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Passagem de Comando acontecerá na próxima sexta-feira (10), a partir das 09h00min

O Tenente-coronel, Edwaldo Viana, não é mais o Comandante do 4º BPM (Batalhão da Polícia Militar), de Picos. Ele foi exonerado do cargo na manhã desta terça-feira (07). Em um áudio compartilhado nas redes sociais o próprio Viana anuncia a exoneração.

“Foi uma surpresa para mim porque eu não gostaria que tivesse acontecido isso, exonerado da função. Eu fui exonerado da função não por querer do Comandante Geral [Coronel Lindomar Castilho], mas por forças políticas. Forças políticas, covardia, sabe? Foram até o Governador [Wellington Dias (PT)] fazer a minha cabeça porque eu me manifestei, fiz um manifesto [dizendo] que eu admirava muito que as minhas palavras, que bandido em confronto tinha que descer as cordas, causaram tanta polêmica e eu disse nas minhas palavras que não sabia o porquê de quando morre as pessoas em hospitais, em fila de espera, as pessoas não criavam tantas polêmicas, não causava polêmica na mídia. Eu disse que tava estarrecido com isso e essas minhas palavras foram levadas até o Governador. Com certeza o Governador não tinha essa intenção, mas ele foi induzido por pessoas políticas que quiseram minha cabeça”, desabafou.

Edwaldo Viana continuou o desabafo dizendo que pede diariamente sabedoria a Deus, pois tem uma vida maravilhosa. O Tenente-coronel frisou que deixa o cargo de cabeça erguida, pois na avaliação dele embora não esteja deixando Picos como gostaria, deixa o município segundo ele com baixos índices de criminalidade. Ele lembrou que uma prova disso é o fato do 4º BPM ter sido escolhido por dois anos consecutivos o melhor Batalhão da PM do Piauí.

“O que mais apreendeu arma, o que mais apreendeu drogas. Nós estamos deixando uma cidade em que passou dois anos sem morrer um cidadão. O restante que morria, não morria, descia as cordas. Por que bandido que vive afugentando os familiares, o cidadão, eles têm que ser mesmo afugentados por que o cidadão pede socorro”, completou.

O ex-comandante salientou que está bastante chateado com a sua exoneração do Comando do 4º BPM. Para ele, ao invés de haver uma soma de forças, como acontece entre a PM, a Polícia Civil, o Ministério Público e o Poder Judiciário, em Picos fizeram foi separar as forças. Na avaliação de Edwaldo Viana, ele foi punido por falar a verdade.

“Mas é bíblico: ‘A verdade liberta’. Eu sei que o Comandante Geral está me tirando com o coração ferido porque ele sabe do nosso trabalho em Picos. Ele sabe da tradição que é Picos. Ele sabe que em Picos se for um Comandante frouxo a bandidagem passa por cima e toma de conta. A situação geográfica de Picos deixa ela totalmente aberta para a bandidagem é por isso que eu nunca me curvei para a bandidagem e nunca vou me curvar. Eu prefiro a morte a me curvar para a bandidagem”, colocou.

Viana também ressaltou que foi oferecido para ele um grande Comando em Teresina, no entanto, o mesmo disse que não aceitou. Na análise dele, isso seria uma forma de silencia-lo.

“O tiro saiu pela culatra. Agora é que eu vou falar. Estou livre para falar. Vou tirar minha licença especial, vou tirar minhas férias e não vou aqui denegrir a imagem de ninguém, como eu nunca denegri. Nunca ataquei ninguém. Eu só disse que a culpa é nossa. Eu nunca apontei defeito para ninguém. Eu sempre disse que nós somos os culpados e agora eu vou mostrar a realidade”, anotou.

“Eu estou sendo tirado de Picos porque eu fui falar que no hospital as pessoas estão morrendo nos corredores. Aí eu pergunto para a população. Eu menti? Então eu saio de cabeça erguida. Eu saí porque falei a verdade e vou falar mais ainda agora”, continuou.

Edwaldo Viana informou que deixará o cargo na próxima sexta-feira (10). A solenidade de passagem de Comando acontecerá a partir das 09h00min na sede do 4º Batalhão da Polícia Militar, no bairro Pantanal. Viana preferiu não informar o nome do seu substituto.

“Eu não vou anunciar o Comandante que irá assumir porque isso aí é o Comandante que se encarrega em dizer. Mas eu tenho certeza que ele escolherá um Comandante a altura do Coronel Prado, a altura dos Comandantes que já comandaram Picos com valentia. Porque Picos como eu falei, Picos é uma região se nós não falarmos forte com a bandidagem, se nós não se impormos na Lei [os bandidos tomam conta]. Quando eu falo que bandido tem de descer nas cordas eu não estou fazendo apologia ao crime eu tô falando de uma realidade e quem está na batalha é para morrer ou matar”, explicou.

O ex-comandante do 4º BPM finalizou dizendo que não esperava a exoneração, mas que tinha consciências que suas palavras estavam “ofendendo a muita gente que quer ver o povo calado”.

“Eu entrego de cabeça erguida. Coração ferido, mas de cabeça erguida e mais a certeza que eu fiz o possível. Não fiz o ideal, mas fiz o possível”, encerrou.