cresce pelos pr&oacute;prios m&eacute;ritos&rdquo;, afirma.</p> </div> <div align="justify">Para a professora doutora F&aacute;tima Motta, do N&uacute;cleo de Estudos e Neg&oacute;cios em Desenvolvimento de Pessoas da ESPM, a tend&ecirc;ncia &eacute; a participa&ccedil;&atilde;o da mulher continuar crescendo nos cargos de segundo escal&atilde;o e, aos poucos, ir migrando para os do primeiro. &ldquo;&Eacute; um processo demorado, porque durante anos a mulher teve que ser dona de casa, m&atilde;e, e deixava a lideran&ccedil;a formal para o homem&rdquo;, afirma a s&oacute;cia-diretora da FM Consultores.</div> <div align="justify"> <p>Os n&uacute;meros atestam esse aumento. Marcelo Arone, presidente da empresa de recrutamento Michael Page, afirma que em dois anos houve uma grande evolu&ccedil;&atilde;o na contrata&ccedil;&atilde;o delas para cargos de gest&atilde;o intermediados pela companhia. Enquanto em 2010 elas ocuparam 20% dos postos, no ano passado o percentual subiu para 35%. &ldquo;Muitos bancos passaram a oferecer benef&iacute;cios para as mulheres, como aux&iacute;lio-creche, ent&atilde;o elas n&atilde;o precisam mais optar em um momento de sua carreira entre a vida profissional ou pessoal&rdquo;, diz.</p> <p>Em institui&ccedil;&otilde;es financeiras menores, encontrar mulheres no primeiro escal&atilde;o n&atilde;o &eacute; t&atilde;o raro, segundo Arone. &ldquo;E mesmo nos maiores a propor&ccedil;&atilde;o deve aumentar nos pr&oacute;ximos dez anos. Se hoje s&atilde;o tr&ecirc;s, esse n&uacute;mero deve subir para dez na pr&oacute;xima d&eacute;cada&rdquo;, afirma Arone.</p> </div>
Facebook
Publicidade