O professor universitário e pesquisador na área de Serviço Social falou sobre os trabalhos desenvolvidos sobre etnia cigana.
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<p><strong> </strong><strong>Paulo Mafra</strong><span> é professor universitário e pesquisador na área de Serviço Social e antropologia. Formado em história, especialista em história das artes e religiões e em história do Brasil com ênfase em história do Piauí; mestrando em Serviço Social na UFPE. <br />
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<p align="justify"><strong><span>Portal O Povo: O Prefeito Gil Paraibano instituiu o dia municipal do cigano. O que isso significa, no âmbito social para essa comunidade?</span></strong></p>
<p align="justify"><strong>Paulo Mafra</strong><span> – isso significa um grande avanço para a comunidade cigana no que se trata do seu reconhecimento perante os outros munícipes. Porque o preconceito existe, é fato. Porém, não existia nada que comprovasse, que tivesse valor oficial de que os ciganos existem como qualquer outro munícipe e que tem direitos civis e sociais. É um reconhecimento da prefeitura dizendo que os ciganos existem e tem um dia garantido por lei. Nesse dia eles vão comemorar e mostrar sua cultura, porque eles têm uma cultura assim como o índio, o negro e outras etnias.</span></p>
<p align="justify"><strong><span>Portal O Povo: Qual é o maior problema enfrentado pelos ciganos que moram e pelos que chegam pra morar em Picos?</span></strong></p>
<p align="justify"><strong>Paulo Mafra</strong><span> – a própria noção de nomadismo que os ciganos possuem é algo que modificou na história, na década de 70 e 80 os ciganos circulavam pelas cidades do Brasil, mas isso tem mudado; os ciganos não tem mais isso de ficar andando e morando em tendas como eles moravam antigamente porque existe assalto e roubo ai eles já procuram morar em casas. Só que a própria questão do nomadismo mudou – eles não andam mais o Brasil inteiro, o nomadismo acontece na mesma cidade, mudando apenas de rua devido à cultura do cigano de não ser apegado as suas referências locais nem a bens materiais. Então isso faz com que eles tenham essa mobilidade, porque eles não estão presos a valores, tudo é resolvido em comunidade, então como é tudo feito em comunidade isso dá uma mobilidade pra eles mudarem quando quiserem.</span></p>
<p><strong>Portal O Povo: Esse nomadismo gera desconfiança?</strong></p>
<p align="justify"><strong>Paulo Mafra</strong><span> – Eles recebem nomes de pessoas que não são descentes porque circulam. É o preconceito das pessoas sedentárias que não entendem os nômades. O sedentário é sedentário por uma questão cultural. O nômade é nômade por uma questão cultural.</span></p>
<p align="justify"><strong><span>Portal O Povo: Os ciganos estão conscientes dos seus direitos?</span></strong></p>
<p align="justify"><strong>Paulo Mafra</strong><span> – É algo que eu tenho encontrado dificuldade. Primeiro porque o preconceito que eles vêm sofrendo com o tempo, que colocaram na cabeça deles; excluíram eles de uma forma que por mais que eles vejam que tem direito, eles não se sentem no direito. Agora é momento de resgatar, conscientizar. O direito não foi perdido, o direito sempre existiu só que agora eles precisam tomar consciência do que eles perderam nesse tempo. Então, a minha comunicação com eles a cada dia se amplia mais. Eu estou tentando mostrar pra eles que o direito deles existe e eles precisam estar articulados pra ter acesso a esse direito. É um trabalho lento porque a própria informação sobre esses direitos eles estão começando a procurar agora, a mentalidade vai sendo alterada a partir do momento que eles tomam consciência dos direitos e param de se colocar como pessoas que tão ali pedindo, como se fossem inferiores.</span></p>
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