Geral
ESTUDO
Ciência estuda caju no combate ao câncer
Pesquisa feita na UnB revela propriedades terapêuticas de óleo da castanha contra a doença
Fabiana Vasconcelos - 13/01/2009

<div align="justify">A descoberta de medicamentos mais eficientes e baratos para tratamento do c&acirc;ncer pode vir de uma fruta t&iacute;pica da regi&atilde;o Nordeste, o caju. Foi o que demonstrou a disserta&ccedil;&atilde;o de mestrado do qu&iacute;mico Wellington Alves Gonzaga, defendida na Faculdade de Ci&ecirc;ncias da Sa&uacute;de (FS) da Universidade de Bras&iacute;lia (UnB), sob orienta&ccedil;&atilde;o da professora Maria Lucilia dos Santos.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">Gonzaga sintetizou mol&eacute;culas a partir do &oacute;leo encontrado na castanha, que geralmente &eacute; descartado pelas ind&uacute;strias ap&oacute;s a torrefa&ccedil;&atilde;o ou vendido para empresas no exterior a pre&ccedil;os irris&oacute;rios. Das quatro subst&acirc;ncias que comp&otilde;em o l&iacute;quido, ele se deteve em duas, o &aacute;cido anac&aacute;rdico e o cardanol.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">Esses componentes e seus derivados foram avaliados quanto ao potencial de a&ccedil;&atilde;o na morte de linhagens de c&eacute;lulas tumorais. Cinco subst&acirc;ncias se mostraram mais efetivas em rela&ccedil;&atilde;o ao c&acirc;ncer de boca e, outras cinco, quanto ao c&acirc;ncer de mama. Desses dez compostos, sete apresentaram atividade em 24 horas e, as demais, em 48 horas.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">&ldquo;O espectro de f&aacute;rmacos que podem ser feitos &eacute; muito grande. Como o caju &eacute; abundante e barato, os pre&ccedil;os poderiam ser mais acess&iacute;veis&rdquo;, afirma o pesquisador, que desenvolveu parte das pesquisas no Instituto de Qu&iacute;mica e parte no Laborat&oacute;rio de Farmacologia Molecular, da Faculdade de Ci&ecirc;ncias da Sa&uacute;de.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">Essa redu&ccedil;&atilde;o de valor, ainda sem condi&ccedil;&otilde;es de ser dimensionada, beneficiaria principalmente a popula&ccedil;&atilde;o de baixa renda, que depende da rede p&uacute;blica de sa&uacute;de para adquirir rem&eacute;dios de alto custo. Um medicamento contra tumor de mama aprovado recentemente para comercializa&ccedil;&atilde;o no Brasil, por exemplo, custa cerca de R$ 4.500, valor correspondente a um caixa para 14 dias de tratamento.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify"><strong>REA&Ccedil;&Otilde;ES -</strong> A id&eacute;ia de chegar a um produto final a partir do caju precisa percorrer um longo trajeto e depende de novas pesquisas em torno dos dados j&aacute; alcan&ccedil;ados. Mesmo assim, o caminho j&aacute; foi aberto e deve prosseguir. &ldquo;Vamos repetir os testes devido &agrave; relev&acirc;ncia das informa&ccedil;&otilde;es&rdquo;, afirma o qu&iacute;mico. Essa etapa deve ter o apoio da professora Andr&eacute;a Barretto Motoyama, do Curso de Ci&ecirc;ncias Farmac&ecirc;uticas, que participou dessa fase do estudo.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">Vencida essa fase, haver&aacute; an&aacute;lises de toxidade e da a&ccedil;&atilde;o em rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s c&eacute;lulas sadias do corpo. Quanto menor a interfer&ecirc;ncia nelas, menores as chances de que um poss&iacute;vel medicamento cause rea&ccedil;&otilde;es adversas. &ldquo;Precisamos de mais estudos para conhecer o mecanismo de a&ccedil;&atilde;o das mol&eacute;culas&rdquo;, diz.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">Gonzaga defende a eleva&ccedil;&atilde;o de investimentos no setor para que as universidades possam cumprir com mais propriedade seu papel de levar benef&iacute;cios para a sociedade. &ldquo;Se o Brasil incentivasse mais a pesquisa, ter&iacute;amos muita produ&ccedil;&atilde;o de ponta&rdquo;, afirma. O qu&iacute;mico pretende, agora, continuar os estudos no doutorado com a an&aacute;lise do &oacute;leo da castanha do caju para a produ&ccedil;&atilde;o de protetores solares.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">O caju, al&eacute;m de ser fonte de vitamina C na alimenta&ccedil;&atilde;o, tem se mostrado uma excelente fonte de pesquisa para a &aacute;rea farmac&ecirc;utica. A literatura registra a&ccedil;&atilde;o antiinflamat&oacute;ria, antioxidante, aplica&ccedil;&otilde;es em terapias contra excesso de peso, &uacute;lcera e at&eacute; impot&ecirc;ncia sexual a partir de mol&eacute;culas naturais ou sint&eacute;ticas. Um outro estudo do grupo feito na UnB tamb&eacute;m demonstrou propriedades fotoprotetoras, o que levou &agrave; solicita&ccedil;&atilde;o de patente em conjunto com os parceiros do estudo, a Universidade Cat&oacute;lica de Bras&iacute;lia (UCB) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A pesquisa recebeu, em 2004, o pr&ecirc;mio especial do Congresso Brasileiro de Cosmetologia.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">Embora os cajueiros sejam uma constante na paisagem cearense, o maior produtor de castanha de caju &eacute; a &Iacute;ndia. A &aacute;rvore &eacute; encontrada, ainda, em pa&iacute;ses de clima tropical, como Mo&ccedil;ambique, Qu&ecirc;nia, Vietn&atilde;, Guin&eacute; e Tanz&acirc;nia.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify"><strong>CURIOSIDADE</strong></div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">As subst&acirc;ncias bioativas derivadas do &oacute;leo da casca da castanha do caju s&atilde;o, em geral, produzidas por meio de processos envolvendo modifica&ccedil;&atilde;o qu&iacute;mica dos seus componentes naturais.</div> <div align="justify">&nbsp;</div>
Facebook
Publicidade