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Domésticas são mais de 7 milhões no país e ainda buscam ampliar garantias trabalhistas
O documento, que precisa agora ser ratificado pelos países-membros, prevê a aprovação de leis que garantam mais direitos à categoria. Até o momento, apenas o Parlamento do Uruguai confirmou a adesão.
Agência Brasil - 27/04/2012

<div align="justify">Uma em cada cinco brasileiras (19,7%) que fazem parte do popula&ccedil;&atilde;o economicamente ativa &eacute; trabalhadora dom&eacute;stica. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat&iacute;stica (IBGE), de 2009, mostram o peso da categoria, que soma 7,2 milh&otilde;es de trabalhadores, mas segue marginalizada e sem a garantia de alguns direitos trabalhistas.</div> <div align="justify"> <p>&ldquo;No mundo todo, s&atilde;o 53 milh&otilde;es de trabalhadores dom&eacute;sticos. Mas&nbsp;esse n&uacute;mero &eacute; subestimado porque, na maioria dos casos, &eacute; um trabalho que se exerce de maneira invis&iacute;vel, informal e fora das garantias da legisla&ccedil;&atilde;o trabalhista&rdquo;, aponta La&iacute;s Abramo, diretora da Organiza&ccedil;&atilde;o Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil.</p> </div> <div align="justify"> <p>Integrantes de entidades que representam essas profissionais se reuniram em Bras&iacute;lia para analisar a situa&ccedil;&atilde;o da categoria, em comemora&ccedil;&atilde;o ao Dia Nacional da Trabalhadora Dom&eacute;stica, celebrado hoje (27). Um dos temas discutidos foi a Conven&ccedil;&atilde;o Internacional sobre o Trabalho Decente para Trabalhadores Dom&eacute;sticos, aprovado em junho de 2011 pela OIT. O documento, que precisa agora ser ratificado pelos pa&iacute;ses-membros, prev&ecirc; a aprova&ccedil;&atilde;o de leis que garantam mais direitos &agrave; categoria. At&eacute; o momento, apenas o Parlamento do Uruguai confirmou a ades&atilde;o.</p> <p>&ldquo;O Brasil j&aacute; tem uma legisla&ccedil;&atilde;o relativamente avan&ccedil;ada em compara&ccedil;&atilde;o a outros pa&iacute;ses. Mas existem direitos que os outros trabalhadores t&ecirc;m que as dom&eacute;sticas n&atilde;o t&ecirc;m, entre eles uma jornada claramente delimitada. A conven&ccedil;&atilde;o refor&ccedil;a a quest&atilde;o da valoriza&ccedil;&atilde;o do trabalho dom&eacute;stico e de que elas s&atilde;o membros da classe trabalhadora como qualquer outro&rdquo;, explica La&iacute;s.</p> </div> <div align="justify"> <p>A ministra Eleonora Menicucci, chefe da Secretaria de Pol&iacute;ticas para as Mulheres, disse que &eacute; um compromisso da presidenta Dilma Rousseff ratificar a conven&ccedil;&atilde;o, mas antes &eacute; preciso aprovar leis que ampliem alguns direitos da categoria. &ldquo;Eu n&atilde;o trabalho com a possibilidade de o Brasil n&atilde;o assinar a conven&ccedil;&atilde;o&rdquo;, disse. O governo federal criou um comit&ecirc; para discutir as estrat&eacute;gias para enviar e aprovar o acordo no Congresso Nacional.</p> <p>Um dos principais problemas que os trabalhadores dom&eacute;sticos enfrentam no pa&iacute;s &eacute; a informalidade. Dados apresentados pela OIT indicam que menos de 30% das dom&eacute;sticas t&ecirc;m carteira assinada e, segundo La&iacute;s, boa parte ainda recebe menos do que o sal&aacute;rio m&iacute;nimo.</p> </div> <div align="justify"> <p>Aureana Damascena, de 33 anos, faz parte do sindicato da categoria no Piau&iacute; e conta que &eacute; muito comum atender a profissionais que ganham R$ 300 por m&ecirc;s &ndash; menos da metade do m&iacute;nimo atual. Ela acredita que as trabalhadoras aceitam a baixa remunera&ccedil;&atilde;o porque desconhecem seus direitos e t&ecirc;m vergonha da profiss&atilde;o.</p> <p>&ldquo;Acho que a discrimina&ccedil;&atilde;o ocorre entre as pr&oacute;prias dom&eacute;sticas, muitas t&ecirc;m vergonha de dizer que s&atilde;o. Eu nunca tive esse problema porque &eacute; uma profiss&atilde;o igual a outra&rdquo;, opinou. Como muitas profissionais, Aureana saiu ainda crian&ccedil;a da casa dos pais para morar com parentes para estudar, mas acabou assumindo as tarefas dom&eacute;stica do novo lar em troca de comida e moradia.</p> </div> <div align="justify"> <p>&ldquo;Fiquei na casa de uma tia at&eacute; os 12 anos, depois sa&iacute; para cuidar de crian&ccedil;a e tamb&eacute;m n&atilde;o ganhava nada, era s&oacute; em troca de roupas e estudo. S&oacute; com 16 anos &eacute; que comecei a trabalhar de verdade. Hoje sou dom&eacute;stica profissional, com carteira assinada&rdquo;, diz.</p> <p>A presidenta da Federa&ccedil;&atilde;o Nacional das Trabalhadoras Dom&eacute;sticas (Fenatrad), Creuza Oliveira, avalia que o fato de haver sindicatos da categoria em todo o pa&iacute;s j&aacute; mostra avan&ccedil;os importantes conquistados.</p> </div> <div align="justify">&ldquo;Temos motivo para comemorar, mas precisamos continuar lutando. A mensagem que eu deixo para cada trabalhadora &eacute; que a gente n&atilde;o pode desistir jamais dos nossos sonhos. As trabalhadores dom&eacute;sticas s&atilde;o mulheres, s&atilde;o cidad&atilde;s e precisam buscar a cada dia o direito de se empoderar ainda mais&rdquo;, defende.</div>
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