Enquanto a Polícia deveria está investigando crimes, realizando procedimentos policiais está custodiando e sendo babá de presos.
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<p>De acordo com o delegado regional de Picos, Everton Férrer, a Central de Flagrantes de Picos, assim como a maioria das delegacias do estado, vive em situação de abandono. Segundo ele, o prédio apresenta condições precárias e a parte de custódia de presos feita por policiais civis é um completo absurdo, pois na Constituição Federal isso não é função de policial.</p>
<p>“Enquanto a Polícia deveria está investigando crimes, realizando procedimentos policiais está custodiando e sendo babá de presos. Os policiais são responsáveis por levar e trazer os detentos para o hospital e entregar as quentinhas que as famílias deixam na Central para os encarcerados. Além disso, o local que deveria comportar no máximo 10 presos, às vezes, têm 30”, disse o delegado.</p>
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<p>Everton Férrer ressaltou que o prédio da Central tem apenas um ano e meio de uso, mas já está totalmente deteriorado. “Na Central de Flagrantes o preso não tem o que fazer, não existe programa de ressocialização, então ele fica o tempo inteiro planejando como fugir, que grade serrar, onde cavar um buraco e qual crime cometer quando sair de lá. Na verdade, a situação carcerária está entregue às baratas e ninguém toma nenhuma providência”.</p>
<p>Outro grave problema apontado pelo delegado é o não fornecimento de alimentação para os presos por parte do estado. Segundo ele, quando a família vive em Picos leva a “quentinha” para o detento, mas quando o preso é da região e a família não tem como vir diariamente a Picos ele se alimenta através de favores, da boa vontade dos colegas de cela.</p>
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<p>Para o delegado, a vida dos policiais está em risco. “Deveríamos manter o preso por até 48 horas e, em seguida, ser recambiado para a penitenciária e não permanecer até três meses. A qualquer momento eles podem tentar fugir e enfrentar os próprios policiais”.</p>
<p>O delegado regional defende que a solução para o problema de superlotação da Central de Flagrantes é a construção de uma Casa de Custódia, onde o recambiamento esvaziaria a Central e, consequentemente, facilitaria o trabalho da Polícia Civil. “O problema está aos olhos de todos, mas eu não posso resolver. As autoridades que podem solucionar devem fazer isso com urgência. O Sindicato dos Policiais Civis do Piauí está se movimentando para acabar com a custódia de presos em delegacias, por questão de humanidade do preso e do não treinamento do policial civil para essa função”.</p>
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<div align="justify">Everton Férrer destaca que é muito fácil culpar o policial que está na Central de Flagrantes, dizer que ele é negligente. Porém, esse policial não é preparado para cuidar de preso, ele fez concurso foi para investigar e prender criminosos.</div>
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<p>No período de um mês aconteceram duas fugas de presos da Central de Flagrantes e no último domingo (26), durante uma vistoria, os policiais abortaram mais uma tentativa de fuga.</p>
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