Grávida de sete meses e duas semanas, a mulher morreu atropelada por um ônibus na noite de segunda-feira
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<p>Do latim, Natal quer dizer nascimento. O significado da palavra estará marcado para sempre na vida do filho da empregada doméstica Marlene Martins Oliveira, 34 anos.</p>
<p>Grávida de sete meses e duas semanas, a mulher morreu atropelada por um ônibus na noite de segunda-feira, em Lagoa Santa, na Grande Belo Horizonte, mas o instinto materno parece que a fez proteger a criança.</p>
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<p>Como um milagre, de se acreditar apenas às vésperas da data religiosa, o bebê foi expelido do corpo da mãe e sobreviveu ao violento impacto da batida. Enquanto voltava do trabalho, Marlene tropeçou em uma pedra, a menos de dois quarteirões de casa, escorregou e foi parar embaixo das rodas do veículo. Com o impacto, o recém-nascido foi lançado por mais de dois metros e, debaixo de chuva, teve de esperar cinco minutos até a chegada da equipe de salvamento do Corpo de Bombeiros.</p>
<p>A mulher já estava sem vida, mas, o bebê, medindo pouco mais que um palmo e pesando 1,7 kg, tentava aflito buscar um pouco mais de oxigênio. "Graças a um suspiro, pudemos identificar vida. Ele mantinha apenas duas respirações por minuto.</p>
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<p>É puro milagre e, pela gravidade do acidente, só pode estar associado ao Natal", disse o cabo Paulo Mimório, da guarnição de resgate do batalhão de Vespasiano, pai de uma criança de 2 anos. Descobrir a sobrevida do menino trouxe emoção aos militares, mas era preciso mantê-la. Primeiro, fizeram a desobstrução das vias aéreas, o aquecimento com um cobertor e, em seguida, entubaram-no para facilitar a respiração.</p>
<p>Tudo a caminho do hospital. Em apenas 15 minutos, sob forte chuva, o sobrevivente foi transportado do Bairro Aeronautas, em Lagoa Santa, para o Hospital Municipal Odilon Behrens (HOB), no Bairro São Francisco, em Belo Horizonte.</p>
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<p><strong>Reza</strong></p>
<p>Prestados os primeiros-socorros, restava apenas uma coisa a fazer: rezar. E foi isso que fizeram parentes, amigos e também os bombeiros. "Eu peço a Deus pelo futuro deles.Com certeza, desamparados eles não vão ficar", afirma a cozinheira Maria Rosa Oliveira, irmã da vítima, se referindo ao recém-nascido e aos três irmãos, de 2, 5 e 9 anos, que devem morar com o pai a partir de agora.</p>
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<p>Ao saber da tragédia familiar, ela viajou mais de 355 km, de Alvorada de Minas, na Região Central, até Lagoa Santa, para saber notícias do estado de saúde do sobrinho e fazer o reconhecimento de Marlene no Instituto Médico Legal - o corpo foi transferido ontem para a cidade-natal da família, onde moram outros seis irmãos da empregada doméstica e deve ser realizado o enterro.</p>
<p>O quadro clínico do bebê é grave. Ele segue internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do HOB. De acordo com um boletim médico da pediatra e neonatologista Flávia Cardoso, o nascimento prematuro traz complicações para os primeiros meses de vida. Para evitá-las, a respiração é feita com ajuda de aparelhos e medicamentos ajudam a manter a pressão arterial adequada.</p>
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<p>Nos próximos dias, a criança deve passar por exame de ultra-som para saber se ficaram seqüelas, mas, antes, precisa apresentar melhoras. Além disso, outros exames devem ser feitos para saber a evolução clínica. "A forma como o bebê nasceu é traumática. Sempre é preciso atenção com prematuros", afirma a médica.</p>
<p>Estadodeminas</p>
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